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Francisco Beltrão
sexta-feira, 20 de junho de 2025

Edição 8.229

20/06/2025

Hoje, Engenheiros do Hawaii se apresentam na Estrutura da HAO

Hoje, Engenheiros do Hawaii se apresentam na Estrutura da HAO

A história dos Engenheiros do Hawaii, que na verdade eram estudantes de arquitetura, começou em Porto Alegre, em 1984, exatamente na época em que a capital do Rio Grande do Sul e o Brasil presenciavam a explosão de bandas punk como Legião Urbana, Titãs, Replicantes, Garotos de Rua, entre outras.
Como o próprio Humberto Gessinger, o nome Engenheiros do Hawaii chama atenção: ?Sempre me assustou essa coisa heróica da música pop, porque te leva a ser meio semideus. Engenheiros do Hawaii era um nome desmistificador, ninguém nos levaria muito a sério. É um nome que até hoje nos protege de nos encararem como sacerdotes?, diz no seu site oficial
Em 1985, a banda abriu o Rock in Rio. Depois, os Engenheiros tocaram em festas de medicina, ?onde receberam as primeiras vaias?. A partir daí, o grupo tocou em bares do Estado inteiro, tentando abrir o leque das oportunidades pelo interior do Rio Grande. Justo naquela época, a BMG lançou o CD ?Rock Grande do Sul?, somente com bandas vindas dos pampas. A seleção aconteceu no Gigantinho, e os Engenheiros passaram por pouco.

Discos
A partir daí, em meio a grandes desafios, os Engenheiros do Hawaii despontaram no cenário musical, e conquistaram uma legião de fãs. Em 1986, ?Longe Demais das Capitais?; em 1987, ?A Revolta dos Dândis?; 1988, ?Ouça o que eu digo: Não ouça ninguém?; 1989, ?Alívio Imediato?; 1990, ?O Papa é Pop?; 1991, ?Várias Variáveis?; 1992, ?Gessinger, Licks & Maltz; 1993, ?Filmes de Guerra, Canções de Amor?; 1995, ?Simples de Coração?; 1996, ?Humberto Gessinger e Trio?; 1997, ?Minuano?; 1999, ?Tchau Radar?; 2000, ?10.000 Destinos?; 2001, ?10.001 Destinos?; 2002, ?Surfando Karmas & DNA?; 2003, ?Dançando no Campo Minado?; 2004, ?Acústico MTV?. Isso fora as coletâneas, participações especiais e o lançamento da Lata Infinita Highway em 1999, com dez discos dos Engenheiros.

Acústico MTV
Hoje, os Engenheiros do Hawaii sobem ao palco da Estrutura Hao, com o show da Tour Acústico MTV. O projeto já está há quase dois anos na estrada, e o show que os beltronenses e sudoestinos irão conferir de perto já esteve no Teatro Guaira, em Curitiba; Teatro do Sesi, em Porto Alegre; Palácio das Artes, em Belo Horizonte; Concha Acústica, em Salvador; todos com lotações absolutamente esgotadas e com direito a sessão extra.
Quem conhece todos os sucessos da banda, e já escutou o Acústico MTV, sabe que a combinação é perfeita, digna de um bom chimarrão, com características bem gauchescas. Tudo indica que o show que se verá amanhã é impecável, sendo eleito como o melhor show do cenário jovem atual. No palco, além dos músicos, o cenário é impactante, com direito a palco giratório dentro do palco principal e dezenas de lanternas que se sucedem nas mais variadas cores. Humberto Gessinger, letrista, cantor e líder da banda divide o espetáculo com Fernando Aranha (violões), Glaucio Ayala (bateria), Bernardo Fonseca (baixo) e Pedro Augusto (teclados). Vale a pena conferir as canções novas e grandes sucessos fazem do show uma verdadeira celebração.

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Confira a seguir entrevista exclusiva do Jornal de Beltrão com Humberto Gessinger, que estava em sua casa em Porto Alegre, ontem às 14 horas. Ele respondeu a Adolfo Pegoraro e Cristiane Sabadin.

JdeB – Humberto, como um bom gremista, e acima de tudo gaúcho, você vai torcer para o Inter na final de domingo?
Humb
erto- Tu sabes que não tem nenhum gaúcho no time do Inter, e no time do Barcelona tem um gaúcho, o Ronaldinho Gaúcho, e pelo gauchismo vou ter que torcer pelo Barcelona, se ele vencer amanhã (hoje). É o único gaúcho que vai estar no jogo, caso o Barcelona vença. Também ouvi o pessoal falando sobre o jogador Alexandre Pato, o pato-branquense que joga no Internacional, é engraçado não ter nenhum gaúcho jogando no time do Inter. Com isso, nós gremistas podemos usar essa desculpa, para não disser que não estamos torcendo pelo Rio Grande. Na verdade, é difícil, e eu gostaria que o Grêmio continuasse sendo o único time gaúcho a ser campeão do mundo. Eu quero que continue assim.
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JdeB – Como você vê a atual cena do rock nacional? E do rock gaúcho? Quais as bandas que você destaca?
Humberto
– Aqui tem uma cena muito legal. Eu tenho mais contato com o pessoal do Cidadão Quem, participei do mais recente disco deles, e agora também gravei uma demo no estúdio do Duca. A cena é bem forte aqui. E no meu caso pessoal, em mais de 20 anos de banda, o Acústico foi o melhor show que já coloquei na estrada, estamos há dois anos com ele. Já estamos preparando o disco novo, que será gravado em março de 2007, vamos gravar ao vivo. Estou num momento muito feliz, nestes 20 anos de carreira.
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JdeB – Quais os principais letristas do Brasil na sua opinião?
Humberto
– Eu sou muito influenciado pelo que ouvi quando estava começando a me formar, então considero o Chico Buarque um grande letrista, assim como o Raul Seixas. Tem uma pessoa que ninguém cita como letrista, mas que eu acho que escreve muito bem, a Rita Lee. Ninguém a enquadra como letrista, mas pra rock ela tem a medida certa. Não é nem muito sofisticada, nem muito pobre. Gosto muito da maneira que ela escreve. Mas o Chico está no topo da minha lista.
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JdeB – Certa vez você citou a frase: ?No mundo de hoje não tem diferença entre Albert Camus e Mike Tyson. São dois produtos de consumo?. Até que ponto pode-se considerar que a música não é um produto de consumo?
Humberto
– Acredito que a música é sim um produto de consumo, mas está nas mãos do consumidor deixar ela cada vez melhor. Eu acho que não se pode, hoje em dia, ser um consumidor passivo, que simplesmente aceita as coisas que são mostradas. Citei a frase nesse sentido, que cabe a nós, que estamos do outro lado da linha, que somos os receptores da mensagem cultural, fazer a seleção. Acho que no mundo digital isso é muito mais importante, pois a internet aceita qualquer coisa. Eu tenho muito orgulho do tipo de público que os Engenheiros têm desde o início, pois é um pessoal muito ligado nas coisas que a banda faz, e isso é uma obrigação de todo mundo: ficar de olhos abertos para saber diferenciar o Mike Tyson do Albert Camus.
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JdeB – Nos anos 80 a crítica pegava pesado com os Engenheiros do Hawaii. Isso chegou a te desmotivar?
Humberto
– O ideal sempre é que todo mundo goste de ti, mas isso nem Jesus Cristo conseguiu (risos). Eu não trocaria nada, se tivesse que fazer tudo de novo na minha carreira, inclusive os erros que cometi, eu cometeria de novo. Tudo faz parte. Também não trocaria a minha história com a de ninguém. Não reclamo de nada, nem de ninguém. Meu trabalho tem um lance um pouco provocativo, e acho bem normal que suscite essa reação na imprensa. Acho tudo muito normal e não chega a afetar a maneira com que eu escrevo. Só aparentemente o músico e o crítico são a mesma coisa, na verdade são tão diferentes. Eu estou dentro do processo de criação, já o crítico, fica de fora. Não fico chateado com o que dizem, mas também não me sinto na obrigação de responder o que pedem. Minha hora de falar é na hora de escrever a música. Depois, os que as pessoas quiserem falar sobre ela, pra mim não faz muito diferença.
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JdeB – Como músico, você recebe muitas letras e composições de quem está começando na carreira artística? O que você diz?
Humberto
– Recebo muito material, e sou um péssimo crítico, como já te falei. Na verdade sou um artista, e não tenho o dom da crítica racional, não sei me relacionar racionalmente com obras de arte. Para mim, obra de arte é emoção. Então, sempre que as pessoas me mandam letras e músicas eu tento deixar isso bem claro, quer dizer, vou ouvir sim, mas não tenho a manhã de tecer crítica sobre o trabalho dos outros. Nunca me interessei nisso, não gosto muito de pensar sobre arte, gosto de sentir a arte. Talvez fosse melhor a pessoa mandarem seus trabalhos para jornalistas ou críticos musicais, porque meu lado é completamente emocional. Vejo-me mais como compositor do que interprete, por isso mesmo é muito raro os Engenheiros gravarem coisa de outro.
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JdeB – Quando vocês abriram o show do Nirvana, disseram que seria algo para se contar para os netos. Nesses 20 anos de carreira, que outros acontecimentos podem ser considerados dignos de se contar para os netos?
Humberto
– A coisa que eu mais me orgulho é o fato de que aqui em Porto Alegre a gente tocou nas casas de todos os tamanhos, desde o barzinho da faculdade, que era minúsculo, até chegar ao Gigantinho, que é maior lugar pra se tocar aqui. Então se eu tivesse que destacar alguma coisa para contar para os netos eu contaria isso. Que somos uma banda que começou do nada, tocando em lugares pequenos, e depois teatros, auditórios, e depois chegamos ao maior lugar dentro da cidade em que a gente nasceu. Isso é um fato que não é comum, fomos a única banda que fez isso no Rio Grande do Sul, e isso é o que mais me orgulha.
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JdeB ? Na turnê do acústico você costuma levar a filha Clara para participar dos shows? E em Beltrão, ela vem?
Humberto
– Ela fez alguns shows, sempre quando havia possibilidades. Ela vai participar do próximo disco que vamos gravar em março, que vai ser lançado em DVD também, e talvez ano que vem ela possa fazer mais shows com a gente. Pra Beltrão ela não vai, infelizmente (risos).
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JdeB – Você disse no site que é o ?fã dos fãs?. Como é seu relacionamento com seu público?
Humberto
– Tento manter contato sim, e uma das coisas que mais me orgulho na minha carreira é essa relação com os fãs. Cada vez acredito mais que saber ouvir música é também um dom, tão importante quanto saber fazer música. Por isso agradeço muito o tipo de fãs que a gente têm, que é um fã que está ligado na nossa música mesmo, e não em fofocas. Enfim, devo a eles a permanência de 20 anos na carreira.

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