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Francisco Beltrão
segunda-feira, 30 de junho de 2025

Edição 8.235

28/06/2025

Guanabara: o bairro ?invisível? e um dos mais antigos de Beltrão

Guanabara: o bairro ?invisível? e um dos mais antigos de Beltrão

Por Cristiane Sabadin
Em uma cidade com mais de 50 mil habitantes – o município tem 72 mil –  e 27 bairros, é inevitável que algumas localidades ganhem mais visibilidade do que outras. Apesar de Francisco Beltrão ser considerada uma cidade interiorana, ? onde a maioria da população se conhece, característica comum a cidades de pequeno a médio porte ? muitos moradores não sabem que Guanabara é o nome de um bairro beltronense. Neste caso, a visibilidade do Guanabara é comum a uma pequena parcela da sociedade.
O equívoco, que não é problema para os moradores do bairro, é que a Cango ? bairro histórico, um dos primeiros bairros da cidade ? acabou dividindo espaço com o Guanabara. ?Sem problemas. Nós nos acostumamos com a proximidade. Sempre que alguém fala na Cango, fala também do Guanabara?, diz o presidente da Associação de Moradores da Cango/Guanabara, João Manoel Rios, 28 anos.
Há dois anos na associação, o presidente frisa a união das associações dos bairros: ?Nunca teve uma entidade para o Guanabara e outra para a Cango, sempre foi junto. Já teve pessoas que quisessem dividir, mas nunca se sentiu necessidade?.
A discussão entre os limites da Cango e do Guanabara prosseguem. O Morro do Calvário, por exemplo, é patrimônio da Cango. Já o Cristo pertence ao Guanabara. O posto de saúde ? conhecido como posto da Cango ? na verdade está localizado no Guanabara. O ginásio de esportes da Cango fica no bairro vizinho. Confusões à parte, morar no bairro é sinônimo de tranquilidade, como confirma o presidente da associação: ?Foi-se o tempo em que morar ali era perigoso. Agora, as coisas são diferentes. Claro, proble mas existem, como em todos os lugares, mas podemos nos considerar privilegiados com nosso bairro?.

Maria Deitos: pioneira
No ano de 1945, dona Maria Stopassoli Deitos, hoje com 76 anos, chegou em Beltrão. Logo no início, morou 20 anos no conjunto Beija-Flor, no bairro Sadia. Mas há muitos anos atrás, Maria mudou-se para o Guanabara, onde reside até hoje, ainda na mesma residência. Dona Maria lembra que, na época, o prefeito Antônio de Paiva Cantelmo (1965-69) lhe ofereceu um prêmio ? brincando que sua casa era a mais bonita do bairro, e embelezou a comunidade.
Para a pioneira, a dificuldade maior era a distância do Guanabara do restante da cidade. ?Tudo era longe. Não era fácil, tinha pouco comércio aqui?, recorda. Com a experiência que passou, dona Maria enfatiza o Guanabara como um bairro de ?vizinhança e amizade?. ?Pra ficar melhor o comércio precisa crescer?, opina a pioneira.
Quando se fala em violência, dona Maria não esquece ? como todos os moradores  ? da tragédia de 21 de maio de 2005, quando um motorista atropelou e matou duas pessoas, durante a procissão religiosa da comunidade: ?Aquilo poderia ter acontecido em qualquer lugar, infelizmente. Essa história marcou moradores da Cango e do Guanabara?.
Privilegiado pela preservação da natureza e da amizade, a pioneira reconhece: ?Só saio daqui quando morrer?. Maria reside com a filha de criação Hermília Maria Deitos, 52.

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