Bozena divulga Pato Branco em programa de humor
Até pouco tempo não era comum o sotaque paranaense cair nas graças de novelas, minisséries, seriados e programas de televisão. Neste ano o sotaque ganhou respaldo nacional, e o Paraná está sendo visto por todo o país no novo programa humorístico da Globo, o Toma lá da cá, que substituiu A diarista. O programa, exibido todas as terças-feiras, das 22:30 às 23:30, estreou no dia 7 de agosto, com o Sudoeste do Estado no elenco: a empregada Bozena, interpretada pela atriz Alessandra Maestrini, é natural de Pato Branco na ficção.
Não é difícil descobrir o motivo que incitou a empregada do programa ser de Pato Branco. Com o sucesso e ascensão esportiva no cenário mundial, Alexandre Pato levou o nome da cidade natal consigo; este deve ser um dos motivos pelo qual a personagem é do Paraná e não de outro estado do país. No entanto, apesar da indiscutível notoriedade, as opiniões se dividem. Para alguns pato-branquenses a exposição é positiva; já para outros, o sotaque forçado traz na bagagem uma imagem deturpada do município.
Para o escritor José Antônio Rezzardi, a publicidade para Pato Branco ?é positiva, independentemente do sotaque ou da crítica satírica da personagem, é preciso considerar o estilo do programa: humorístico?. Rezzardi não vê nada de negativo na exposição de Pato Branco no Toma lá da cá, e brinca: ?Estou até pensando em achar um jeito de entrar em contato com a Bozena e pedir pra ela falar do meu livro ? O Escrevinhador?.
Os ?marqueteiros? de Pato Branco são figuras ilustres, como cita Rezzardi. ?Alexandre Pato e Alceni Guerra?. O escritor acredita que há uma certa relação com a figura deles para a exibição da cidade no programa. Alexandre dispensa comentários, é a mídia do momento, inclusive, manchete com foto na capa da revista Placar que está nas bancas. O Alceni teve dois momentos marcantes na trajetória política dele que contribuíram muito para divulgar Pato Branco. O primeiro foi quando ocorreu o escândalo das bicicletas (na época do governo Collor) e o segundo quando se elegeu prefeito?, explica o escritor.
De acordo com Rezzardi, não é esta a primeira vez que Pato Branco é notícia em rede nacional. ?Por causa deles, mais do Alceni, óbvio, todas as revistas de expressão nacional ? Veja, Istoé, Época, Caras ? já divulgaram a nossa cidade. Idem as tevês. Se alguém perdeu com essa divulgação toda, não foi a cidade. Talvez o Alceni, na época do escândalo, porque como prefeito ele soube aproveitar. Enfim, propaganda é sempre um investimento necessário, por mais que o custo seja alto. De graça, então, e na Globo, melhor ainda?, brinca o escrevinhador.
A pato-branquense Indianara dos Santos também gosta da divulgação e da interpretação da atriz. ?Acho que assim todos que assistirem ao programa vão querer saber onde fica localizada a cidade de Pato Branco. E não somente a empregada que expõe o município; Miguel Falabella citou que a cidade fica no Paraná por várias vezes, então, quem ganha com isso são todos os paranaenses?, opinou.
Imagem positiva é Alexandre Pato, diz empresário
?A atriz está passando uma imagem do Sudoeste para todo o Brasil, mas é uma imagem pejorativa?. É a opinião do empresário pato-branquense Ricardo Guerra.
Além disso, segundo Ricardo, quando se fala em Pato Branco remete-se a todo o interior do Paraná, sendo assim, ?todas as cidades são vistas dessa maneira?. ?Primeiramente, para interpretar uma determinada cultura é preciso conhecer o lugar, o sotaque, o comportamento das pessoas?, ressaltou.
Para Ricardo, a propaganda realmente positiva para os pato-branquenses surgiu através do futebol, com o talento de Alexandre Pato: ?Ele sim é uma pessoa que representa de forma positiva a região, e sem perder a humildade e carisma de sempre?.
A idéia de divulgação do município anima a maior parte da população, mas para a acadêmica de Jornalismo Gabrieli do Nascimento a interpretação da empregada desvirtua a imagem de Pato Branco. ?Não tenho acompanhado muito o programa, mas pelo que sei e pelos comentários que ouço, ela passa uma imagem de cidade totalmente interiorana. Como se aqui em Pato Branco não tivéssemos tecnologia, ou estivéssemos longe de tudo?, analisou Gabrieli.
Segundo a acadêmica, muitos conterrâneos, mesmo não concordando com a exposição exagerada do sotaque e cultura da empregada, acreditam que vale a divulgação, a propaganda da cidade por si só: ?Eu já não penso dessa maneira. Se for para divulgar de maneira errônea, melhor não expor?.
Clodoaldo Bahs Filho, também é estudante de Jornalismo, diz que ?existem os dois lados da divulgação?, mas até o aspecto negativo não é tão ruim assim. ?É bom pela propaganda da cidade, que pode ajudar o turismo. Mas o sotaque é mais pra colono do que pato-branquense. Eu não me sinto ofendido, até acho engraçado?. (CS)