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terça-feira, 27 de maio de 2025

Edição 8.213

28/05/2025

As árvores gigantes do Sudoeste e os jequitibás de 3 mil anos de Minas Gerais

As árvores gigantes do Sudoeste e os jequitibás de 3 mil anos de Minas Gerais

Por Jorge Baleeiro de Lacerda especial para o Jornal de Beltrão
As árvores não falam. Cartola afirmou num samba que as rosas não falam e arranjou uma briga com Roberto Carlos. As árvores também não falam. Talvez amem, talvez chorem, talvez tenham alma e andem quando mortas pela floresta. Tudo é um mistério. Contemplamos as grandes árvores com ânsia de vê-las imortais. Não o são. Que  pena! Que dor no peito saber que um jequitibá de 15 metros e 53 cm de circunferência como o que vi no interior de Guaranésia (Minas Gerais), na Fazenda Pouso Alegre, de Henrique Gonzalez Costar, quase na  divisa com São Paulo, um dia morrerá. Não há ser vivo que se perpetue. Somos todos finitos. Eis a nossa  tragédia. Esse jequitibá de Guaranésia teria mil anos, dois mil anos ou três mil anos? Não se sabe.
 O engenheiro agrônomo Antônio Carlos Fidelis, da Cooxupé, grande conhecedor da região, passou uma manhã nos acompanhando, a mim e ao engenheiro florestal Heverton José Ribeiro, diretores do Parque Nacional de Vassununga (em Santa Rita do Passa Quatro-SP ? a 120 km  de Guaranésia, se tanto). Em setembro de 2008 visitara o dr. Heverton para conhecer o jequitibá, então tido como o maior do Brasil (12 metros de circunferência e 35 metros de altura), como José Hamilton Ribeiro (do Globo Rural) mostrara ao país há uns 15 anos. Não, o maior jequitibá do Brasil está em Guaranésia (MG). Tem 15 metros e 53 centímetros de circunferência, como pudemos medir com um cordão apropriado e conferir com uma trena, para nosso espanto. O segundo maior Jequitibá está ali por perto, na Fazenda Jequitibá, ao lado da Fazenda da Barra, interior de Guaxupé, onde nasceu o célebre e saudoso Isaac Ribeiro Ferreira Leite, cuja história se confunde com a da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), fundada em 1932, hoje com mais de 11 mil associados e faturamento acima de um bilhão de reais, como bem lembrou Celso Ferraz de Araújo no livro ?A Saga dos Cafeicultores no Sul de Minas??, de José F. Rodrigues de Oliveira e Lúcia Grinberg.
Devo dizer que a colaboração do Hélio de Carvalho (do setor de Comunicação da Cooxupé) e do agrônomo Joaquim Goulart de Andrade (gerente técnico da Cooxupé) foram fundamentais nos dias  que estive pesquisando em Guaxupé e arredores sobre café e, então, pude conhecer esses dois jequitibás gigantes, que podem ser colocados dentre as maiores árvores do mundo. 
Foi-me impossível abarcá-lo numa foto. Pela foto tirada de um lado desse jequitibá, o leitor poderá ter uma idéia  de seu tamanho. Só esse lado mede sete metros. Como seu tronco é meio elipsóide, subindo uns dez metros para logo ir afunilando, torna-se impossível uma foto que dê ao leitor uma idéia de seu tamanho.
Em setembro de 2008, quando visitei o jequitibá com  l2 metros de circunferência  do Parque Estadual do Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro (SP), disse ao  engenheiro florestal Hewerton José Ribeiro que voltaria, um dia, para ir com ele a Guaranésia e a Guaxupé conhecer dois outros jequitibás gigantes de que ele tinha notícias, mas não conhecia. Menos de seis meses depois, eis que pude ir a Guaranésia e a Guaxupé com o dr. Heverton. Para meu espanto, o jequitiba de Guaranésia, na Fazenda Pouso Alegre (propriedade de Henrique Gonzalez Costar), era muito maior.  A mata me impediu de fazer fotos  de boa qualidade, mesmo assim tem-se uma idéia de quão portentosas são essas árvores.
Já o jequitibá do interior de Guaxupé, que mede de circunferência  11 metros e 50 centímetros por 35 metros de altura (vide foto), está em posição de melhor acesso e permite uma foto mais expressiva.  Seu tronco é quatro metros e meio mais fino do que o de Guaranésia.
Soube, em Guaxupé, que o Jequitibá de 15,53 m nunca foi destaque na imprensa de Minas Gerais. Vou comunicar sua existência ao Globo Ecologia, da Rede Globo, dirigido por Cláudio Savaget, com quem fui à Ilha da Trindade em 1984.
Savaget ficará atônito quando avistar essa gigantesca árvore situada na Fazenda Pouso Alegre, a uns três quilômetros (numa vicinal) do asfalto que liga Guaranésia a Mococa, a uns 15 km de Guaxupé.
Quando comecei, em setembro de 2008, a procurar, em meio à mata, no interior de Santa Rita de Passa Quatro (SP), grandes árvores, depois seguindo nessa tarefa, no Sudoeste do Paraná, como bem o sabe o leitor deste jornal, não imaginava que fosse furar os grandes jornais de Minas Gerais e do  Brasil.

Acima e ao lado, Jorge Baleeiro e Ivo Pegoraro medem a maior árvore do Sudoeste,uma canafístula de 10 metros de circunferência, 30 metros de altura, no interior de Salgado Filho (PR), revelada ao Paraná pelo JdeB.

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Na Fazenda Pouso Alegre, de Henrique Gonzalez Costar, em Guaranésia (MG), Baleeiro e o dr. Heverton medem o jequitibá com l5, 53 metros de circunferência. A mata fechada impediu uma foto melhor.

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