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sábado, 07 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

Egydio Zanatta é cidadão honorário e continua trabalhando, aos 85 anos

Egídio Zanatta é cidadão honorário e continua trabalhando, aos 85 anos

Vereador Jocemar Madruga, seu Egydio Zanatta, vereadora Atanasia Helmann Pedron e o prefeito em exercício Antônio Carlos Bonetti.

 

Como tem acontecido, sempre, neste tipo de homenagem em Francisco Beltrão, a sessão solene de entrega do título de cidadão honorário ao pioneiro Egídio José Zanatta — sexta-feira, 4 de novembro — foi daquelas de deixar muita gente em pé. E o homenageado recebeu muitos aplausos e cumprimentos, tanto na Câmara como na Churrascaria Pampeana, onde teve o jantar.

Egídio — que muitos falam “Ezídio”, inclusive alguns vereadores — estava acompanhado da esposa, dona Norma, e de seus dois filhos — o médico Celso Zanatta e a fisioterapeuta Míriam Zanatta — mais suas quatro irmãs, colegas da Justiça e muitos amigos.

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Havia somente nove dos dez vereadores porque um deles — Celmo Salvadori — foi afastado pela Justiça e sua substituta, Elenir Maciel, ainda não havia assumido. A aprovação do título, proposto pelo vereadeor Jocemar Madruga (PT), foi por unanimidade e recebeu a sanção do prefeito Wilmar Reichembach (PSDB) dia 24 de agosto deste ano. A Lei nº 3854, que concede o título, foi assinada também pelo secretário Antônio Carlos Bonetti, que acumula o cargo de vice-prefeito e na solenidade de entrega estava representando o executivo, como prefeito em exercício.

Zanatta é um recordista. Dos 85 anos de vida, 63 já foram vividos em Francisco Beltrão e, destes, 57 e meio como oficial de Justiça. No discurso da apresentação do homenageado, o vereador Jocemar Madruga (PT) disse que a indicação para assumir o cargo, em 16 de abril de 1954, teria sido do então prefeito Ricieri Cella. Após o evento, Egídio confirmou o que já havia informado ao Jornal de Beltrão: quem o indicou foi o presidente da Câmara de Vereadores, Antônio de Paiva Cantelmo, que era do PTB, partido do então governador Bento Munhoz da Rocha Neto. E o prefeito da época era Rubens da Silva Martins, do PSD.

No final do discurso, Zanatta acrescentou um agradecimento ao juiz Rosselini Carneiro, por ter obtido a permissão para que ele continuasse na função, mesmo após ter vindo sua aposentadoria compulsória, dia 26 de março de 1997, quando completou 77 anos.

Nos cumprimentos, as pessoas não escondiam sua admiração. Não é comum um cidadão continuar prestando serviços públicos durante quase 58 anos, aos 85 de idade. Egídio brincava: “Mais uns 20 anos eu continuo assim, depois mais uns 10 anos de bengala, daí eu paro”.

Passado o fim de semana, ele retornou ontem ao trabalho. E ao seu estilo, sem tempo para perder. E se justificando: “Estou cheio de trabalhos e agora, mais do que nunca, tenho de fazer jus (referindo-se ao título recebido)”.

Sobre os vencimentos, ele tem salário fixo e outra parte é de custas dos processos. Mas muitos se negam a pagar e ele, “pra não complicar”, nem comunica ao juiz e fica por isso mesmo. “Tem gente que prefere ficar um ano na cadeia do que pagar cem reais de custos, e dizem que é bom ficar sem fazer nada por conta do governo”, diz o mais experiente dos nossos oficiais de Justiça.

 

“Todos temos a nossa missão, eu procurei cumprir a minha com dedicação e dignidade”

Egydio Zanatta discursa na solenidade em que lhe foi entregue
o título de Cidadão Honorário.

O discurso de Egídio Zanatta, ao receber o título de cidadão honorário de Francisco Beltrão, é o que segue:

“Um momento como este nos leva a voltar no tempo. Primeiro questionamos se somos dignos da honraria. Como num filme, passa diante de nossos olhos o que fizemos, os amigos, tantos deles que já se foram, e principalmente a nossa contribuição à sociedade que hoje nos homenageia. Quando aqui cheguei, à então Vila Marrecas, tudo estava por ser construído. Havia mata fechada por todos os lados. Onde hoje é o centro da cidade, fomos abrindo caminho para a civilização. Aqui me instalei com meus sonhos e a vontade de construir.  Foi um tempo difícil, em que praticamente não havia estradas e a comunicação era precária. Tudo era difícil. Mas a vontade e a disposição das pessoas que aqui chegavam era mais forte que tudo. A cada dia que passava, chegavam mudanças de pessoas que, como eu, queriam construir aqui a sua história. E a pequena vila começou a tomar forma. Ruas foram abertas, a mata ia, aos poucos, dando lugar à lavoura e às moradias. Novas construções apareciam a cada dia. Não sei avaliar exatamente se minha participação foi ou não importante, mas procurei me integrar de corpo e alma à cidade que nascia. Aqui constituí família e criei meus filhos. Hoje, quando ando diariamente pelas ruas de Francisco Beltrão, às vezes até acho que estou em outra cidade e não mais naquele povoado que vi nascer. Assisti ao crescimento de lideranças, muitas de destaque nacional. Participei de perto da revolta de 57, que marcou um novo tempo para o nosso povo sudoestino. Tendo iniciado meu trabalho como serventuário da justiça no distante ano de 1954, cumpri e venho cumprindo o meu dever com a mesma determinação.  Acho que essa deve ser a principal missão de um homem. Todos temos a nossa missão. Eu procurei cumprir a minha com dedicação e dignidade. Tenho orgulho do meu trabalho. E agradeço a Deus por poder desempenhá-lo ainda hoje. Me orgulho dessa cidade, da qual faço parte. Me sinto parte dela. Quero compartilhar esta honraria com todos os pioneiros que ajudaram a construir a história desta terra. Agradeço ao vereador Jocemar Madruga, à Câmara de Vereadores e ao Executivo municipal, que me honram com este título. Eu já sou beltronense de coração. Agora, mais do que nunca. Obrigado aos familiares e amigos que prestigiam esta cerimônia. Não sei se sou merecedor. Afinal, nestes anos todos, só fui alguém que procurou fazer a sua parte. Obrigado”.

Egydio Zanatta com a esposa Norma e os filhos Celso e Miriam Zanatta.

 

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