Cerca de 26 espécies de aves vivem em torno do aterro sanitário de Francisco Beltrão
![]() |
O voo de urubus e garças no aterro sanitário impressiona. São dezenas de pássaros que vivem no local. |
Para os admiradores de aves, um bom lugar para ver várias espécies é o aterro sanitário de Francisco Beltrão, localizado na comunidade Menino Jesus. Por lá, é possível observar como os pássaros sobrevoam a área em busca de alimento. Segundo Fernando Treco, coordenador da pós-graduação em Ecologia, Manejo e Conservação da Biodiversidade da Universidade Paranaense (Unipar), o que mais se percebe é a presença de quatro espécies: urubu (Coragyps atratus), garça vaqueira (Bubulcus ibis), gavião carrapateiro (Mivalgo chimachima) e gavião carijó (Rupornis magnirostris).
O motivo para tantas aves sobrevoarem o local é simples: 85% dos resíduos que vão para o aterro sanitário são orgânicos, ou seja, alimento certo para os pássaros. “É um forte atrativo para essas espécies. Por isso, eles ficam em cima das sacolas que chegam cheias de lixo, querem procurar comida”, diz Fernando.
Garças e urubus: aves grandes
Pássaros brancos e pretos, que chamam atenção pelo tamanho. Quem observa as garças e urubus se impressiona primeiro pela envergadura dos animais. Mas eles trazem peculiaridades interessantes. De acordo com o biólogo, os urubus são aves preguiçosas. Eles se alimentam de carniça e ficam na espreita para consegui-la. Não fazem esforço algum para comer, apenas aguardam o momento do cardápio chegar. “Outra característica dessas aves é que, apesar de grandes, não são muito adeptas do voo. Elas usam o ar quente para ficar ‘rodando’ enquanto esperam o alimento.” As garças têm entre 48 e 53 cm e com envergadura de asa chegam a 96 cm. Pesam em média 400 gramas.
História e origem
Conforme Fernando, embora a colonização do Brasil seja recente, a garça foi avistada pela primeira vez na ilha de Marajó em 1964. A ave é comumente vista nas regiões próximas às cidades. “Sua origem é da África e provavelmente tenha chegado ao continente americano atravessando o atlântico, formando colônias na América do Norte e se espalhando para a América do Sul”, explica.
As garças voam em bandos, em áreas abertas com árvores esparsas, capinzais e pastos nas fazendas agropecuárias. O mesmo hábito é observado no aterro sanitário de Francisco Beltrão. Segundo o coordenador, a dieta das garças é essencialmente insetívora, consumindo moscas, grilos e gafanhotos, fato este que justifica sua presença no aterro, pois o mesmo atrai moscas.
Neste sentido, é importante ressaltar que a presença dessas aves no aterro faz o controle da população de insetos, deixando o local mais agradável. Algumas vezes também é possível observar urubus e garças sobrevoando o centro da cidade. Fernando diz as aves não são um risco para a saúde do ser humano, apesar do contato direito com o lixo do aterro. “O perigo maior está nas pombas, essas sim são vetores de zoonoses.”