Geral
Imagine nascer um bebê com oitenta anos de idade. Isso mesmo, velho e todo enrugado. No decorrer dos anos, o bebê vai crescendo e ficando mais novo, jovem, até se tornar novamente um bebê de colo de oitenta e poucos anos? Esta é a história do filme O Curioso Caso de Benjamin Button, filme inspirado no conto de F. Scott Fitzgerald, que ganhou três estatuetas do Oscar em 2009.
A história é louca e claro, só pode acontecer na ficção. Mas o filme consegue uma coisa: nos faz repensar a própria vida, como aproveitamos os anos que vem e vão. De que maneira vivemos, e o que escolhemos para trilhar o nosso destino. O mais curioso no roteiro é que Benjamin, interpretado por Brad Pitt, nasce velho. Na medida em que vai rejuvenescendo, seu corpo continua velho. A paixão entre ele e Daisy (Cate Blanchett) só pode acontecer quando ambos têm praticamente a mesma idade: ele velho (num corpo jovem) e ela uma mulher madura, como a vida é de verdade.
Não vou contar a trama toda, mas no fim notamos que a verdadeira essência de um caso tão curioso, que só poderia acontecer em filmes, nos mostra claramente a inspiração do longa-metragem; uma frase de Mark Twain: ?A vida seria infinitamente mais feliz se pudéssemos nascer aos 80 anos e gradualmente chegar aos 18?. Será mesmo? Será que seríamos mais felizes se nascêssemos velhos fisicamente, e depois envelhecemos com um corpo jovem? Será que a vida se tornaria melhor, mais emocionante; viver a história de trás para frente, como rebobinar a fita cassete?
Cada um que verá o filme terá sua mensagem, a minha foi exatamente essa: há coisas que perdemos pelo caminho e não há mais como resgatar, voltar atrás. Já foi. Pessoas que amamos e que nos deixam, amigos que perdemos cedo demais, palavras e ações que dissemos sem pensar e que magoaram muita gente. Atitudes de segundos que podem mudar nossa vida para sempre. Velho ou novo, nada muda.
Outro ponto relevante de Benjamin Button: sempre achei crianças e idosos semelhantes, apesar das diferenças gritantes. Basta prestar atenção e ver os detalhes. Meu pai, por exemplo, voltou a ser criança há alguns anos, uma fase que sinceramente nenhum de nós deveria perder. E você, o que acha?