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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Agricultores de Mariópolis são contra norma da Adapar que proíbe o cultivo da safrinha de soja

 

Na foto, as duas gerações da família Simionato, pai e filho, confiantes na liberação do plantio da soja safrinha para o próximo ano.

A proibição do plantio de soja safrinha na região de Mariópolis tem tirado o sono de muitos agricultores. Em busca de uma maior segurança das lavouras do Estado, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) proibiu o plantio de soja safrinha a partir de 2016/2017.

O novo calendário estabelece o período de semeadura entre 16 de setembro e 31 de dezembro, enquanto o prazo para colheita e/ou interrupção do ciclo será 15 de maio, quando todas as áreas precisam ser colhidas e/ou as plantas, dessecadas. Dessa data até 15 de setembro, ocorre o vazio sanitário.
A intenção da proibição é manter o plantio concentrado em uma mesma época, reduzindo assim a possibilidade de ferrugem asiática. A medida busca, também, reduzir a resistência do fungo aos fungicidas. Ou seja, diminuindo o período de plantas vivas no campo, reduz-se o uso de agrotóxicos.
Para os produtores, a decisão vai prejudicar a agricultura local. “Com a proibição, ficamos preocupados porque não temos para onde ir. O milho e o feijão são arriscados para nossa região. Já o trigo, a comercialização não compensa. Não sabemos o que fazer”, afirma o agricultor Nereu Bellan.
Na propriedade da Família Simionato, onde são plantados aproximadamente 220 hectares, a soja safrinha é uma cultura enraizada há mais de 15 anos. “A proibição vai nos prejudicar bastante. No âmbito econômico, a preocupação é muito grande também com a economia local, principalmente o comércio”, afirma Claudio Cesar Simionatto.
De acordo com o produtor, a família toda está confiante na mudança de rumo de todo o processo. “Acreditamos que vamos plantar soja safrinha no próximo ano. Todos precisam se unir. A proibição é um golpe muito duro para o agricultor.”
Claudio avalia ainda que a proibição deve afetar toda a cadeia do agronegócio. “Com menos dinheiro no bolso e correndo mais riscos, o produtor vai deixar de investir. Nós planejávamos comprar uma colheitadeira nova. Agora, vamos rever o investimento.”
Na propriedade da família Pereira, a decepção também é grande. “A safrinha de soja nos devolveu uma boa estabilidade financeira. Por isso, somos totalmente contrários à proibição. Agora, vamos semear apenas aveia, com o intuito de cobrir a lavoura e para não correr riscos com outras culturas”, diz Marcos Antônio Pereira.
 
Prejuízo será grande
Presidente da Camisc, Nelson André De Bortoli afirma que os prejuízos na área de ação da cooperativa devem superar os R$ 80 milhões. “A safrinha é o grande diferencial para os agricultores de nossa região”, completa.
Para o engenheiro agrônomo da Camisc, Cleber Favarini Petri, a proibição afeta diretamente a todos. “A soja safrinha é a principal cultura durante o período. Com a proibição, a estimativa é de que pelo menos R$ 15 milhões deixem de circular na economia de Mariópolis.”
Área plantada
Para se ter uma ideia da importância da soja safrinha, basta pegarmos os dados referentes às áreas de plantio do grão, segundo estimativas da Camisc. Este ano, a cultura respondeu por mais de 90% da área plantada. Ou seja, aproximadamente 12 mil hectares receberam a soja. Outras culturas como feijão ou milho ainda encontram muita resistência do produtor.
Também engenheiro agrônomo da cooperativa, Giovani De Bortoli destaca que os agricultores de Mariópolis não desejam prejudicar o potencial produtivo de outras, regiões permitindo a proliferação da ferrugem asiática. “É possível produzir soja de maneira segura e eficiente na região. Há uma disposição para que os produtores continuem plantando a safrinha de soja.”
Dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab) mostram que a atividade estava ganhando espaço no Paraná nos últimos anos. Em 2015, a área com a cultura ocupou aproximadamente 132 mil hectares. 

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