Hoje vamos fazer uma homenagem muito especial para o seu Darci e dona Angelina Vicente que faleceram num curto espaço de tempo.
Eles sempre foram pessoas maravilhosas, só faziam o bem, ajudavam todo mundo e deixaram um legado muito bonito. Eles constituíram uma família muito bonita, no estilo deles. Nesta edição, vamos publicar as duas matérias que foram feitas com eles. A primeira foi publicada dia 6 de janeiro. No “Diário de uma agricultora”, dona Angelina contou um pouco da sua história e como era seu dia a dia. Ela faleceu dia 28 de janeiro, devido a problemas de pulmões. Ficou quatro dias internada na UPA e 15 dias na UTI do Hospital São Francisco, de Beltrão. A família agradece a todos os profissionais das duas entidades, pois foram muito bem atendidos por eles.
Seu Darci faleceu dia 12 de junho passado, vítima acidente automobilístico quando também morreu, no mesmo acidente, o seu irmão Manoel. Veja as matérias abaixo:
Diário de uma agricultora: Angelina Vicente da Silva, da Linha São Marcos, relata rotina no interior
Publicado em 6 de janeiro de 2022.
Por Almir Girardi – Terça-feira, 4 de janeiro. O Darci levantou às 5h30. Eu também já estava acordada mas fiquei deitada. Em março vai fazer dois anos que me deu um sério problema de pulmão. Desde então, só consigo respirar com a ajuda de uma máquina, que foi fornecida pela Prefeitura de Beltrão. Antes, eu tinha de comprar os botijões de oxigênio que eram dos grandes. Um botijão durava apenas quatros dias. Agora to bem mais tranquila. Essa máquina produz ar puro. Tenho um botijão de reserva pra quando faltar luz. Tenho um outro, menor, esse uso quando preciso sair de casa. Daí, coloco no carro. É muito sofrido viver dessa forma mas o importante é estar viva.
Daí, o Darci ligou o rádio na Princesa AM, de Beltrão, para ouvir o Programa do Rodrigo Pereira. Ele é nosso vizinho, mora um pouco pra frente de nossa chácara. Gostamos muito de ouvir ele. Depois, o Darci preparou a cuia e fez o café. Então, eu o Darci, o Osni e o Daniel fomos tomar chimarrão. Após o café, o Darci tratou as galinhas caipiras. O Daniel trabalha no conserto de motos Julianote, no Bairro Pinheirinho, e o Osni é segurança na Dalba Construtora. Eu sou natural de Sarandi [RS]. Nasci dia 2/10/1953.
O Darci é da mesma cidade e nasceu no mesmo ano. Ele é do dia 12/1/1953. Nos conhecemos na Linha Piracema, em Beltrão. Estamos casados há 48 anos. Tivemos sete filhos: Manoel (falecido), Osni, João, Dorceli (falecido), Eroni, Rosenilde e o Fábio. O número de netos é sete também. Em nossa chácara, o Darci planta um pouco de tudo para o nosso consumo. Demos um pedaço de terra para cada filho. Eles moram todos perto de nós.
Quem faz a comida e limpa a casa é tudo o Darci. Eu já não consigo fazer mais nada. O Osni e a filha Rosineide nos ajudam sempre que precisamos. Os outros filhos também sempre estão à nossa disposição, principalmente quando fico internada. É uma noite de cada um que vem me cuidar no hospital. Sinto muito orgulho de todos eles. Gosto bastante dos meus médicos. Eles me atendem muito bem e são todos atenciosos comigo.
A dr. Vanessa, dr. André e o dr. Cláudio, do Hospital São Francisco, que veio várias vezes me atender em casa. Às 10h, chegou a nossa comadre, a Lurdes Almeida Mello, e a vizinha Genovane Kalegari Grilli. Elas vieram me visitar e tomar chimarrão. As duas estão sempre prontas pra me ajudar em tudo que preciso e isso é muito gratificante. Assim que elas foram pra casa, almoçamos.
Após o almoço, o Daniel foi para o seu trabalho. E nós fomos descansar. Depois, o Osni levou o Darci no mercado do Mano Manfroi, do Bairro Pinheirinho, pra fazer compras. Eu fiquei em casa. Quando eles chegaram, descarregaram as compras e foram ver a plantação de feijão, que já está lorando. Em dez dias, o feijão já pode ser colhido. Começou a chover. O Darci tratou as galinhas, tomamos banho e fomos tomar chimarrão. Daí, chegou o Daniel. Jantamos e assistimos o Jornal Nacional. Quando acabou a novela das oito, fomos dormir. Mas, antes, eu fiz minhas operações. O tempo estava bem fresquinho e agradável.
12 de junho: O último almoço dos irmãos Vicente
Publicado em 18 de junho de 2022.
Darci Vicente morava na Linha São Marcos, em Francisco Beltrão. Domingo de manhã, 12 de junho, ele pediu para o filho Osni ir até o Bairro Padre Ulrico buscar os seus dois irmãos, Manoel e Antônio Vicente, para almoçarem com ele em seu sítio.
Os irmãos e toda a família tiveram um ótimo e tranquilo domingo. De tardezinha, Osni foi levar os tios de volta para casa e seu pai, Darci, os acompanhou. E, por uma fatalidade do destino, o carro que os transportava se envolveu num grave acidente. Darci e o irmão Manoel morreram no local do sinistro. Osni e Antônio se machucaram bastante e foram levados para o hospital. Osni está se recuperando em casa. Antônio ainda continua internado no Hospital Regional de
Francisco Beltrão, fora de perigo. Foi muito triste e difícil aceitar toda essa situação pois quem conhecia os irmãos Vicente sabe que são pessoas de família honesta e honrada, só sabiam trabalhar e nunca fizeram nada de errado para ninguém.
Genovane Kalegari, Jaime Fontana e Lurdes Fogassa – vizinhos de Darci – estão muito abalados com tudo o que aconteceu.
Eles se reuniam com frequência, geralmente nos sábados à noite, ou nos domingos ao meio-dia. Cada um levava algo, almoçavam e jantavam juntos e sempre tinha festa. Manoel e Antônio sempre participavam. Seu Darci era um ótimo violeiro, a dona Lurdes tocava gaita e todos cantavam, dançavam e se divertiam. Genovane diz que não acreditou quando recebeu a notícia da tragédia, pois horas antes estavam juntos. Há quatro meses faleceu a esposa do Darci, dona Angelina.