
que é preciso voltar a pensar em conservação de solo.
Apesar dos prejuízos causados pelas chuvas dos últimos dias, que comprometeram seriamente boa parte das lavouras de trigo da região, e mesmo depois da frustração com os baixos preços do feijão, os produtores rurais de Vitorino estão animados e com boas expectativas para mais uma safra que se inicia. O plantio da soja já está bem adiantado e o milho também já começou a ser plantado.
De acordo com a Secretaria Municipal de Agricultura, mais de 18 mil hectares deverão ser destinados ao plantio da soja neste ano. Por outro lado, consequentemente a área de cultivo de milho sofrerá uma redução de quase 25%, totalizando cerca de cinco mil hectares.
Já para a safrinha, a previsão é de que boa parte dos agricultores aposte novamente no feijão das águas, apesar da previsão de redução na área. Na safra passada (2013/2014), o município produziu 303 mil sacas de feijão em 12 mil hectares de área. Contudo, a queda de preço provocou prejuízo a muitos produtores que, em alguns casos, nem conseguiram cobrir os custos.
Ainda conforme a Secretaria de Agricultura, o trigo foi significativamente afetado pelas chuvas excessivas do final de setembro. Ao todo, o município tem mais de 5.500 hectares de lavouras do produto e, de acordo com o secretário Marciano Votri, pelo menos 40% tiveram reflexos negativos, como perda de qualidade e aparecimento de doenças. “Temos apenas 20% do trigo já colhido. O que foi afetado nas lavouras não se recupera mais. Isso implica em mais custos ao produtor, além da preocupação geral com o aparecimento de doenças ocasionadas pelo excesso de umidade”, comenta.
Marciano ainda destaca que a maior preocupação a partir de agora é com a possibilidade de estiagem no mês de janeiro. “No início deste ano, ficamos 35 dias sem chuvas e isso pode comprometer muito as lavouras”, destaca.
Erosão e estradas danificadas
Com dois episódios de elevada precipitação nos últimos meses – um no final de junho e outro no final de setembro, vários trechos das estradas rurais de Vitorino foram afetados, mas o problema que mais preocupa o secretário de Agricultura é a erosão. “Entre os dias 23 e 30 de setembro foram registrados 370 mm de chuva em nosso município. E a erosão é um problema muito sério, os produtores não tem feito uma cobertura verde suficiente, tiraram os terraços e as curvas de nível, e o volume de chuva tem sido muito intenso. A cultura de conservação de solo foi esquecida e os problemas começam a ficar cada vez mais evidentes”, alerta Marciano.
No relatório de prejuízos enviado ao Executivo no início de outubro, o secretário ressalta que “pode-se observar que a ausência de sistemas conservacionistas de retenção de água nas propriedades foi responsável por grande parte dos prejuízos à pista de rolamento, que em muitos trechos foi impactada pela erosão do excesso de lâmina de água proveniente das áreas lindeiras às estradas”.
Ele ainda saliente que mais de 40% das áreas de cultivo do município tem sido afeta com problemas de erosão. “Sem uma conservação de solo adequada, com as coberturas e tudo mais, a chuva em excesso leva essa camada produtiva da terra, causando danos irreversíveis, além de o volume de água escoar para as estradas, causando ainda mais danos. Tem que se voltar a pensar em conservação de solo para tentar evitar maiores problemas”, frisa.