
Apesar da queda nos preços da saca de trigo, houve um aumento no cultivo em todo o Estado. A previsão é que 1.332.00 hectares sejam ocupados com a cultura e a produção pode chegar a quatro milhões de toneladas. No Sudoeste devem ser plantados pouco mais de 215 mil hectares e a produção poderá atingir 554 mil toneladas. Os números de plantio serão recordes para a região.
Houve crescimento no plantio em todo o Estado e as regiões de Francisco Beltrão e Pato Branco também acompanharam, respectivamente em 15% e 8%. No ano passado, apesar das fortes geadas registradas nos Estados do Sul, as sementeiras conseguiram colher boa quantidade de sementes de trigo e não houve problema de oferta aos produtores neste ano.
O Deral/Seab acompanha as safras agrícolas da região desde o início da década de 80 e os números de plantio nunca chegaram nos patamares alcançados nesta safra. Antoninho Fontanella, do Deral-Seab de Francisco Beltrão, lembra que na safra 2008-2009 foram plantados 107.200 hectares e a produção chegou a 194.740 toneladas. Neste ano há uma previsão de 115 mil hectares, podendo chegar a 120 mil e a produção de 335 mil toneladas.
A produtividade esperada é de 2.900 kg/ha., o que indica que os produtores estão usando insumos e sementes de alta qualidade. Na safra 2008-09, a produtividade foi de 1.800 quilos por hectare, ou seja, 1.100 quilos a menos. Michel Kramer, diretor de uma casa agropecuária de Beltrão, diz que neste ano sua empresa dobrou as vendas de insumos para o trigo.
As empresas estão desenvolvendo sementes para maiores produtividades e os agricultores acabam comprando estas sementes e outros produtos para ter ganhos de produção.
Cultivo
O plantio está na reta final, na região, na faixa de 90% a 95%. Com o tempo bom desta semana, as máquinas estão no campo para semear as últimas áreas. O produtor rural beltronense Aldo Petricoski aproveitou o tempo bom de domingo, 12, para plantar as áreas que faltavam.
A maioria das lavouras do Sudoeste encontra-se no estágio de desenvolvimento vegetativo (85%). Apesar de a produtividade esperada ser alta, o processo erosivo pode comprometer a produção em algumas propriedades. O excesso de chuvas causou danos aos solos, pois muitas propriedades adotam o sistema de plantio direto. “Vai ter redução, com certeza”, aposta Antoninho.
Faep pede atenção do governo para a triticultura
A decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), de reduzir de 10% para 0% o imposto para importação de um milhão de toneladas de trigo de países que não integram o Mercosul (Mercado Comum do Sul), em junho, até 15 de agosto, desagradou os produtores rurais e as entidades do setor produtivo, entre elas a Federação da Agricultura e Pecuária do Paraná (Faep).
Os principais beneficiados são os Estados Unidos e o Canadá, que produzem grandes quantidades do cereal e podem exportar para o Brasil. A isenção forçou uma queda nos preços da saca do trigo, nas últimas duas semanas, de R$ 42 para R$ 38. A importação do produto já impactou no custo de produção, na faixa de R$ 35 (Deral-Seab, plantio convencional) a R$ 39,92 a saca (dado da Companhia Nacional de Abastecimento), ou seja, a cotação não vai cobrir os custos de produção. Tânia Moreira, do departamento técnico-econômico da Faep, relata que a preocupação no setor “é muito grande porque nem começou a colheita e o preço do produto já está em queda”.
A Faep já solicitou ao governo federal que planeje com antecedência algum instrumento de política agrícola para não desestimular a triticultura nacional. No Paraná, os agricultores ampliaram em 33% a área de plantio e a produção estimada é de quatro milhões de toneladas.”Se a gente está com quatro milhões de toneladas, e está com uma perspectiva de safra boa, é porque os produtores vislumbraram oportunidades melhores de preços, comparativamente à baixa rentabilidade da cultura obtida nos anos anteriores”, diz. Em agosto, quando começar a colheita no Paraná, os triticultores poderão enfrentar problemas de baixos preços do produto, já que os moinhos estarão com altos estoques e acabarão forçando a queda nos preços. “Quando o produtor for colher, ele já vai se deparar com isso”, alerta Tânia.
Agricultor plantou 200 hectares nesta safra
JdeB – Aldo Petricoski, produtor rural em Francisco Beltrão, tradicionalmente planta trigo em suas terras próprias e alugadas. Ele planta em áreas de Beltrão, Marmeleiro e Candói. Neste ano ele e os filhos plantaram mais de 200 hectares, em várias épocas.
Mas a chuva atrapalhou o desenvolvimento das plantas. “Choveu bastante, foi atrasado um pouco”, relata. Apesar do excesso de chuvas, por enquanto o agricultor só tem que fazer a limpeza das lavouras.
Em relação à produtividade, Aldo diz que ainda é difícil fazer uma previsão porque tanto do trigo como feijão, se pegam muita chuva, calor ou muito frio, acabam tendo perdas de produção. “Um ano ele te dá, o outro ano ele te tira”, diz (risos).
Mas o agricultor gostaria de colher uns três mil quilos por hectare. “É uma boa produção e tem que ter qualidade”, ressalta.
Aldo e os filhos plantaram trigo em 80 hectares com dinheiro de financiamento e os 120 restantes foi com recursos próprios.
Aldo lamenta que o governo tenha autorizado a importação de um milhão de toneladas do produto agora na época em que o Brasil vai começar a colheita.
“O governo não é fácil, na hora que planta, eles importam trigo”, reclama.