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Francisco Beltrão
sábado, 07 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

As grandes casas antigas
de madeira estão sumindo

Casa construída há mais de 70 anos, no Aeroporto, Km 4, Francisco Beltrão.

As casas antigas, de madeira, que abrigavam as grandes famílias no passado, estão sumindo rapidamente. Mas tem muita gente que está preservando essas relíquias. Essa da foto pertence ao Nelis Spricigo Girardi. A moradia está localizada no Bairro Aeroporto, Km-4, em Francisco Beltrão. Nelis não vai desmanchá-la porque ela guarda uma bonita história de sua família. Os seus avós, Santo e Tereza Spricigo Girardi, eram naturais de Orleans (SC) e moravam no pé da Serra do Rio do Rastro.

Em 1958, mudaram para o Paraná, onde compraram um sítio, na Linha Serra Preta, Itapejara D’Oeste. Eles tinham cinco filhos: Olindo, Vitalino, Maria, Agenor e Quintino. O lugar era bom e bonito e a terra era boa. Mas o que preocupava Santino e Tereza era os estudos dos filhos. Eles queriam que, pelo menos, os dois caçulas Agenor e Quintino estudassem. Lá, onde moravam, na época, devido à distância, não tinha como frequentar uma escola. O casal começou a procurar um novo lugar para morar, mais perto da cidade.

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Em 1962, compraram mais um sítio em Francisco Beltrão, no Aeroporto KM-4. Esse lugar era o que estavam procurando, perto de tudo. No novo sítio, só tinha uma casa que havia sido construída há muitos anos e mais nada. Em 1963, durante o ano, Santino, Tereza e os filhos Olindo e Vitalino fizeram muitas viagens sempre a pé, da Linha Serra Preta até Beltrão. A distância que percorriam era de mais de 50 km. Eles saíam às 3 horas da madrugada, carregados com ferramentas e comida, vinham pelos atalhos, passavam pela comunidade do Rancho Alegre que pertence ao município de Bom Sucesso do Sul ligando com a comunidade do Jacaré, em Beltrão.

A família almoçava na beira das estradas. Era só mato e estrada de chão. Eles chegavam no sítio do Aeroporto entre as 9 e 10 horas da noite, todos exaustos. Faziam essa caminhada para trabalhar no sítio. No dia seguinte, começavam os serviços, bem cedo, construindo paiol, chiqueiro, estrebaria e potreiro. Também derrubavam o mato para iniciar as plantações. A Maria, o Agenor e o Quintino ficavam sozinhos no sertão de Itapejara. Os Girardi trabalhavam duro, no KM-4, a semana toda e no sábado, de madrugada, retornavam novamente a pé para Itapejara. Foram meses difíceis. Nessa época, a pista do aeroporto, toda de terra, era preciso passar por ela para chegar até o sítio. A posição da pista era ao contrário de hoje. Ficava no sentido do Centro ao Bairro Novo Mundo. Em 1964, a família chegou com a mudança no Aeroporto. No ano seguinte, Agenor e Quintino já estavam estudando. A primeira escola que frequentaram foi a Francisco Manoel da Silva, do KM-4.

O sonho do seu Santino e da donaTereza se realizou. Tanto Agenor quanto Quintino fizeram faculdade. Agenor se tornou padre e bispo e Quintino é o presidente da Câmara de Vereadores de Francisco Beltrão. De todos os integrantes da família resta vivo somente o Quintino. A antiga casa da família tem 145 metros quadrados e mais o porão. É toda de madeira de pinheiro. Desde o assoalho até o forro, mais as portas e janelas. Nela, ainda existem as tramelas de madeira.

Há 20 anos, foi feita uma reforma. A cobertura de telha foi substituída por Eternit. O forro foi trocado por PVC, o banheiro e as tábuas do porão foram feitos de material. A casa é habitada pela dona Iva, mãe do Nelis, filho do Vitalino. Logo, será feita uma nova reforma na residência. Nelis construiu uma casa nova, ao lado da antiga, onde mora com a esposa Lucivani.

Hoje, a partir das 16 horas, está programado para acontecer uma bonita festa junina típica, na antiga casa, para reunir os netos e bisnetos do Santino e da Tereza Spricigo Girardi.

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