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Francisco Beltrão
quinta-feira, 19 de junho de 2025

Edição 8.229

20/06/2025

Cooperativa de pequenos agricultores fortalece a produção orgânica no Sudoeste

Instituição nascida em Verê busca melhorar a qualidade de vida de quem produz orgânicos na região e também dos consumidores, com opções de alimentos saudáveis.

 

Mulheres da Coopervereda preparam alguns dos produtos oferecidos pela cooperativa.

 

Em 2001, 16 anos atrás, produtores rurais de Verê já tinham interesse em comercializar produtos orgânicos. Eles cultivavam frutas, legumes e verduras sem agrotóxicos ou fertilizantes químicos, com um cuidado especial para a qualidade, oferecendo para a população local uma opção saudável e saborosa.
Na época os produtores orgânicos eram poucos em Verê, um “punhado” que formava o “grupo de sacolas” – agricultores que reuniam-se para montar sacolas de produtos diversos e comercializar na cidade. Com o tempo, o pequeno grupo cresceu, virou uma associação, instalou uma loja e, agora, com orientação do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa), de Verê, transformou-se na Cooperativa dos Produtores Orgânicos e Agroecológicos do Sudoeste do Paraná (Coopervereda).

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Estruturação do setor
Segundo Jhony Luchmann, coordenador do Capa, a Coopervereda nasceu em maio de 2015, “constituída para legalizar o processo de comercialização, já que como associação eles não podiam ter lucro. Na cooperativa, eles podem comercializar e ter uma margem de sobras”. 
Como veio de uma história estabelecida, a cooperativa já iniciou com 40 sócios, uma estrutura básica de agroindustrialização, a loja em Verê, para comercialização de produtos, e atendimento a projetos governamentais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) – além disso, os produtores já contam com selo de produção totalmente orgânica, certificado pela Rede Ecovida.
A partir de tudo isso, o projeto foi crescendo. “Ele começou aqui em Verê, mas com o objetivo de integrar os produtores, dar uma força para todos que cultivam produtos orgânicos aqui no Sudoeste”, comenta Jhony, destacando que agora a cooperativa já conta com cooperados de Verê, São Jorge D’Oeste, Itapejara D’Oeste, Cruzeiro do Iguaçu, Ampere e Coronel Vivida. Também agricultores de Francisco Beltrão, Capanema e outros municípios já estão procurando se filiar à instituição.
Hoje a cooperativa está presente também em uma feira de produtos orgânicos e agroecológicos na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus de Pato Branco, que ocorre semanalmente às quintas-feiras das 9:30 as 18 horas. Além da feira, seus produtos – certificadamente orgânicos – podem ser adquiridos na loja da Coopervereda, no Centro de Verê, pela página da cooperativa no Facebook e pelo telefone (46) 3535-1779. “Estamos buscando ainda mais alternativas de mercados para comercialização”, relata Jhony, e acrescenta que outras faculdades, além da UTFPR, também se interessaram em conhecer a iniciativa.

Uma das diretoras da cooperativa, Nelsi Jahn, em sua plantação de vagem.

 

A falta de cultura para consumir orgânicos
Para a presidente da Coopervereda, Roseli Meirelles da Silva, que é agricultora na Linha Verezinho, e também para o vice-presidente, Salvador Agostinho Zanetti, agricultor da Linha Brasília, o que falta hoje é uma conscientização do consumidor da quantidade de agrotóxicos que consome no seu dia-a-dia com produtos convencionais.
“O produto orgânico é bom para quem está consumindo, é um alimento mais saudável, porque o alimento que eu comercializo e vai para a cooperativa, vai para os colégios, para a feira, é o mesmo que eu consumo e que eu dou para as minhas filhas”, afirma Roseli. Ela acrescenta: “Normalmente o que a gente vê nas lavouras convencionais é que, numa roça de feijão, por exemplo, o agricultor planta tudo de uma forma, com o agrotóxico, menos no pedacinho que ele planta separado que é para ele consumir, que daí não vai veneno”.
Um desafio com os produtos orgânicos é estabelecer um processo de comercialização justo. “A cooperativa não compete com os preços de mercado, ela tem sua própria lógica de preços, e esses preços algumas vezes podem estar na mesma faixa, acima ou até mesmo abaixo dos preços praticados pelos mercados. Porém, o mais importante é que o consumidor precisa considerar que são alimentos saudáveis, precisamos repensar nossa alimentação e diminuir o consumo de alimentos carregados de agrotóxicos”,pondera Jhony.
O Programa de Análise deResíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), da Anvisa, identificou em alimentos produzidos entre 2013 e 2015 que 1,11% das amostras monitoradas possuem um risco agudo à saúde, enquanto 19,7% possuem irregularidades que a deixam insatisfatórias, com resíduos não autorizados ou acima do limite permitido.
Roseli ainda avalia: “O grande proprietário, que tem um terreno maior, dificilmente produz alimento diversificado. Geralmente é soja e milho. Então já pensou chegar num ponto de só ter isso e o ser humano ter que comer ração?”- Por outro lado, ela considera que se o consumidor passar a consumir mais produtos orgânicos, forma-se toda uma cadeia de produção no setor, que alimenta muita gente. 
“Gera uma demanda que abre espaço para mais famílias participarem da cooperativa e aumentarem sua renda. Aí a renda desses produtores orgânicos geralmente fica no município e as lojas, o comércio, todo mundo usufrui disso”, comenta ela. Salvador completa: “Imagina só a quantidade de produtores que ficaria na roça, produzindo alimento de qualidade, se tivesse essa conscientização”.

Cooperativa é a força do agricultor agroecológico

Jhony Luchmann avalia que hoje não está difícil de produzir alimentos orgânicos – existem orientações e métodos que podem ser utilizados. “O difícil é produzir um volume e escala para acessar os canais de comercialização, então a cooperativa está aí para isso, para ser a força do agricultor agroecológico, porque com o coletivo se produz com mais facilidade volume e escala de produção, possibilitando a comercialização. ” Hoje a Coopervereda é a única cooperativa de produtores orgânicos no Sudoeste do Paraná. Isso é uma referência – para o coordenador do Capa, a cooperativa é pioneira e começa a fortalecer esse segmento, proporcionando um comércio de alimentos mais saudáveis e solidários.

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