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Francisco Beltrão
terça-feira, 03 de junho de 2025

Edição 8.217

03/06/2025

Diário de um agricultor: Oliva e Silvio Giachini ainda dançam todos os domingos

Silvio e Oliva moram no Km 20 e hoje completam 60 anos de casados. Segundo eles, quando namoravam as cadeiras ficavam a quase um metro de distância uma da outra.

Domingo, 18 de setembro – Eu e a Oliva, levantamos às 5h30. Ligamos na TV Aparecida para assistir à missa enquanto tomávamos chimarrão. Nos dias de semana sempre, ouvimos a programação da Rádio Educadora AM, de Beltrão. Nossos programas preferidos são: Plantão Policial, do Luiz Carlos Maciel; Cidade Aberta, do Almir Zanette; e, à tardinha, gostamos de ouvir o Daltro Maronezi, popular Magrão.

Desses, só conhecemos o Almir Zanette. Conversamos com ele uma vez, numa festa aqui no KM 20. Daí tomamos café com leite, polenta, salame e queijo. Todos os dias, trabalhamos em nosso sítio, temos a nossa horta, plantamos milho, feijão, mandioca, batata-doce e amendoim, e possuímos muitas variedades de frutas. Nossa propriedade é de três alqueires.

A Oliva faz pão caseiro, bolacha, biscoito e pé de moleque. O último porco carneamos há três meses. Paramos de criar porco e galinha porque a ração está muito cara. Não está valendo a pena. Mas, assim que as coisas se normalizarem, voltaremos a criar os bichos. A Oliva iniciou o almoço. Às 8h30, fui até o KM 20. Faz seis meses que comecei a bater o sino da Igreja, aos domingos de manhã. Bato em dois horários: às 9h e às 9h30. A Oliva foi para a Igreja um pouco mais tarde. Neste domingo, teve culto e deu menos gente pois várias pessoas da comunidade foram trabalhar no Centro Social Ouro Verde do KM 20, onde ocorreu  um encontro com 300 motociclistas. Assim que o culto terminou, voltamos a pé para casa. Tinha um vento bem forte. Para o almoço, a Oliva fez sopa de agnoline, mandioca com carne de galinha caipira ao molho, salada de alface e Coca-Cola.  Após, descansamos um pouco e voltamos novamente para o KM 20. Todos os domingos, participamos da matinê dos idosos que acontece no Centro de Convivência do Bairro Entre Rios, em Beltrão. Um ônibus da Prefeitura vem nos buscar. Fomos em 30 pessoas. A matinê era animada pelo Grupo Os Perotone. Eles tocam e cantam muito bem. Dançamos bastante. Às 16h, ganhamos pastel da coordenadora do nosso grupo de idosos. Eu e a Oliva tomamos duas cervejas preta, sem álcool, durante a matinê. Às 18h, chegamos em casa e tomamos banho. A Oliva esquentou a sopa de agnoline ejantamos. Às 19h15, fui dormir. Eu estava bastante cansado e com dor nos pés de tanto dançar. A Oliva ficou assistindo a missa na TV Aparecida. Às 20h, veio se deitar. O tempo esquentou e a previsão é para amanhecer chovendo.

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Eu nasci dia 25 de agosto de 1939, na Linha Bonita, em Concórdia (SC). Em 1948, com minha família, chegamos em Francisco Beltrão, onde hoje é o Bairro Marrecas. Viemos para trabalhar na roça. Em 1953, fui morar na Linha São Braz, com o meu irmão Lírio. Foi lá que conheci a Oliva Zuchello.

Ela é natural da Linha Taquara, que pertencia à cidade de Boa Vista (RS). Nasceu dia 23 de novembro de 1944. Em 1951, com 7 anos, a Oliva chegou na Linha São Braz com sua família. Eles foram trabalhar de agregados para uma tia. Quatro anos depois, seus pais compraram um sítio de oito alqueires. A Oliva conta que deram todo o dinheiro que tinham e mais duas galinhas para quitar a propriedade. Eles eram em dez irmãos e passaram tempos difíceis. Teve uma época que seu pai fazia cestos de taquara para trocar por banha de porco para fazerem comida. Em 1957, comecei namorar com a Oliva, que tinha 13 anos. Namoramos durante cinco anos, sempre  aos domingos à tarde. Nos sábados, trabalhávamos o dia todo na roça. Nossos sítios ficavam a uma distância de três quilômetros um do outro. Lembro de bons momentos. Um deles era na hora de sentar-se para namorar. As cadeiras tinham de ficar um metro longe uma da outra. Quando Oliva ia tomar água ou buscar alguma coisa na cozinha, eu sempre chegava com a minha cadeira um pouco mais perto da dela. Um domingo, fui almoçar com a família da Oliva. Lembro que os pratos ficavam virados com a boca para baixo. Eu estava nervoso. Na hora de comer, esqueci de virá-lo, peguei um pedaço de carne e coloquei-a carne no fundo dele. Fiquei com uma vergonha danada e,   rapidamente, virei o prato pra ninguém ver. 

Um sábado, fui namorar, à noite, num cavalo branco. Na hora ir para casa, o bicho havia escapado e tive de voltar a pé e só o encontrei no dia seguinte. Eu gostava muito de futebol e alguns domingos deixava de ir namorar para jogar bola. A Oliva ficava braba comigo. Nosso casamento foi dia 22 de setembro de 1962. Eu estava com 23 anos e pra Oliva faltavam dois meses pra completar 18 anos. Foi num sábado. Eu e mais dois padrinhos fomos de Jeep buscá-la em sua casa para irmos à Igreja. Quando chegamos, eles estavam nos esperando com café, bolo, pão, bolacha e tinha até galinha assada. A celebração foi às 10h, na Paróquia Nossa Senhora da Glória, em Francisco Beltrão. A festa do casamento aconteceu na casa do meu irmão Lírio e teve 20 convidados. Servimos carne de porco, galinha assada, vinho, pão e cuca. Teve janta e baile animado com gaita e violão pelos Irmãos Catto. Após o casamento, ficamos morando com o Lírio.

Fazia 15 dias que estávamos casados: eu estava juntando a plantação de  trigo quando  perdi  minha aliança. Ela ficou frouxa no dedo, caiu e não consegui mais encontrá-la. Moramos durante três meses com meu irmão. Daí conseguimos comprar um sítio de oito alqueires de terra, na Linha São Braz, com uma casinha bem velha, que há muito tempo estava abandonada. Ajeitei o lugar, fiz uma caixa de madeira para guardar nossas roupas e, com o facão, construí mesa e bancos. A nossa cama era de mola com colchão de palha. Após de um ano, a Olívia perdeu nosso primeiro filho. Depois, nasceu o Antônio Braz (falecido), Nivalda e a Lucimara. Temos três netas: Jaqueline, Izadora e Ana. Sempre trabalhamos na roça e gostamos muito do interior. Faz 20 anos que saímos do São Braz e viemos para o KM 20. Somos muito felizes aqui e todos os sábados recebemos a visita dos nossos filhos.

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