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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Dorvilho Lodi: “Uma carroça me passou por cima e, por sorte, não quebrou nada”

Segunda, 4 de abril. Às 5h, Adriano, Mariluci e a Ana Rita levantaram. A Mariluci ficou preparando o café. O Adriano e a Ana Rita foram tirar leite que  vendemos  para o Laticínio de Bom Sucesso do Sul. Depois, eles também trataram os porcos, as galinhas caipiras e terneiros. Eu levantei logo em seguida e liguei o rádio na Princesa AM, de Beltrão, para ouvir o programa do Rodrigo Pereira. Às 7h, o Adriano e a Ana Rita entram em casa. Então, fomos todos tomar café. O tempo começou a chover forte. Após o café,  o Adriano foi fazer alguns serviços no paiol. E nós ficamos dentro de casa. Ao meio-dia almoçamos, e ainda chovia muito. Após o almoço, eu tirei um cochilo até as duas. Quando eu levantei fui jogar canastra com a Mariluci e a Ana Rita. O Adriano foi arrumar o trato das vacas. Às 4 horas, parou de chover. Já passava das cinco  quando o  Adriano e a Ana Rita foram tirar leite e tratar os animais. Daí, tomamos  banho.  A Mariluci preparou a janta.

Assistimos o Jornal da Record e às oito e meia fomos todos dormir. O tempo estava bastante escuro e  previsão de mais chuva. Eu sou  natural de Soledade [RS]. Nasci dia 3 de agosto de 1930. Dia 8 de fevereiro de 1958 me casei com Vilma Lorenzon, que também era gaúcha de Antônio Prado. A Vilma nasceu dia 26 de julho de 1936. Lembro que o nosso casamento foi em um sábado de manhã.  Fomos buscar a Vilma de caminhão, na casa de seus pais, para irmos até a igreja. O casamento e a festa foi  na comunidade  de Gramadinho, lá no Rio Grande do Sul. Eram 60 convidados.

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Tivemos nove filhos: João, Maria Diones, Diana, Mariluci, Moacir, Itacir, Ana Rita, Luiz Carlos e Adriano.

Dorvilho em seu sítio, na Água Branca, Beltrão, onde mora desde 1965. Dia 3 de agosto ele faz 92 anos. Foto: Almir Girardi.

Em 1965, compramos um sítio na Água Branca onde estamos morando até hoje.  Dia 14 de setembro de 1992 a Vilma faleceu. Foi muito triste ficar sem ela. Se for contar todas as histórias da minha vida, dá um livro. Nunca fui de ficar perdendo tempo, meu sistema sempre foi de trabalhar.

Além dos serviços da roça também trabalhei com carneação de gado e fui criador de porco, cortando e puxando  lenha. Eu tinha   14 anos e estava roçando uma capoeira quando tropiquei e me enrosquei em um cipó. Caí com a mão no fio da foice. Fez um corte enorme e abriu toda minha mão.  Na época, não tinha médico. Então, passei banha de porco com tansagem, enrolei um pano e logo fiquei bom.

Uma vez, eu estava voltando da roça montado em um burro, tinha ido puxar trigo, quando encontrei uma carroça que era puxada por uma junta de bois. Na carroça iam cinco pessoas. O burro se assustou e saiu em disparada. Eu caí dele, mas o meu  pé ficou enroscado na cela. O burro me arrastou pela estrada, a  carroça me passou por cima. As rodas pegaram na altura do meu  peito. Fiquei todo esfolado, principalmente nas mãos. A minha sorte que não quebrou nada. Chegando em casa, minha tia passou álcool nos ferimentos. Doeu mais do que no momento do acidente!

Eu também fui ferreiro, coloquei muitos arcos de ferro nas rodas de carroças e ferrei muitos cascos de cavalos. O perigo maior dessa profissão era quando tinha de ferrar as mulas chucras. Tinha de derrubá-las e manear as quatro patas. Se uma das cordas arrebentasse, dependendo de onde a patada pegava, era morte na certa.

Dia 29 de dezembro de 2020 não morri porque ainda não era hora. Eu estava jogando canastra com a minha filha Maria Diones, que mora em Primavera do Leste, no MT. Ela veio me visitar. Jogávamos canastra, ao lado da casa, quando começou um vento forte, de chuva. Então, mudei a minha cadeira, que era de plástico, pra de baixo da área. Não percebi que um dos pés da cadeira ficou num degrau que havia no piso. Assim que sentei, o pé quebrou. Eu bati a nuca no muro da área, e depois caí de boca em algumas pedras, ao lado da área. Não vi mais nada. Perdi muito sangue, quebrei o nariz e me atingiu o maxilar. Deu traumatismo craniano. Fui socorido pelos bombeiros que me levaram para o Hospital Regional. O caso foi muito grave. Fiquei na UTI durante 15 dias. Depois, permaneci mais dez dias internado, num quarto, no hospital. Voltei para casa. Alguns dias depois, fui internado, muito mal, novamente, na Policlínica São Vicente de Paula. O médico me desenganou. Me deram alta para ir morrer em casa. Foi um milagre, não sei como aconteceu mas me recuperei. Hoje estou bem.

Acredito em Deus, sou muito religioso. Todos os dias, faço minhas orações. Agradeço aos profissionais do Hospital Regional e ao dr. Dalberto Dassoler, da Poloclínica São Vicente. Pois se  não fosse por eles, hoje não estaria aqui dando essa entrevista. Quem me atende agora é o  dr. André Kayano. Ele vem me consultar aqui em casa. Eu gosto muito dele. Além de ser muito atencioso, é um excelente profissional.

Fico aqui pensando, sempre trabalhei, principalmente no pesado, não parava um  minuto. Agora, o serviço que faço é ouvir rádio, assistir  TV e ler o Jornal de Beltrão.

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