A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) publicou, terça-feira, 30, o primeiro aviso de leilão na modalidade Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) referente à safra de trigo de 2014. Mas o presidente da Unicafes, Luiz Possamai, e Jaimir Colognese, presidente do Sindicato Rural de Verê, defendem que a intervenção governamental no mercado agrícola ocorra com urgência.
O pregão vai acontecer dia 7, quarta-feira, visando promover a venda e escoamento de 160 mil toneladas do cereal, sendo 150 mil toneladas do Paraná, 5 mil do Mato Grosso do Sul e 5 mil de São Paulo. Poderão participar produtores rurais e/ou suas cooperativas. O valor dos prêmios será divulgado dois dias úteis antes da data de realização do leilão.
Outros leilões
De acordo com o cronograma definido no último dia 23 de setembro, em reunião ocorrida no Ministério da Agricultura com representantes da cadeia produtiva, ao todo serão realizados quatro pregões em outubro. Além desse, que irá acontecer no dia 7, outros estão programados para os dias 14, 21 e 28 de outubro. O governo federal anunciou que vai destinar R$ 150 milhões aos leilões de Pepro para todo o Brasil, o que deverá viabilizar a comercialização de 1,25 milhão de toneladas do cereal. Dependendo da necessidade, será avaliada a possibilidade de promover outros pregões, conforme o andamento da colheita e o comportamento dos preços no mercado.
Intervenção com urgência
Jaimir Colognese, do Sindicato Rural de Verê, disse ao JdeB que “o governo anunciou estes valores (expostos nesta matéria) pra compra, mas a gente não tem nada definido, as empresas continuam não comprando trigo”. As empresas só recebem o produto para secagem e armazenagem porque o mercado está travado. “As coisas já deveriam estar acontecendo”, argumenta.
Outra preocupação de Jaimir é que além do baixo preço do trigo, muitos produtores da região terão prejuízos pela baixa qualidade do produto que falta ser colhido. O excesso de chuvas dos últimos dias provocou a rebrota e tem casos também de lavouras que acamaram (penderam para o lado). “Todos os municípios que plantaram trigo no final de junho agora as lavouras estão prejudicadas”, comenta.
Na comunidade em que reside – Linha Pintagueira, Verê – choveu 480 milímetros em menos de dez dias.
Luiz Possamai, presidente da União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), terá reuniões em vários ministérios e na Conab, nos dias 7 e 8 de outubro. Entre os assuntos, o pedido de liberação de recursos para as AGFs (aquisições do governo federal) visando a compra de trigo dos pequenos produtores e também para a compra de feijão.
AGF para o trigo
Devido a grande colheita da safrinha houve excesso de oferta do produto no Estado do Paraná e os preços do feijão ao produtor estão em baixa desde maio. Sobre o trigo, Luiz também informou que tem muitos produtores entregando a produção em armazéns. Porém, as empresas não estão comprando. “A nossa expectativa é que saia o AGF”, disse.
Possamai afirmou que em função do processo eleitoral “o negócio é fazer pressão, quem não faz pressão, não leva”. Para o produtor, os instrumentos de AGF e o Pepro garantem a compra pelo preço mínimo. No caso do feijão o preço mínimo da saca está fixada em R$ 95 e do trigo em R$ 33,45 – R$ 557,50 a tonelada, para a região Sul.
Produção recorde
Até agora, cerca de 47% da área do cereal já foi colhida no Paraná. Foram plantados cerca de 1,3 milhão de hectares. A previsão inicial era de uma safra recorde, estimada em quatro milhões de toneladas.