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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Estiagem e geadas causam prejuízo de R$ 2,7 bilhões nas safras de grãos da região

Somente a safra principal de soja ficou dentro da estimativa de produção; milho e feijão tiveram significativas perdas.

Lavouras de milho enfrentaram a cigarrinha, falta de chuvas e frio intenso e foram as mais afetadas.

A produção de silagem foi a que teve as maiores perdas em virtude das condições do tempo. A falta de chuvas nos últimos dois anos e as geadas do mês passado afetaram de forma severa as plantações de milho destinadas à silagem. A expectativa inicial era obter, nas duas safras, 5,3 milhões de toneladas no Sudoeste, mas a produção de silagem foi de 3,4 milhões: quebra de 34% e perdas que chegam a R$ 970 milhões. 

O dado faz parte de um levantamento do Deral/Seab (Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura), que contabiliza os prejuízos nas safras de grãos da região. As informações serão apresentadas na reunião da associação dos secretários de Agricultura, hoje. Segundo o levantamento, as perdas mais significativas foram verificadas na chamada safrinha do milho, colhida há poucas semanas, e que foi mais castigada pela falta de chuvas e frio intenso, além da ocorrência da cigarrinha, que causa o enfezamento das plantas. A quebra passou de 40% na microrregião de Francisco Beltrão. Somadas, as perdas na safra 2020/21 de soja, feijão e milho (grão e silagem) chegam a R$ 2,7 bilhões nos 42 municípios do Sudoeste.

Somente a safra principal de soja atendeu a produção estimada pelo Deral; as outras tiveram quebra em menor ou maior grau. O feijão acumulou R$ 560 milhões em perdas; o milho safrinha teve redução de 63% da estimativa inicial e o “feijão do seco” 74%. O levantamento não considera os impactos da estiagem e das geadas em outros segmentos, como a produção leiteira, de frutas e hortaliças. 

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Efeito em cadeia
O produtor Janir Grassi, de Cruzeiro de Iguaçu, esperava colher entre 800 e mil sacas de feijão, mas a produtividade foi de pouco mais de 120 sacas. “A gente já viveu várias épocas de poucas chuvas, agora já vinha de um período de dois anos mais seco, e sabe que a safrinha é mais arriscada, mas não esperava um rendimento baixo asism”, diz. A produção nem cobriu os custos.  

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Claimor Bottin, produtor em Beltrão, caracterizou os resultados da safrinha como “um balde de água fria”. Ele plantou 80 hectares de milho e a produtividade ficou entre 45 e 50%; não precisou acionar o seguro porque o bom preço do grão custeou a produção, mas aponta as consequências do tempo para os produtores e as cadeias. “O resultado ruim começa na lavoura e chega até o consumidor, com o aumento de preços, todo mundo vai mal ao longo da cadeia produtiva. Outra questão é que muitos produtores estão se descapitalizando diante das perdas e terão mais dificuldade pra programar as próximas safras, porque os insumos também estão com preço elevado.” 

A escassez de milho, por exemplo, deve intensificar a “importação” do grão para a região, onde é muito utilizado na fabricação de ração para aves. A Coptrans fechou um contrato com a BRF para trazer sete mil toneladas de milho de Barra do Garças (MT), a mais de 1.500 km. “Neste ano estamos buscando mais longe, e isso gera mais custos para os transportadores e para quem contrata, e o milho é de pior qualidade, às vezes nem descarrega no destino.”  

Déficit de chuvas
Entre agosto e dezembro do ano passado, a expectativa de chuvas em Beltrão era de 800 mm, mas caíram apenas 335, segundo Antoninho Fontanella, técnico do Deral. Em janeiro, choveu quase 400 mm e de lá pra cá as precipitações ficaram em um terço da média histórica. O levantamento regional não considerou a cultura do trigo, que começa a ser colhida no mês que vem e representa uma esperança para recuperar as perdas na agricultura. “Temos 113 mil hectares plantados na região e cerca de 10% das áreas podem ter perdas entre 15% e 20%, mas no geral a perspectiva é muito boa para o trigo.” A expectativa, agora, é de que o tempo alinhe nos próximos meses, permitindo boas safras de milho e soja para amenizar os prejuízos e recuperar a produtividade. 

Nas lavouras do produtor Claimor Bottin, em Francisco Beltrão, milho safrinha rendeu a metade da produção prevista.

 

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