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Francisco Beltrão
sábado, 14 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

Família aumenta área de plantio de milho

 

Ivanir Savegnago: aposta de preço melhor na safra. 

 

 A família de Otenilo Savegnago é pioneira de Francisco Beltrão. Há muitos anos Otenilo e os filhos mantêm uma fazenda na Linha Gaúcha para o plantio de trigo, feijão, milho e soja, criação de perus e suínos. A propriedade conta, também, com armazém e secador próprios. Ao contrário de outros produtores que decidiram apostar no plantio de soja, que está com um preço melhor, os Savegnago aumentaram em cinco alqueires a área de plantio de milho. 

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Ivanir Savegnago, filho de Otenilo e um dos administradores da fazenda, conta que, mesmo com o baixo preço do milho, a opção foi pelo cultivo do produto. A família está na expectativa de que na colheita o preço da saca de 60 quilos estará mais alto que os atuais R$ 18.
Ele conta que durante a safra a família deixou de vender milho a R$ 27 na expectativa de um preço melhor, mas aconteceu o contrário. Por isso, eles ainda mantêm 12 mil sacas estocadas e pretendem vender num momento de alta. 

Leia a entrevista
JdeB – A família Savegnago foi uma das primeiras a plantar milho em Beltrão, no final de agosto. Vocês plantaram 35 alqueires de milho pra grão, até cinco alqueires a mais. Vocês estão apostando nesta cultura, ao plantar mais?

Ivanir – É, tamo esperando que o preço melhore, porque não tá fácil o preço do milho, então, tamo tentando ver se sobra no preço, porque se vender de R$ 18 a 20 vai só empatar o dinheiro. Então, tamo tentando ver se talvez vá a R$ 24 ou R$ 25 o saco, daí dá um lucro a mais pra gente. 

JdeB – Se a safra for boa, vocês estão esperando quantos sacos por alqueire?
Ivanir – O ano passado nós colhemos 500 sacos por alqueire. Este ano esperamos um pouco menos ou um pouco mais, mas dando isso aí já tá bom.

JdeB – Esse plantio no final de agosto, início de setembro, é pra colher no início de dezembro?
Ivanir – É, tem o milho 1630, que é mais precoce, então colhe antes. E tem o 48 e 53, esses deve começar em janeiro e terminar em fevereiro. 

JdeB – Destes 35 alqueires, quanto foi a distribuição do plantio entre precoces e de ciclo normal?
Ivanir – Foi mais ou menos a mesma quantidade, de 12 a 13 alqueires de cada espécie de milho.
Deixamos de vender a R$ 27 na safra, hoje tá R$ 18 a saca.

JdeB – Em termos de custo de produção, quanto vocês estão estimando? E agora em função deste preço que está, na faixa dos R$ 18?
Ivanir – Este ano vai custar mais ou menos entre R$ 5.400 a R$ 5.600 o alqueire. 

JdeB – E com esse preço que está aí dá pra obter lucro?
Ivanir – Tem que colher muito bem. Vai mais ou menos uns 300 sacos por alqueire só pra pagar as despesas.

JdeB – Se der 450 a 500 sacas …
Ivanir – É, se colher isso, dá lucro, ainda. 

JdeB – Tem a safra do Mato Grosso e a safra dos Estados Unidos que está começando agora a colheita. A perspectiva, em termos de preços pro milho, parece que não é boa.
Ivanir – Não, a perspectiva pro milho não é boa mesmo. Nós esperamos que a safra do Mato Grosso só venha em junho ou julho, nós esperamos que em fevereiro ou março o preço do milho esteja um pouco melhor. E vamos segurar o milho estocado (a família armazenou parte da última safra) porque não tem condições de vender. Tem que segurar.

JdeB – E essas lavouras que vocês plantaram no final de agosto e início de setembro, como estão se desenvolvendo?
Ivanir – A lavoura tá vindo muito bem, não tá faltando chuva, não tem problema, tá começando o problema da lagarta do cartucho, mas isso é normal. 

Para Altemir Simonatto, agricultor está mais preocupado com os preços do momento

 

Altemir considera preocupante a diminuição da área de cultivo.

 

JdeB – O empresário Altemir Simonatto, presidente da Associação Regional das Empresas de Revenda de Insumos [Arias], está preocupado com a redução significativa nas áreas de cultivo de milho nas últimas safras. Para ele, o agricultor não deve só pensar no momento, já que o preço da soja está bom. Simonatto, que tem empresa de insumos em Bom Sucesso do Sul, entende que o agricultor deve pensar na rotação de cultura e com os ganhos futuros em sua propriedade e do solo.

JdeB – Nesta safra teremos uma redução grande na área de plantio de milho. Como revendedor de insumos, que informação você tem?
Altemir – Olha, no meu município, Bom Sucesso, a gente tá trabalhando este ano com uma perspectiva de redução de 50% em relação ao ano passado. Se a gente for ver em relação a três, quatro anos atrás, é muito grande a redução. Começa o plantio na semana que vem (terceira semana de agosto), mas é uma área muito pequena.

JdeB – Tem gente que vai plantar soja depois da soja?
Altemir – É preocupante, o pessoal tá esquecendo daquele princípio básico, lá de trás, da rotação de cultura. Muitos agricultores só tão pensando no agora, no momento: “Ah! a soja tá dando mais dinheiro”. Mas será que no futuro, com a rotação de cultura, ele não vai conseguir recuperar o valor que deixou de ganhar agora? A gente recomenda o que: tecnicamente, é muito importante fazer a rotação de cultura. Agora, essa monocultura, soja-soja, e aí tem muitos que tão no soja-feijão, soja-feijão, é horrível. A tendência, nós achamos que se continuar desta forma, lá no Norte, no Mato Grosso, plantar muito milho, é um perigo muito grande nós vermos o nosso milho daqui quase desaparecer. 

JdeB – Você acha que vamos (no futuro) ter que “importar” mais milho – do Centro-Oeste – para produzir ração, porque o custo de produção seja um pouco menor para as indústrias?

Altemir – A gente faz a conta, lá em cima (Centro-Oeste) o milho tá a R$ 10, R$ 12 a saca e chega aqui nestes R$ 22 a R$ 25. Então, é viável (aqui), a gente que faz conta, plantar milho a R$ 22 ou R$ 23 pra vender, vale a pena, dá pra plantar sem dúvida nenhuma. Não é problema.

JdeB – Mas tem que ser uma produção em escala?
Altemir – Claro, com certeza. Mas o agricultor tem que fazer cálculos, não adianta ele só pensar neste momento. Ele tem que fazer o cálculo da rotação de cultura e que no futuro vai ser um benefício dele também.

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