Agricultura

O Projeto Frango Caipira Vereda Ecológica de Verê deu mais um importante passo para sua consolidação. Além do abate em Chopinzinho e Foz do Iguaçu, uma nova parceria com um frigorífico de Ampere foi firmada nos últimos dias. Desde que teve início foram comercializados 65 lotes num volume aproximado de 39 toneladas de carne, e mais 19 mil dúzias de ovos. O objetivo do projeto é proporcionar uma nova fonte de renda para a agricultura familiar e agroecológica e produzir alimento de qualidade. São parceiros a Capa (Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia), Prefeitura, Coopervereda e apoio da Cresol. As famílias estão conseguindo uma renda aproximada de R$ 1.000 por mês.
O projeto está em andamento com cinco famílias, mas há pelo menos dez famílias com aviários e as propriedades aptas a alojar os frangos.
Conforme Talita Slota Kutz, agrônoma e coordenadora da Capa, o projeto surgiu em 2017 da necessidade das famílias de ter uma diversificação na renda. “A maioria das famílias têm uma propriedade pequena e as que cultivam hortaliças, por exemplo, sempre tem aquela sobra de verduras e, pensando na produção do frango caipira, seria possível utilizar pra alimentar as galinhas.”
Frango semiconfinado
O Frango Caipira de Verê tem uma característica diferente que é o semiconfinamento. Eles ficam no período inicial confinados no aviário e após o desenvolvimento, tem acesso aos piquetes com pastagem, onde recebem também alimentação alternativa (batata doce, mandioca, abóbora, restos de hortaliças, entre outros). A medicação é aplicada através de homeopatia.
Mercado em crescente demanda
O zootecnista Silvonei José Pontes, que coordena o projeto, observa que a família consegue ter uma renda mensal, produzindo carne de qualidade, atendendo a crescente demanda de mercado por produtos alternativos e de qualidade diferenciada. Conforme disse, até o momento os mercados foram a merenda escolar de Verê e a loja da cooperativa.
Baixa demanda de mão de obra
Outro importante detalhe é que o sistema foi desenvolvido para atender a demanda por alternativas de produção sustentáveis, com baixa demanda de mão de obra, ou seja, que pudessem ser realizadas por mulheres e mesmo por pessoas com idades mais avançadas. O projeto também abrange a produção de ovos caipiras.
Carne e ovo orgânicos no futuro
A ideia inicialmente era a produção de carne de frango e ovos orgânicos, contudo, ainda há um desafio a ser superado que é a suplementação da alimentação das aves. “As aves se alimentam de pasto. Como tem três lotes, então tem os três piquetes que tem essa rotação dos frangos e tem também a alimentação com concentrado. Pra passar de uma produção que é caipira pra produção orgânica, esbarra nessa utilização de concentrado, que não tem como retirar, porque a galinha, o frango vão precisar da proteína. Então, o principal gargalo é a questão da proteína que hoje é encontrada com a soja, normalmente transgênica. Pra comprar uma soja orgânica ou algum outro produto que substitui-se e que fossem orgânicos o custo é alto. Hoje a gente tem as universidades junto tentando pensar em alternativas, mas com a pandemia até isso paralisou também.” A expectativa é que o selo de produção orgânica irá valorizar o trabalho das famílias envolvidas podendo estimular os jovens a dar continuidade às atividades dos pais de maneira mais sustentável e com a garantia de renda.
Como não tem um abatedouro em Verê, no início, o abate ocorria apenas em Foz do Iguaçu. “No finalzinho do ano passado, a vigilância sanitária do Verê fez uma parceria com a vigilância de Chopinzinho, que lá tem um batedouro familiar e daí muitos lotes são abatidos lá em Chopinzinho. Então, pode ser comercializado na merenda escolar do Verê e lá em Chopinzinho também – então, isso abriu um pouco mais o mercado pra eles. Quarta-feira, 21, depois de um diálogo bastante grande com um abatedouro de inspeção estadual de Ampere, fechou-se uma parceria. Com selo de inspeção estadual, poderiam comercializar no Estado inteiro e o projeto poderia expandir, poderia comercializar tanto no Verê quanto em outros municípios”, comenta Talita. Além da merenda escolar, parte da produção é destinada para ações humanitárias. “A gente vai, na semana que vem, abater um lote de frango que irá para comunidade indígena em Chopinzinho.”