Problema pode afetar a bovinocultura de corte e leite.

JdeB – Após as intensas chuvas dos últimos meses e agora as geadas dos últimos dias, os pecuaristas que mantêm bovinos de leite e corte no sistema a pasto vão ter que investir na compra de feno, silagem ou ração para alimentar o gado. Menor quantidade de leite por vaca ou bovino que perde peso ou não engorda se reflete em menor renda aos produtores.
Na pecuária leiteira regional, nos últimos anos, muitos produtores investiram em pavilhões novos ou adaptaram seus aviários desativados para trabalhar nos sistemas free stall ou compost barn. Nestes modelos, os animais ficam abrigados, recebendo alimentação e produzindo leite.
Lino Zeni, diretor do Laticínio Alto Alegre, de Verê, diz que atualmente a produção de leite não oscila porque há mais produtores que possuem vacas confinadas. Isso garante um grande volume de matéria-prima o ano todo para os laticínios.
Alberi Agnoletto, tesoureiro da Sociedade Rural e produtor de bovinos de corte em Francisco Beltrão, relata que com as chuvas constantes e depois as geadas, os animais perdem peso. Além das chuvas, a pastagem também pode ser prejudicada quando o gado passa a pisar seguido sobre ela. “Fica um pasto mole e aguado”, conta o produtor.
Nas épocas de muita chuva ou geadas, as propriedades que possuem rebanhos a pasto têm que usar mais ração ou silagem para a alimentar o gado. Por isso, Alberi argumenta que o produtor que possui sistema de produção a pasto tem que ter previsão sobre a alimentação do gado durante ano.
Nas propriedades mais altas a formação de geadas é mais difícil. Foi o caso destas últimas frentes frias que atingiram a região, formando geada principalmente nas áreas mais baixas.
O pecuarista diz que o fator climático influencia no desenvolvimento do rebanho. “Essa época, se não tem ‘boia’, o bicho vai bater perna”, ressalta o criador, referindo-se à necessidade do bovino procurar mais pastos em outras áreas da propriedade. Se a cabanha tiver estoque de silagem, a pastagem acaba se mantendo.
Um termômetro
Para Alberi, o leilão da Sociedade Rural de Francisco Beltrão marcado para domingo, 19, será um “termômetro” para saber se as condições climáticas – excesso de chuvas e muito frio – impactaram nas propriedades que se dedicam à pecuária de corte. Se forem colocados muitos animais à venda, poderá ser um sinal de que os problemas climáticos afetaram o desenvolvimento dos rebanhos.
Mas o produtor não pode analisar só as condições climáticas antes de colocar os bois à venda. Há outros fatores, como o pagamento de parcelas de financiamentos. Em julho vencem as parcelas de financiamento agrícola e o produtor precisa de recursos para o pagamento. As cotações do boi gordo estão se mantendo estáveis.