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sexta-feira, 13 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

MERCADO DE LEITE

Importação de leite prejudica o setor produtivo

A opinião é corroborada por várias pessoas que acompanham o mercado.

A atividade leiteira, nas propriedades, passa por um momento complicado. Foto: Flávio Pedron/JdeB.

JdeB – A importação de leite da Argentina e Uruguai para forçar a manutenção ou redução dos preços nas prateleiras dos supermercados foram mencionadas em vários discursos ou entrevistas na semana passada, durante a Via Tecnológica do Leite, realizada em Francisco Beltrão. Nas entrevistas, produtores e empresários ressaltaram que não há outra opção nas propriedades que se dedicam à atividade leiteira, a não ser buscar a eficiência produtiva.

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Adriano Daros, diretor indústria de sais minerais Rumo, de Francisco Beltrão, disse que “o mercado de leite vem passando por alguns problemas, mas sempre temos que ter a esperança e continuar trabalhando pra que dias melhores venham”.

Armando Rabbe, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Gado Holandês, de Castro (PR), afirmou que “a gente fica triste com essa importação destes grandes volumes dos países vizinhos, mas hoje, com a globalização, isso acontece em ambos os lados. O que nós temos que estar preparados, como produtores, é ser eficiente como eles [os concorrentes externos]. Como acontece isso [produzir com menos custos] não sabemos. Se são os incentivos fiscais, se os custos de produção são menores ou se não tem tantos impostos sobre os produtos”.

Gera renda e impostos

Noberto Ortigara, secretário estadual de Agricultura, comentou que “nós temos no leite um produto importante, que contribui pra geração de renda nas nossas milhares de propriedades rurais, é o quarto produto que mais gera valor, uma cadeia que  não é fácil, que vive de altos e baixos, todos sabem, e que enfrenta, no atual momento, uma concorrência desleal, um ponto fora da curva, do ingresso de leite no Brasil, especialmente do Uruguai e da Argentina, mas nós estamos persistindo, com esforços como esse da nova Via Tecnológica do Leite, o esforço que faz a indústria, a agricultura familiar, na busca de transformar e agregar, e assim que nós estamos evoluindo bem”.

Três pilares

Lino Zeni, diretor do Laticínio Alto Alegre, de Verê, também analisou a importação de leite.

“Eu gosto de falar sempre que a cadeia do leite se sustenta em três pilares: o produtor, a indústria e o varejo, que atende o consumidor lá na ponta. Esses três pilares precisam estar alinhados e a entrada de leite da Argentina e Uruguai tá prejudicando muito a cadeia como um todo. Está chegando aqui leite da Argentina na faixa de 0,40 de dólares, enquanto o nosso leite aqui tá bastante acima disso.”

Adequar os custos

O executivo do laticínio vereense defende que é preciso adequar os custos “para que o produtor também consiga oferecer um leite pra indústria numa condição de menor preço e ganhando dinheiro também, senão não se justifica. E também a indústria tem que ter a sua margem. Precisamos aproximar muito do segmento varejista, porque o varejo, em certos momentos, tem distanciado um pouco os preços ao consumidor, que faz com que o consumidor se afaste da gôndola e realmente baixe consumo, sobe a oferta e o preço cai”.

A situação do mercado deste setor será discutida na reunião mensal do Sindicato das Indústria de Leite do Paraná (Sindileite-PR). “Eu faço parte da Sindileite do Paraná, da diretoria, é uma das pautas agora pro mês de julho que estamos vivendo hoje, é discutir essa questão aí com os integrantes desses segmentos do varejo”, continuou Zeni.

Preço ao consumidor

Os preços do leite ao consumidor, nos supermercados, estão variando de R$ 4 a R$ 6.

Agora, seria o momento de os criadores terem uma melhor renda. Mas a entrada de leite importado, com preços menores que os praticados no mercado nacional, força a redução de preços.

O site notícias agrícolas informa que “as importações brasileiras de lácteos de janeiro a maio de 2023 tiveram acréscimo de 212% em relação aos primeiros cinco meses de 2022. Neste ano, o Brasil já importou principalmente da Argentina e do Uruguai 850 milhões de litros de leite, volume que, no ano passado, foi atingido só em setembro”.

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