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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Indústrias terão de comprar mais milho e soja de outras regiões para fabricar rações

A região produz menos milho do que a demanda necessária.

Fábrica de rações da Gralha Azul, em Beltrão: produção de 500 toneladas/mês, só com milho de fora devido à escassez na região.

As indústrias de ração do Sudoeste do Paraná terão de comprar mais milho de outras regiões brasileiras para fazer frente às suas necessidades. A forte estiagem enfrentada por vários municípios provocou perdas superiores a 40% na produção para grãos e silagem.A região mantém grandes plantéis de galinhas para produção de ovos (férteis e para consumo humano) e muitos aviários alojam pintinhos para produção de frangos que são abatidos e industrializados por sete grandes agroindústrias. Na região de Francisco Beltrão e Dois Vizinhos foram plantados 100 mil hectares de milho safrinha – segunda safra – e outros 35 mil a 40 mil hectares para produção de silagem.

As perdas, tanto para grão quanto para silagem, já superam os 50% por falta de umidade no solo e as baixas temperaturas dos últimos dias. Muitos agricultores plantaram milho dentro do período indicado pela Lei de Zoneamento Agrícola – até 20 de fevereiro –, mas também foram muitos aqueles que plantaram fora da época apropriada, por causa da falta de chuvas. Teve gente que plantou até o dia 10 de março e as lavouras ficaram suscetíveis a prejuízos decorrentes da estiagem, à menor ensolação no Outono e ao frio.

O técnico Antoninho Fontanella, do Departamento de Economia Rural (Deral) do Núcleo Regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) de Francisco Beltrão, se diz preocupado com a oferta de milho para as propriedades que precisam para alimentar as criações de gado de corte e leite, galinhas caipiras e suínos, além das empresas integradoras que utilizam o produto para suas indústrias de rações e abastecimento dos aviários integrados.  

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Como a produção regional não dá conta desta demanda, grandes quantidades de milho são trazidas, via transporte rodoviário, do Paraguai, do Oeste do Paraná e do Mato Grosso. “E aí temos todas as dificuldades, as indústrias nossas de ração, muitas delas as próprias plantas de ração, elas não têm como armazenar o ano inteiro, daí elas têm que trazer cargas de outras regiões durante o ano”, explica Antoninho. 

Outro aspecto no setor agropecuário é que o consumo de milho é muito grande em propriedades leiteiras. “Nós temos que considerar de 25 a 30 mil propriedades que consomem milho, nessa produção que estamos citando, de 700 mil toneladas. Então o déficit ainda se situa nesta faixa de 60% a 70%, que precisa vir de outras regiões”, argumenta o técnico.

O impacto 
A Gralha Azul Avícola, que produz ovos para consumo humano em Francisco Beltrão, compra grande parte do milho para sua fábrica de ração das regiões Oeste e Noroeste do Paraná. São cerca de 500 toneladas/mês para as granjas próprias e de integrados. Otmar Rempel, executivo-chefe da empresa, diz que diante da escassez do produto no Sudoeste, neste ano 100% do milho terá de ser comprado de fora. Otmar ressalta que a necessidade da Gralha Azul não é tão significativa. Já os grandes players (companhias de alimentos) e cooperativas agropecuárias compram em grandes quantidades milho e soja e conseguem fazer estoques.

Produtor de suínos não vê melhora a curto prazo
Everton Ferreira, presidente da Associação Regional de Suinocultores (ARSS), mantém plantéis de vacas leiteiras e suínos em sua granja, no Divisor, em Beltrão, e também está tendo de encarar o aumento nos preços do milho para manter suas atividades. “O milho virou uma coisa mais procurada, de maior saída, há anos não tinha uma valorização tão grande. Todo mundo veio e limpou. Não é uma situação que eu vejo, em curto prazo, nenhuma melhora. Falar de mercado é uma coisa muito difícil, ninguém sabe [o que vai acontecer]. Eu não aposto no soja tão alto por muito tempo, mas é uma ideia minha; em milho sinto que tem que ser uma super safra. O que eu acho que o governo deveria fazer é um recurso pra se plantar mais milho no cedo do que soja. A soja é uma planta mais barata, mais certeira e a do milho mais arriscada. Hoje nós estamos com falta de milho no Brasil, deveria ter um incentivo pra isso, mas dos grandes, não adianta aqui na região, porque é só pra silagem, pra tratar as vacas”, analisou em entrevista ao JdeB, em março.

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