
Foto: Flavio Pedron/JdeB
JdeB-Seab – A colheita da soja começou de forma lenta na microrregião de Francisco Beltrão-Dois Vizinhos, principalmente nas variedades de ciclo mais curto e com perspectiva de boa produtividade. Na semana passada, algumas lavouras de soja foram dessecadas para a colheita nesta semana. A reportagem do Jornal de Beltrão verificou algumas áreas em Seção Jacaré e Linha São João prontas para a colheita. O aspecto das plantas e das vagens indicava boa produção nestas áreas.
Neste ano, devido ao baixo preço do milho, muitos agricultores beltronenses decidiram optar pela soja. Pelo interior se vê poucas lavouras de milho. Esta opção do produtor terá implicação no mercado do milho porque as indústrias de ração do Sudoeste, localizadas em Francisco Beltrão, Pato Branco, Dois Vizinhos e Itapejara D’Oeste, necessitam de grandes quantidades do cereal para fabricar a ração que é destinada às criações de frangos, perus e aves de postura.
Conforme Cleverson Penso, gerente da Coasul Beltrão-Verê, as produtividades das primeiras lavouras estão variando de 70, 100 a 170 sacas por alqueire.
A maioria dos produtores de leite já fez a silagem de milho, mas os baixos preços recebidos pelo litro do produto têm comprometido a renda e desestimulado a atividade.
Preços
Depois de um ano considerado excepcional para a safra paranaense, que bateu o recorde de 41,6 milhões de toneladas, 2018 deve ter uma colheita menor, mas compensada pela melhora das cotações. A China, principal comprador de produtos do Paraná, deve manter a demanda tanto de grãos quanto de carnes.
A projeção do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, é que a safra total 2017/2018 fique em 35,5 milhões de toneladas, 10% abaixo da anterior. A soja na cotação do Departamento de Economia Rural (Deral), no Núcleo Regional de Francisco Beltrão, na data de ontem, variava entre R$ 62,00 e R$ 65,50 a saca de 60kg. O milho era comercializado com valores entre R$ 23,50 a R$ 27,50.
Áreas colhidas
A colheita está na fase inicial na região Sudoeste. Segundo a Seab, em boletim do dia 5 de fevereiro, dos 288.200 hectares plantados na microrregião de Francisco Beltrão, foram colhidos 2.882 ha. Conforme o levantamento, 15% está em fase de floração, 35% em frutificação e 50% maturação.
Em Pato Branco, dos 323.570 hectares plantados, houve colheita de 970 hectares, dos quais 30% em floração, 50% frutificação e 20% maturação.
Primeiras lavouras têm ótima produtividade
O engenheiro agrônomo Givanildo Assmann, da Insuagro de Verê, diz que a empresa está recebendo soja há cerca de duas semanas. A produtividade das primeiras lavouras está surpreendendo. Havia certo temor em virtude do excesso de chuvas em janeiro, contudo, os produtores estão colhendo bem. Há lavouras rendendo de 190 a 200 sacos por alqueire, média considerada excelente. “Talvez alguns grãos que ainda estão na lavoura, plantados mais tarde podem ter uma qualidade pior, mas de maneira geral, até o momento, estão muito bons.”
Falta de espaço para armazenar
Um dos problemas que a região vai enfrentar mais uma vez é a falta de armazéns. O agrônomo informa que “muito trigo, milho e até mesmo soja da safra passada não foi vendido. Certamente irão faltar armazéns, porque a capacidade na região é pequena. Entretanto, não vamos deixar de receber por isso, dá-se um jeito, podemos alocar em depósitos até mesmo no porto de Paranaguá.” Neste ano, diferente de algumas safras, os produtores estão optando por vender sua colheita, muitos já tinham contratos firmados.
Quem conseguiu antecipar a colheita de soja, está comemorando a expansão do calendário para safrinha de milho e feijão, que foi estendido para 176 municípios do Paraná até 20 de fevereiro. “Alguns municípios aqui da região, como Dois Vizinhos, São João, entre outros, já tinham esse prazo maior, mas nós aqui no Verê não, ia até o dia 31 de janeiro apenas.”
Chuva de janeiro interferiu na qualidade
O gerente de compras da Coopertradição de Pato Branco, Adegir Tumelero, informa que há 10 dias já está chegando soja na cooperativa. Conforme as cargas vão chegando, a cooperativa já vai embarcando no porto de Paranaguá para atender contratos de venda e não ter problemas de falta de espaço para armazenar. Ele diz que de 30% a 40% dos produtores já tinham contratos de venda da soja.
“A primeira soja, que foi plantada com atraso devido às chuvas de agosto, não rendeu muito bem, tem média de 120, 130 e 140 sacas por alqueires. As lavouras colhidas nesta semana começaram dar uma média melhor, entre 170 e 180 sacas por alqueire.”
Adegir comenta que a soja que deveria ter sido colhida em janeiro sofreu com o excesso de chuvas e o grão perdeu qualidade. “Chovia, dava os intervalos e os grãos secavam, depois chovia de novo e umedecia.” Ele acredita que a colheita deve acelerar nos próximos dias.
Em Pato Branco, Vitorino, Renascença, Coronel Vivida e Clevelândia, o ritmo de colheita é bom. Adegir salienta que os preços devem ficar nesta faixa de R$ 65,50 a saca de 60 kg, por isso não adianta o produtor segurar o produto esperando preços melhores.