A bacia leiteira do Sudoeste é a mais importante do Paraná, com 1,2 bilhão de litros/ano. O município de Francisco Beltrão ocupa o primeiro lugar há três anos em produção. No ano passado foram produzidos 73 milhões de litros em Beltrão. A atividade é explorada em aproximadamente 30 mil propriedades rurais da nossa região. Boa parte do leite produzido aqui abastece os laticínios de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. O leite é uma espécie de commoditie. Mas mais que isso, garante a manutenção de milhares de famílias no campo na nossa região e no Paraná.
Desde o ano passado, o segmento vive um período de dificuldades porque há excesso de produção e grandes estoques nos laticínios. Para complicar, o Governo Federal tem autorizado as importações do produto da Argentina e Uruguai e o preço aos produtores e consumidores tem se mantido baixo. Não há previsão de melhoria na remuneração dada a grande quantidade de estoques e as importações. Nos meses de outono-inverno o consumo aumenta e o preço da matéria-prima paga ao produtor aumenta, bem como ao consumidor. Neste ano não houve aumento para os produtores e nem para os consumidores. O consumidor não tem do que reclamar, o preço do leite longa vida está bem abaixo do normal.
Com todo este cenário preocupante, no mês passado a Amsop e outras entidades da região se uniram e foi elaborado um ofício entregue ao secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara, pedindo que o Governo do Estado interceda perante o Governo Federal para restringir as importações de leite do Uruguai e da Argentina. Esta seria uma forma de minimizar o problema.
Apesar do problema e da importância da bacia leiteira do Sudoeste do Paraná, não se viu, até agora, pronunciamentos da classe política local, regional e estadual em apoio à atividade que não é só importante para aqui, mas em todo o Estado. As regiões Oeste, Sudoeste e os Campos Gerais são as maiores produtoras de leite no Estado. Os nossos políticos parecem que não despertaram para a gravidade da situação.
Uma das soluções para médios e grandes produtores de leite é demitir pessoal nas granjas. O Governo Federal até agora não fez nada em favor dos produtores na questão de mercado. É muito cômodo ficar em Brasília, nos gabinetes refrigerados – afinal estamos na época de estiagem e altas temperaturas no Planalto Central – e não tomar medida que possam ajudar um pouco os produtores.
Estranho também que entidades de agricultores familiares e empresariais do Paraná não tenham se pronunciado até agora. Será que a situação das propriedades produtoras de leite ainda não chegou a estas entidades? Hoje, em Brasília, está marcada uma audiência com o ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil, com entidades do Rio Grande do Sul e algumas do Paraná e Santa Catarina. Pauta: compra de leite pela Conab para formar estoque regulador e transformar a matéria-prima em leite em pó.