8.2 C
Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Milho deve ter quebra de 55% na região

Atraso no plantio e condições climáticas adversas atrapalharam a cultura.

Produtor rural de Seção São Miguel, em Francisco Beltrão, entrevistado em abril, pelo JdeB, mostrou sua lavoura de miho afetada pela falta de chuvas.

A cultura do milho safrinha deve apresentar pelo menos 55% de quebra na região dos 27 municípios de abrangência do Departamento de Economia Rural da Secretaria Estadual de Abastecimento (Deral/Seab) de Francisco Beltrão. A informação é do chefe do Deral, Antoninho Fontanella. A produção inicial, segundo ele, estava estimada em 345 mil toneladas. “As perdas, pelo que calculamos, devem ser de pelo menos R$ 432 milhões na região, com o milho a R$ 86/saca. Para plantar os 100 mil hectares de milho, na região, tivemos um custo de aproximadamente R$ 300 milhões. Portanto os prejuízos são muito maiores do que o estimado”, revela.


Adversidades e atrasos

Dentre os problemas para a quebra elevada estão os atrasos na plantação da cultura e o longo período de estiagem, bem como as fortes geadas que atingiram a região entre os meses de maio, junho e julho. “De 30% a 40% das lavouras foram plantadas fora do período do zoneamento agrícola, que teve início em 20 de fevereiro. O atraso aconteceu em função das colheitas tardias do milho safra normal e da soja safra normal. Também tivemos geadas com forte intensidade”, diz Antoninho. Segundo ele, algumas lavouras tiveram perda total e não vão nem ser colhidas. “Temos que analisar mais profundamente, mas a geada do dia 25 de maio trouxe perda total em pelo menos dez mil hectares”, diz.


Alerta aos produtores

Como as plantas não chegaram a cumprir o ciclo de produção completa do milho com o total preenchimento de grão, Antoninho alerta os produtores para que não tentem aproveitar o que restou nas lavouras para a produção leiteira, por exemplo, porque os animais que consumirem podem ter problemas de intoxicação alimentar. “Temos que observar muito bem a qualidade do grão que será colhido. Muitas lavouras devem apresentar problemas sérios e esse milho não pode ser consumido pelos animais por causa da intoxicação. Isso, além de tudo, pode se refletir na produção de leite”, completa Antoninho.

- Publicidade -

Situação nunca vivenciada
Na região dos 15 municípios de abrangência do Deral/Seab de Pato Branco, a quebra deve chegar a quase 60% no milho safrinha e, de acordo com Ivano Carniel, chefe do órgão na região, é uma situação nunca antes vivenciada na segunda safra do milho. “Tínhamos a estimativa inicial de 80 mil hectares na safrinha, o que deveria dar de 488 mil a 536 mil toneladas. Deve vir para 200 mil a 225 mil toneladas, uma quebra de 58,5%. Essa é uma situação que nunca tínhamos vivenciado”, conta Ivano. As chuvas previstas para os próximos dias ainda podem fazer com que a situação piore, segundo ele. “A umidade do grão está muito alta, de 30% a 35%, quando o ideal é de 16% a 18%. Pode ser que a qualidade do grão piore ainda mais”, diz. 


Quebra no Estado
O secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, afirma que no Paraná, na média de todas as regiões, a quebra do milho safrinha deve ser de 53,3%, com redução de 14,7 milhões, para 6,8 milhões de toneladas colhidas. Os prejuízos, de acordo com ele, devem ficar entre R$ 10 e 11 bilhões no Estado. “O milho safrinha já vinha sofrendo com estiagem há alguns meses e as geadas no final de junho e início de julho causaram um estrago danado. Isso é um coice no bolso dos agricultores e um prejuízo enorme para a economia”, fala.

Aumento de impostos
Por região, segundo ele, os números com relação à quebra no milho safrinha são os seguintes: no Norte, quebra de 47,7%; no Noroeste, perdas de 58,84%; no Nordeste, quebra de 52%, no Oeste, 58%; no Sudoeste acima de 54% e no Sul, 38%. “É uma perda considerável para nossa economia, que deve causar aumento de impostos e pode nos levar a buscar milho em outros estados, como Mato Grosso e Goiás”, sugere. Grande parte da plantação do milho safrinha no Estado não teve financiamento, nem seguro. “Por isso é um grande prejuízo para os nossos agricultores”, finaliza.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques