Atraso no plantio e condições climáticas adversas atrapalharam a cultura.

A cultura do milho safrinha deve apresentar pelo menos 55% de quebra na região dos 27 municípios de abrangência do Departamento de Economia Rural da Secretaria Estadual de Abastecimento (Deral/Seab) de Francisco Beltrão. A informação é do chefe do Deral, Antoninho Fontanella. A produção inicial, segundo ele, estava estimada em 345 mil toneladas. “As perdas, pelo que calculamos, devem ser de pelo menos R$ 432 milhões na região, com o milho a R$ 86/saca. Para plantar os 100 mil hectares de milho, na região, tivemos um custo de aproximadamente R$ 300 milhões. Portanto os prejuízos são muito maiores do que o estimado”, revela.
Adversidades e atrasos
Dentre os problemas para a quebra elevada estão os atrasos na plantação da cultura e o longo período de estiagem, bem como as fortes geadas que atingiram a região entre os meses de maio, junho e julho. “De 30% a 40% das lavouras foram plantadas fora do período do zoneamento agrícola, que teve início em 20 de fevereiro. O atraso aconteceu em função das colheitas tardias do milho safra normal e da soja safra normal. Também tivemos geadas com forte intensidade”, diz Antoninho. Segundo ele, algumas lavouras tiveram perda total e não vão nem ser colhidas. “Temos que analisar mais profundamente, mas a geada do dia 25 de maio trouxe perda total em pelo menos dez mil hectares”, diz.
Alerta aos produtores
Como as plantas não chegaram a cumprir o ciclo de produção completa do milho com o total preenchimento de grão, Antoninho alerta os produtores para que não tentem aproveitar o que restou nas lavouras para a produção leiteira, por exemplo, porque os animais que consumirem podem ter problemas de intoxicação alimentar. “Temos que observar muito bem a qualidade do grão que será colhido. Muitas lavouras devem apresentar problemas sérios e esse milho não pode ser consumido pelos animais por causa da intoxicação. Isso, além de tudo, pode se refletir na produção de leite”, completa Antoninho.
Situação nunca vivenciada
Na região dos 15 municípios de abrangência do Deral/Seab de Pato Branco, a quebra deve chegar a quase 60% no milho safrinha e, de acordo com Ivano Carniel, chefe do órgão na região, é uma situação nunca antes vivenciada na segunda safra do milho. “Tínhamos a estimativa inicial de 80 mil hectares na safrinha, o que deveria dar de 488 mil a 536 mil toneladas. Deve vir para 200 mil a 225 mil toneladas, uma quebra de 58,5%. Essa é uma situação que nunca tínhamos vivenciado”, conta Ivano. As chuvas previstas para os próximos dias ainda podem fazer com que a situação piore, segundo ele. “A umidade do grão está muito alta, de 30% a 35%, quando o ideal é de 16% a 18%. Pode ser que a qualidade do grão piore ainda mais”, diz.
Quebra no Estado
O secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, afirma que no Paraná, na média de todas as regiões, a quebra do milho safrinha deve ser de 53,3%, com redução de 14,7 milhões, para 6,8 milhões de toneladas colhidas. Os prejuízos, de acordo com ele, devem ficar entre R$ 10 e 11 bilhões no Estado. “O milho safrinha já vinha sofrendo com estiagem há alguns meses e as geadas no final de junho e início de julho causaram um estrago danado. Isso é um coice no bolso dos agricultores e um prejuízo enorme para a economia”, fala.
Aumento de impostos
Por região, segundo ele, os números com relação à quebra no milho safrinha são os seguintes: no Norte, quebra de 47,7%; no Noroeste, perdas de 58,84%; no Nordeste, quebra de 52%, no Oeste, 58%; no Sudoeste acima de 54% e no Sul, 38%. “É uma perda considerável para nossa economia, que deve causar aumento de impostos e pode nos levar a buscar milho em outros estados, como Mato Grosso e Goiás”, sugere. Grande parte da plantação do milho safrinha no Estado não teve financiamento, nem seguro. “Por isso é um grande prejuízo para os nossos agricultores”, finaliza.