13.8 C
Francisco Beltrão
terça-feira, 03 de junho de 2025

Edição 8.217

03/06/2025

Neiva Mafioletti, de Chopinzinho, vive na cidade mas se considera agricultora

Por Almir Girardi – Sexta-feira, 15 de julho – Estou de férias desde o dia 8. Fiquei uns dias na casa da minha irmã Neide e do meu cunhado Dirceu Donzele. Eles residem em Quilombo (SC). Nós levantamos às 6h30 e fomos tomar  chimarrão. Se eu estivesse em casa estaria ouvindo o Programa Revista 102, apresentado pelo Evandro Artuzzi, da  Rádio FM 102.9, de Chopinzinho. Após o café, fui com a Neide e o Dirceu. Eles têm o Restaurante e Pizzaria Donzele, no Centro da cidade. Veio bastante gente almoçar. Passei o dia com eles. Duas da tarde. Comprei uma passagem na Viação Ouro e Prata para Francisco  Beltrão. O horário ficou agendado para as 16h20. Vou ficar uma semana na casa da minha irmã Iva. Ela mora em uma chácara no KM 4, Aeroporto.

Neiva Mafioletti mora na cidade mas quando está de férias passa o maior tempo no interior.

O ônibus atrasou. Quando saí de Quilombo faltavam dez pras 18h. Durante a viagem foi tudo tranquilo. Cheguei em Beltrão às 21h. A Iva e a minha sobrinha Lucivani já estavam na rodoviária me esperando. Chegamos na casa da mana, jantamos e ficamos conversando. Na semana que vem, vou ficar alguns dias na minha outra irmã, Denir. Ela mora na Linha Santa Inês, em Chopinzinho, com o seu esposo, Ilseu Peretti, num bonito sítio. Às 23h30, fomos dormir. O tempo em Beltrão estava mais frio do que em Santa Catarina.

Eu nasci na cidade de Lauro Miller (SC). Com dois anos, fomos morar na Linha Criolin, em Chopinzinho. Meus pais eram o seu Niut Mafioletti e Liria Girardi. Eles tiveram 14 filhos, dois são falecido. Sou a sexta filha. Cinco anos depois, mudamos para a Linha Mafioletti, também em Chopinzinho. Lá era só parente. Com 7 anos, comecei a estudar. Eu e meus irmãos fazíamos quatro quilômetros a pé para chegar na escola. Nós não tínhamos mochila. Na época, levávamos nossos materiais em pacotes de açúcar, feitos de plástico. Era pouca coisa: lápis, borracha, um caderno e a cartilha. Lembro que, quando chovia, íamos descalços. Colocávamos as congas de bico branco, que tínhamos, embaixo do braço, para não sujar. Ao lado da escola, havia uma fonte com  água bem limpinha. Ali, nós lavávamos os pés e colocávamos o calçado, ninguém usava meia. Na sala de aula, eram todos juntos, da primeira até a quarta série e só tinha um professor para todos os alunos. Era bem rígido.

- Publicidade -

O professor me deu uma reguada

Quando estudava, ainda existiam os castigos: ficar de joelhos em cima dos grãos de milho e levar reguada nas mãos. Só apanhei uma vez: estava na terceira série. O professor escreveu no quadro a seguinte frase: “Na feira tinha trinta e dois ‘prangos’”. Eu falei: “tem uma letra errada, é ‘frangos’”. Lembro que ele ficou muito brabo, chegou perto de mim e me deu uma reguada na mão. Daí foi até o quadro, apagou e escreveu a palavra certa. Mas ficou  tudo bem, ele era um ótimo professor. Sempre passei de ano. De manhã, estudávamos e à tarde, íamos na roça. Os serviços eram pesados e braçais.

Em 1982, fui morar na cidade de Chopinzinho, na casa de uma amiga dos meus pais, a nona Comeli. Meio dia, eu ajudava ela com os serviços da casa, depois ia no curso de costureira.  Dia 18 de fevereiro de 1984, minha mãe faleceu, foi tudo muito triste. Meu pai ficou com nove filhos, a menor tinha 11anos. Três anos e meio depois, ele casou-se com a Maria de Neis, que já tinha uma filha, a Lizete, de 8 anos. Hoje, Lizete é minha afilhada.

Em 1988, mudei para São João. Fui trabalhar na Ótica Relux. Em 1989, o pai, a Maria e a Lizete mudaram para Novo Horizonte (SC). Lá tiveram mais três filhos. Em 1993, montei minha sala de costura em Chopinzinho. Dia 15 de julho de 2008, o pai faleceu em Novo Horizonte. Ele sempre foi um homem bom e honesto, criou 18 filhos. Sempre nos demos muito bem entre os irmãos.

Em 2000, parei de costurar. Em agosto de 2001, fui eleita para o Conselho Tutelar de Chopinzinho, com 84 votos. Em 2005, trabalhei no administrativo da APMI. De 2008 a 2015, novamente fiz parte do Conselho Tutelar. De 2017 a 2019, trabalhei no Projeto Criança Feliz, desenvolvido pela Assistência Social  da Prefeitura. Eu fazia  visitas domiciliares. Hoje, continuo no Conselho Tutelar, fui eleita pela quarta vez. Me formei em Pedagogia. Desde que peguei meu título de eleitor, sempre trabalhei como mesária nas eleições. Moro na cidade, mas me considero agricultora, pois sei muito bem como é o trabalho na roça. Admiro muito as pessoas que moram no interior  e tenho  muito respeito por elas.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques