Agricultura

O setor agropecuário do Sudoeste vem se firmando como um dos mais importantes num comparativo com as demais regiões do Paraná. Relatório do Banco do Brasil, conseguido com exclusividade pelo Jornal de Beltrão, aponta que em 2020 foram financiados R$ 349 milhões em 1.735 novos empreendimentos.
No Sudoeste foram firmados 319 contratos de financiamento e investidos R$ 43,09 milhões nas áreas de pecuária leiteira, suinocultura e avicultura. Foi o maior valor financiado e o maior número de contratos assinados num comparativo entre 2018 e 2020. Em termos de índices, no ano passado, a região respondeu por 12,35% dos valores liberados e 18,39% dos contratos num comparativo com os números em nível estadual.
O chefe do escritório regional do Instituto Água e Terra (IAT), da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e turismo (Sedest), Dirceu Abatti, diz que os pedidos de licença para novas instalações ou ampliações na produção de aves, suínos e leite vêm crescendo nos últimos três anos. Só em 2020 Dirceu estima que foram mil projetos protocolados nos escritórios do IAT em Francisco Beltrão e Pato Branco.
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“Essas três cadeias são o carro-chefe dos investimentos”, frisa Dirceu. Claudimar de Carli, secretário municipal de Agricultura de Francisco Beltrão, destaca que a cadeia que mais cresce e se moderniza é a do leite. No ano-safra 2019 foram produzidos 88 milhões de litros no município, um crescimento de sete milhões em relação ao ano anterior. “Apesar que o setor vive de altos e baixos”, ressalta.
O secretário observa que neste processo de modernização da pecuária leiteira a tendência é que a produção se concentre em menos propriedades. A opinião é compartilhada pelo produtor Everton Ferreira de Souza, da Comunidade do Divisor, que tem 180 novilhas e vacas leite em sua propriedade e produz cerca de três mil litros por dia. Nesta perspectiva, muitos médios e grandes produtores estão investindo em estruturas de confinamento, especialmente compost barn e free stal, em que, respectivamente as vacas ficam parte do tempo no pasto e parte no pavilhão recebendo ração ou silagem e no segundo caso somente no pavilhão se alimentando.
Dirceu destaca que os produtores estão fazendo investimentos anualmente em equipamentos, no aumento da produção, melhoria genética do rebanho e ampliação das instalações. “Essa cadeia tem se desenvolvido muito”, salienta.
O Programa Descomplica Rural, da Sedest/IAT, possibilitou que muitas granjas fossem ampliadas e os processos de licença ambiental, que são obrigatórios, vêm recebendo muitos investimentos. “Cada procedimento de ampliação é um procedimento novo de licenciamento”, acrescenta Dirceu.
Em 2020 foram protocolados 600 projetos pelo Descomplica Rural. Na suinocultura, o número de pedidos é menor. Porém, os investimentos são altos e a renda maior porque se trata de animais para terminação na faixa de 100 a 110 quilos e também de alojamentos de muitas matrizes para produção de leitões o ano todo. O sistema de produção de suínos passou por uma grande transformação ao longo dos últimos 30 anos, mas sobretudo nos últimos anos. As integradoras agora fornecem os animais e os criadores tem uma nova forma de parceria.
Domingos Stolfo, presidente da Associação Municipal de Suinocultores de Eneas Marques, diz que todos os criadores precisam ter as licenças ambientais de suas granjas. “Tá todo mundo adequado e certinho que tem que ter as licenças, as próprias empresas não integram o produtor senão tiver com a licença ambiental em dia, então quatro meses antes de vencer o cara já tem que renovar a licença pra continuar com a atividade, senão empresa nenhuma aceita. E hoje pra financiar também [é exigida licença ambiental]”, ressalta.
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Menos investimentos em avicultura
A avicultura, apesar da suspensão dos alojamentos e abates de perus em 2018, na unidade da BRF de Francisco Beltrão, os investimentos continuam acontecendo em alguns novos aviários para criação de frangos. Luiz Saldanha, sócio-proprietário da Avigams, de Francisco Beltrão, que fornece equipamentos para aviários diz que os avicultores estão segurando um pouco os investimentos nos aviários.
A região tem muitos aviários antigos e que precisam se adequar às novas exigências da BRF. Por isso, sempre há demanda para a troca ventiladores por exaustores, troca do cortinado e aumento da capacidade de armazenagem dos silos de ração. Mas Luiz ressalta que “o pessoal tá investindo só o necessário”.