Para comentarista do agronegócio, Brasil precisa transformar os produtos agrícolas
O comentarista e jornalista Miguel Daud fez uma leitura do agronegócio em 2020 em sua recente passagem pelo Sudoeste. Ele esteve em Mariópolis para participar de um evento do agronegócio regional. Segundo ele, a rentabilidade está excelente para muitos, mas alguns pontos exigirão grandes desafios dos agricultores por conta de temas como o coronavírus e a peste suína africana.
Miguel Daud destacou que o setor do agronegócio é que mantém a balança comercial brasileira positiva. “A riqueza produzida pelo agro irradia crescimento para o País, mas o produtor não está ficando com a melhor fatia do bolo, isto é, quem produz a matéria-prima não compartilha de sua riqueza.”

Parte da safra agrícola brasileira deveria ser industrializada para ganhar valor agregado.
Foto: Beto Rossatti
Ele observou que o agronegócio vem obtendo excelente produtividade, “mas temos cenários ainda complicados no mercado internacional, como o coronavírus, a peste suína africana, e também desafios no mercado interno”, avaliou.
O jornalista acredita que a agropecuária é responsável direta pelo desempenho da balança comercial brasileira. “São R$ 700 bilhões que irradiam negócios e crescimento em todos os setores de nossa economia.”
Daud abre uma ressalva em relação à falta de estrutura da planta industrial brasileira. “Estamos muito longe do ideal, somos praticamente produtores primários.”
Um dado importante, revelado pelo jornalista, é que tudo o que o Brasil exporta, se transformado em quilo, teria um valor de US$ 1,8. Ao passo que o mesmo quilo, quando importado chega por US$ 5 mil.
“Esta diferença é fácil de entender, exportamos produtos primários, commodities, e importamos produtos transformados, tecnologia que tem um extraordinário valor agregado”, ressalta.
Política agrícola está deixando a desejar
Ao final, o jornalista avaliou as políticas públicas conduzidas pelo governo central, e lançou uma crítica, dizendo que os instrumentos atuais de políticas agrícolas são lamentáveis. Os instrumentos de políticas agrícolas, para garantir renda no campo, não são colocados em prática. “A prática é exportar produtos primários sem agregar valor sem subsídios, como tem a Europa, que investe 110 bilhões de euros, EUA 100 bilhões de dólares, a China 250 bilhões de dólares, nossos produtores enfrentam isso com muita competência, se tivessem políticas justas ninguém segurava nosso Brasil”, afirmou.