15.3 C
Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

Para produtor rural, governo federal precisa auxiliar mais a suinocultura

Preço do milho vai inviabilizar, economicamente, muitas granjas.

A suinocultura começou o ano numa situação dramática. No ano passado as empresas e cooperativas exportaram grandes quantidades de milho porque o preço da saca do cereal, no mercado interno, estava baixo – na faixa de R$ 20 a R$ 22. O governo federal não interveio no mercado do milho para formar estoques reguladores visando aumentar um pouco o preço para evitar as exportações.
Neste ano, os estoques de milho caíram e o preço da saca saltou para R$ 40 a R$ 48 – cotação média no Paraná, nesta semana. Este aumento vem prejudicando principalmente os criadores de suínos, porque o cereal é o principal insumo destinado à elaboração da ração. Na semana retrasada o governo federal decidiu reduzir a alíquota do ICMS de 12% para 6% para facilitar a compra de milho pelos suinocultores. O suinocultor acredita que esta medida governamental vai ajudar os criadores, mas ainda não se refletiu em preços menores na compra do produto.
Salézio Wessling, criador de suínos no sistema independente, na Linha Mata Fome, em Eneas Marques, conta que a situação é preocupante. Em sua propriedade, Salézio tem de 100 a 120 matrizes para a produção de leitões. “O milho é o carro-chefe da suinocultura. Então a gente vê que ficou difícil, já tava difícil de encontrar o produto, e com esta geada vai ficar mais difícil”, diz. 

Salézio: governo precisa auxiliar o produtor.
Foto: Flávio Pedron/JdeB

No final de abril a região Sul foi afetada por fortes geadas que devem resultar em perdas em lavouras do milho da safrinha – segunda safra. A tendência é que o preço da saca tenha novos aumentos se houver quebra na safrinha. Salézio espera que o governo intervenha em favor dos criadores de suínos. “Nós esperamos que o governo e os órgãos competentes vejam uma solução pra conseguir milho, porque da situação que tá não tem suinocultor que vai aguentar. Hoje o suíno tá dois reais o quilo e o milho a cinqüenta e cinco a saca”.

Para os criadores independentes uma das alternativas imediatas é se desfazer de parte do plantel de matrizes e reprodutores. Assim, os prejuízos serão menores. Um suíno adulto consome grande quantidade de ração. Mas Salézio ressalta: “È reduzir [o plantel], mas vender pra quem agora? O prejuízo é grande. Se tu para, não sabe o que vai acontecer mais pra frente, mas não tem como aguentar. Não tem, porque o suinocultor tá descapitalizado. O milho, no ano passado, o preço foi de razoável a barato. Mas o porco não tem preço”.
Salézio conta que os criadores que engordam suínos para vendê-los  prontos para os frigoríficos tiveram prejuízos o ano todo de 2015. “Então, neste ano, é mais ainda”, prevê. Seu Salézio cria leitões em sua granja. Quando os leitões completam 22 quilos ele entrega para os criadores que se dedicam à terminação – suínos com 100 a 110 quilos – e revendem os animais para atravessadores ou frigoríficos. 
No ano passado, o produtor rural vendia o leitão R$ 6 a 6,40 (quilo), na semana passada entregou a R$ 4 (quilo) e no último domingo, dia 1º, ainda não sabia que valor receberia pelos leitões. “É cada vez é menos”, lamentou.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques