
em julho.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou a liberação de R$ 20.450.000, nos últimos dias, para aplicar em Aquisições do Governo Federal (AGF), instrumento de política de garantia de preços mínimos e para a regulação de preços praticados pelo mercado e a formação de estoques reguladores. A liberação das AGFs se deve à pressão de lideranças políticas do Estado, das direções da Federação da Agricultura e Pecuária do Paraná (Faep), Organização das Cooperativas (Ocepar) e do Sistema de Cooperativas da Agricultura Familiar (Siscoopafi).
O Paraná obteve uma boa produção na segunda safra. Como há excesso de oferta, os preços da saca de feijão de cor e do preto tiveram queda expressiva no mercado e praticamente não cobrem os custos dos produtores. Além disso, por causa da grande oferta, houve uma retração nas compras. Diante deste quadro, as lideranças políticas, da agricultura e cooperativistas pediram que a Conab autorizasse as AGFs.
Com este instrumento de garantia de preços mínimos, as cooperativas já estão autorizadas a receber o feijão da segunda safra. Estima-se que poderão ser compradas 215 mil sacas. O preço mínimo do produto, estipulado pelo governo, é de R$ 90 para o preto e R$ 95 para o de cor. Estes são os valores que vêm sendo pagos aos produtores pelo instrumento da AGF.
Eugênio Stefanello, economista e servidor da Conab-PR, diz que o dinheiro das AGFs atendeu às cooperativas do Sistema Ocepar, entre elas a Coasul e Camisc, ambas com atuação no Sudoeste do PR, e às cooperativas da agricultura familiar, entre elas, a Siscoopafi, que atua na região.
O economista espera que com estas aquisições possa se evitar ainda mais a queda na cotação do produto. “Vamos ver se pelo menos a gente consegue estancar a queda nos preços”, comentou. Ontem, no Sudoeste, o preço médio do feijão preto estava faixa de R$ 70 a R$ 90 e o de cor, R$ 50 a 70. No início de abril, na região, a saca do carioca estava oscilando, no Sudoeste, de R$ 90 a R$ 120 e o preto de R$ 120 a R$ 150. Mas desde o início de maio os preços estão em queda.
40 mil sacas
Em nota enviada ao JdeB, a direção da Siscoopafi, com sede em Beltrão, diz que “o governo federal confirmou a compra de 40 mil sacas de feijão da agricultura familiar para a finalidade do AGF das cooperativas do Sistema Coopafi para o mês de junho”. O presidente do Siscoopafi, Ivo Vial, informa que para o mês de julho o governo terá novos recursos financeiros e a possibilidade de ampliação do volume de compra para os próximos meses.
Mais articulações
“O Sistema Coopafi está fazendo análises do mercado, e aguardando para ver como ficarão os preços, se o mercado reagir não haverá mais a necessidade do governo intervir, comprando o feijão para AGF”, diz o texto. Eugênio Stefanello anuncia que para julho será feito novamente um movimento das entidades da agricultura paranaense para a liberação de mais recursos por AGF. A intenção é que o governo federal libere mais R$ 20 milhões.
Segundo Ivo Vial, o Siscoopafi já está recebendo o feijão e organizando esse produto, para facilitar e ajudar a comercialização do mesmo junto aos nossos cooperados. Os produtores estão encaminhando o produto para os armazéns da empresa Irmãos Bocchi SA, com sede em Santa Izabel D´Oeste. Em maio, a Conab já havia comprado, por meio de AGF, R$ 2 milhões do produto de cinco cooperativas do Paraná.
Sudoeste pode colher 25% da safra estadual
O engenheiro agrônomo Ricardo Kaspreski, do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Paraná, não aposta em redução da área de cultivo para a safrinha de 2015. “Acredito que mesmo com essa frustração nos preços, o feijão é uma das poucas opções para o período; a soja tem o impedimento do vazio sanitário (entra em vigor dia 17 de junho), a incidência de pragas e doenças (na segunda safra) é grande e a produtividade, menor”, analisa.
Neste ano, os produtores da região ampliaram suas áreas de cultivo de feijão da segunda safra – a safrinha. A previsão é de uma colheita de 490 mil toneladas no Paraná, 25% dela deve ser colhida em nossa região. Até agora, em 33 mil hectares plantados na micro de Beltrão, a colheita chega a 90%. As últimas lavouras ainda não puderam ser colhidas por causa das constantes chuvas e umidade solo. A previsão é de quebra na produção das últimas áreas por causa do excesso de umidade.