Segundo levantamento do IBGE, o Estado foi o maior produtor de suínos, tilápias e galináceos no ano passado. Profissionais da suinocultura e avicultura falam de queda em 2016.

Ontem, 29, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou os números da produção rural brasileira de 2015 a partir da Pesquisa da Pecuária Municipal, um índice levantado anualmente no Brasil inteiro.
De acordo com o índice, a produção de peixes, suínos, galináceos e gado de corte aumentou em 2015, em relação a 2014. No entanto, produtores e empresários do Sudoeste comentam que em 2016 a situação tem piorado e a tendência é que a produção deste ano seja menor.
O Paraná aparece com destaque em diversos setores. O Estado é o maior produtor de suínos, tilápias e galináceos e ainda tem importante participação nas demais áreas.
Suinocultura aumentou em 2015, mas deve cair em 2016
Segundo o estudo do IBGE, o rebanho suíno no Brasil cresceu 6,3% em 2015 e chegou a 40,33 milhões de cabeças – foi a primeira vez que a produção anual foi maior do que 40 milhões. 49,3% da produção acontece na região Sul e o Paraná sozinho concentra 17,7% de todo o rebanho nacional – é o maior produtor de suínos entre os Estados da Federação.
No entanto, para Jacir Dariva, presidente da Associação Paranaense de Suinocultura, mesmo que os números tenham crescido em 2015, a situação não é boa para os produtores. “Em 2015 nós já passamos apertados e 2016 está bem pior. Entramos de vez na crise agora”, comenta, lamentando atual cenário.
Ele estima que a produção regional vá cair muito. A tendência entre os produtores menores, que têm entre 100 a 200 fêmeas, é que todos parem. E até entre os maiores, que possuem entre 800 e 1000 fêmeas, alguns devem abandonar a atividade. Segundo Dariva, o problema é em parte causado pelas grandes indústrias, que detêm a hegemonia do mercado. “Eles praticamente controlam os preços e não se importam com a situação dos produtores. Agem da forma que querem e os produtores sofrem com a instabilidade de preços.”
Mercado de galináceos sofre com instabilidade de custos
Em 2015, a produção nacional alcançou 1,3 bilhão de frangos (crescimento de 0,9% em relação com 2014) e, destes, 45,4% são produzidos no Sul – 24,3% no Paraná. Destaca-se ainda que o Brasil é o terceiro maior produtor de galináceos do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China, e o maior exportador de carne de frango.
Alexandre Pirih Pécoits, gerente de operações da Gralha Azul Avícola, reforça que 2015 realmente foi um ano bom para a avicultura. Contudo, neste ano a situação se inverteu: “2016 está sendo um ano péssimo”.
O gerente diz que os preços dos insumos, principalmente do milho e da energia elétrica, subiram muito e o mercado não acompanhou. “O setor não repassou preços e isso tem causado sérios prejuízos para a cadeia produtiva.” Além disso, a instabilidade do dólar e do preço dos insumos – sem uma regulação do governo – deixa muito difícil gerir um mercado agrícola, “fica totalmente especulado”, comenta Pécoits.
Piscicultura precisa de investimento
Na piscicultura, o Estado que se destaca é Rondônia, que responde por 17,5% da produção de peixes no País. O Brasil produziu 483,2 mil toneladas de peixes em 2015, um crescimento de 1,5% em relação a 2014. No Norte, predomina a produção dos peixes classificados como “redondos”, como o tambaqui, o segundo peixe mais produzido no país, com 135 mil toneladas no ano, sendo 28,1% do total da produção.
O peixe mais produzido no Brasil hoje é a tilápia, que representa 45,4% da piscicultura nacional. A produção desse peixe aumentou 9,7% em 2015, chegando a 219 mil toneladas produzidas de janeiro até dezembro – o maior produtor foi o Paraná, responsável por 28,8% de toda a produção de tilápia no Brasil.
Altamir Mattei, da empresa beltronense Piscicultura Daniela, que produz alevinos, comenta que a venda de tilápia e outros peixes realmente cresceu: “A cada ano aumenta a venda, porque as pessoas estão comendo mais, e quase todo agricultor aqui da região tem um açude na propriedade”.
No entanto, Mattei lembra que falta apoio governamental na área. “Aqui não tem nada. Tudo temos que fazer por conta, é muito difícil para conseguir um financiamento. Se tivesse algum investimento, ia aumentar ainda mais”, analisa.
Bovinocultura de corte cresce no Norte do País
Na bovinocultura de corte, os Estados do Sul e do Sudeste registraram estagnação, enquanto a produção aumentou no Norte. O IBGE explica essa alteração considerando os baixos preços das terras, disponibilidade hídrica, clima favorável, incentivos governamentais e abertura de grandes plantas frigoríficas.
Nessa categoria, a produção brasileira atingiu o recorde de 215,2 milhões de animais em 2015, um aumento de 1,3%. No Norte, o crescimento foi ainda maior: 2,9%. Ainda assim, o Centro-Oeste é a região que mais produz gado de corte no país, com 33,8%. Mato Grosso é o maior produtor, com 13,6% do total nacional.
Setor do leite começa a melhorar
Enquanto os outros setores aumentaram, a bovinocultura de leite sofreu queda. O número de vacas ordenhadas reduziu 5,5% no país inteiro e a produção de leite teve queda de 0,4%. Em 2015, o Brasil produziu 35 bilhões de litros.
Mas, diferente da suinocultura e da avicultura, a situação do leite passa por uma melhoria em 2016. “Houve uma falta do produto em maio e junho, então o mercado subiu muito bem”, compara Edimo Erhaldt, do Laticínio Alto Alegre. Assim, Edimo acredita que a produção deste ano apresentará um aumento, “mas a previsão é de mais crescimento em 2017 e um 2018 ainda melhor”.
Valdomiro Leite, do laticínio Latco, avalia que, se considerar 2016 como um todo, houve uma queda em relação a 2015, principalmente no 1º semestre do ano. Mas como houve uma recuperação no segundo semestre, ele espera que a produção dos próximos anos melhore ainda mais.
Em 2015, o Sul foi a região que mais produziu leite no Brasil, com 35,2%. Além disso, destacou-se na produtividade das vacas. A média do País é que uma vaca produza 1.609 litros de leite por ano, mas no Sul a produtividade é de 2.900 litros. Ainda assim, o Estado de maior produção leiteira é da região Sudeste: Minas Gerais, responsável por 26,1% da produção do país. *Com informações da Agência Brasil
