13.8 C
Francisco Beltrão
terça-feira, 03 de junho de 2025

Edição 8.217

03/06/2025

Pedro Fontana levava tudo numa mala. Hoje, precisa de 5 caminhões

Inês, Pedro Fontana, Jaime e a mala que pertencia ao seu pai e ele usou para fazer sua primeira mudança.

Terça-feira, 12 de julho. Nós levantamos às 6h30. A Inês preparou o chimarrão e enquanto tomávamos umas cuias também ouvíamos o programa Terra Sertaneja, na Rádio Princesa AM, de Beltrão, apresentado pelo meu amigo Rodrigo Pereira. Após o café, a Ediana foi pro serviço. Ela trabalha no Posto de Saúde do Bairro Pinheirinho. A Inês, a Carmem e a Gabriela limparam a casa e prepararam o almoço.

Eu e o Ivan fomos plantar trigo no outro sítio, que temos na Linha Hobold. O Ivan foi com o trator e eu com a caminhonete. Às 11h30, terminamos o plantio do trigo. Após o almoço, descansamos um pouco. O Ivan foi até a Coasul buscar ração para os bois que temos na engorda. Na Coasul, o Ivan foi atendido pelo Jhonatan Zanini. Assim que o Ivan chegou, tratamos os bois e fomos consertar as cercas do potreiro. A Inês e a Carmem receberam a visita das nossas vizinhas Rozenilde e Salete Vicente. Elas vieram passear e tomar chimarrão. Às 18h, a Ediana chegou do trabalho. Eu e o Ivan trabalhamos com o gado até de tardezinha, daí tomamos banho. Antes da janta, sempre tomamos um pouquinho de cachaça com alho pra não pegar gripe. Assistimos TV. Quando acabou o Jornal Nacional fomos todos dormir.

Eu sou natural da Linha São Valentin, de Erechim (RS). Nasci dia 22 de maio de 1948. A Inês nasceu na mesma comunidade dia 6 de fevereiro de 1949. Quando morávamos nessa comunidade, nós não se conhecia. Em 1964, mudamos para o interior de Ipuaçu (SC). A Inês e sua família também haviam se mudado para lá. Nossos sítios ficavam a uma distância de dois quilômetros um do outro.

- Publicidade -

Em 1968, fiz minha primeira mudança e comecei a trabalhar para mim. Ganhei do meu pai uma mala pra levar as minhas coisas. Eu tinha apenas quatro camisas, duas eram para trabalhar e as outras eram de passeio, três calças: duas usava no serviço e a outra pra sair. Tinha também uma blusa bem grossa, um par de chinelo de couro e um par de sapatos e três cirolão. Na época, não existia zorba.

E uma foice, também. Fui trabalhar com o meu tio Teolindo, na Linha Tarumãzinho, que pertencia para Santa Catarina. Morei com ele um ano. Daí, peguei minha mala e voltei para Ipuaçu (SC) trabalhar com outro tio, o Darci. Em 1970, comecei namorar com a Inês. Trabalhei dois anos com o tio Darci. Novamente peguei minha mala e o dinheiro que juntei e vim pro Paraná, comprar terra. A Inês ficou me esperando. As terras onde morávamos eram muito fracas. Aqui, comprei cinco alqueires na Volta Grande do Marrecas, Beltrão, do meu tio Davi Reolon.

Trabalhei no meu terreno durante um ano e fiz a safra. Quando fui escriturar, descobri que não era possível porque, na época, o mínimo que a área tinha que ter para passar a escritura era de sete alqueires de terra. Então, o tio Davi me comprou, de volta, o pedaço que tinha me vendido. Meus pais, seu Albino e Laurena Fontana, tinham mudado para o Paraná também. Eles compraram um sítio no Km 30, em Beltrão. Então, consegui comprar oito alqueires de terra próximo deles. Construí uma casa e mobiliei. Então, voltei lá buscar a Inês. Dia 7 de julho de 1973, nos casamos na Linha Ipuaçu, num sábado, às 10h. Naquele sábado, o dia amanheceu nublado e ficou o dia todo assim. Fomos para a igreja num Jeep com o João, irmão da Inês.

A celebração do casamento foi realizada pelo Padre Genoíno. Tinha 20 convidados. A festa do casamento aconteceu na casa dos pais da Inês, o seu Avelino e a dona Tereza Pegoraro Pagnossatto. Fizemos festa até a meia-tarde. Na segunda-feira, cedo viemos para Beltrão com o João, de Jeep. Foram 150 quilômetros e tudo estrada de chão. Chegamos ao meio-dia, na casa dos meus pais, no Km 30 e almoçamos com eles. Após o almoço, o João voltou e nós fomos para nossa casa. Em 1974, nasceu a nossa primeira filha, a Eliane. Depois, tivemos mais quatro filhos: Jaime, Ediana, Ivan e Andreia. Também em 1974, fiz o meu primeiro financiamento no Banco do Brasil, para construir um chiqueiro e comprar sete porcas. Sou cliente do Banco do Brasil há 50 anos.

Consegui fazer meu capital criando suínos. Anos depois, comprei mais quatro alqueires de terra. Em 1986, vendi o sítio do Km 30 e comprei esse em que moramos, com sete alqueires. E novamente, durante a mudança, esta minha mala estava comigo. Só que desta vez para poder levar todas as minhas coisas o caminhão teve de fazer cinco viagens. Tinha a mudança, os animais e as madeiras. No Km 30, deixamos 12 alqueires de terra com uma casa grande. Na época, nós já tinha até banheiro dentro de casa e mais dois chiqueiros. Aqui, na nossa nova moradia, só tinha uma casinha velha, pequena, com uma patente ao lado.

Foi muito difícil se acostumar com o novo local. Continuamos trabalhando com suínos e na roça também. Logo, as coisas se ajeitaram e, em pouco tempo, organizamos tudo de novo. Troquei de sítio pra ficar mais próximo da cidade e porque aqui, neste lugar, tem bastante água. Em 2006, paramos de trabalhar com suínos.

Em 1995, meu pai faleceu. Lembro que quem fez os trabalhos funerários foi a Funerária São Cristóvão, que pertencia ao atual prefeito de Beltrão, o Cleber, e seu pai, Sérgio Fontana. Somos parentes distantes. Lembro que o Cleber andava num Fusca branco. Guardo com muito carinho, e de recordação, a mala que ganhei do meu pai, pois foi com ela que iniciei a minha vida.

Meus amigos me perguntavam se, quando eu me aposentasse, iria morar na cidade. Eu falava brincando: “Vou esperar a cidade vir até mim”. E deu certo. Hoje o meu sítio já está rodeado por casas e eu ainda tenho os sete alqueires que comprei em 1986.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques