Verê, Renascença, Bom Sucesso e Dois Vizinhos também têm hectares com preço acima de R$ 115 mil.

As terras aptas a atividades agropecuárias no Paraná tiveram valorização de cerca de 50% desde o ano passado. O resultado é consequência, sobretudo, da elevação de preços da produção gerada. É o que indica análise publicada pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, que levanta o valor médio das terras por município a cada ano.
As terras da Classe A-III, que, pelo Sistema de Classificação de Solos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), são aquelas aptas ao cultivo de grãos, apresentaram aumento de 52%. Nas terras B-VI, que são aquelas ocupadas mais por pastagens e silvicultura (cultivo de florestas para produção de madeiras e outros derivados comerciais), o incremento de valor também a 52% num ano.
A menor variação foi de terras com classificação B-VII (para pastagens ou reflorestamento, com problemas complexos de conservação), que subiram 49%. Na região, as áreas mais valorizadas estão em Pato Branco, onde o preço por hectare da classe A-II passa de R$ 122 mil. Municípios como Verê, Renascença, Dois Vizinhos, Santa Izabel do Oeste e Bom Sucesso do Sul também têm preços acima de R$ 115 mil para áreas semelhantes.
Valorização da produção
O reajuste acima dos índices de inflação já era esperado pelo mercado e pelo Deral. Alguns dos principais produtos agrícolas apresentaram grande valorização, como é o caso da soja, com aumento de 90%; do milho, que subiu 84%; e do boi gordo, que registrou acréscimo de 53%. Em consequência, a maior demanda por áreas aptas a essas atividades pressionou o preço.

Procura aumenta
O cenário de valorização das áreas contrasta com o aumento da procura e a falta de áreas cultiváveis disponíveis para negócio. “Hoje, dificilmente se encontra alguém com vontade de se desfazer das terras. Por outro lado, houve um aumento da procura, inclusive por grandes áreas. Como quem compra geralmente vai pagar em soja, e num prazo de dois a seis anos, o risco é reduzido, porque a dívida irá acompanhar a variação da cotação da produção”, comenta o corretor imobiliário Ivo Sendeski, de Francisco Beltrão.
Na região, os negócios têm se efetivado por valores que variam de mil a três mil sacas de soja (R$ 160 mil a R$ 500 mil) por alqueire. O preço final varia muito conforme a mecanização da área, segundo Ivo, e se o pagamento for à vista há desconto. O corretor aponta que imóveis rurais pequenos, com características mais de lazer do que de produção, também se valorizaram, mas em menor proporção, puxados pelo aumento da procura. “A pandemia fez as pessoas quererem se isolar mais ou ter uma área mais afastada da cidade para descanso”, finaliza.
*Com informações da AEN/PR.