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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Preços da soja e do milho preocupam setor produtivo

Agricultura

O preço do milho está na faixa de R$ 70 devido à desvalorização do real frente ao dólar.

Na semana passada a saca de 60 quilos de milho chegou a ser vendida a R$ 80 devido à desvalorização do real frente ao dólar e da grande demanda do cereal produzido no Brasil por outros países importadores. Nesta semana, o preço baixou para a faixa de R$ 68 a R$ 70 no Paraná também devido a uma pequena retração na cotação do dólar.

Este preço da saca de milho e também a saca de soja acima de R$ 120 acendeu um alerta no setor produtivo, notadamente entre produtores de leite, suínos e aves e nas indústrias porque afeta os custos de produção. O governo federal zerou a alíquota das importações de milho e soja para forçar uma queda nos preços internos. Até agora, no entanto, os preços não caíram.

O diretor da Gralha Azul Avícola, de Francisco Beltrão, Roberto Mano Pécoits, se mostra preocupado com esta situação, embora seja defensor da livre iniciativa. ”Na avicultura é um verdadeiro tsunami, O milho e a soja correspondem a 70% do custo de produção. Adequar o volume para um patamar onde o preço pudesse ser estabelecido pelo produtor em toda a cadeia da agropecuária é muito difícil, senão impossível”.

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Mano Pécoits diz ainda: “Requer drástica diminuição da produção com eliminação de animais em produção. Sempre me vem a lembrança a Petrobrás, que estabelece seu preço de venda de acordo com o preço internacional do petróleo. Caberia aqui indexar o preço da carne de frango, do ovo, do leite etc… ao preço do milho e soja. Mas infelizmente isto é um sonho irrealizável, e resta ao produtor amargar prejuízos enormes até adequar a produção. Esta gangorra acaba penalizando fortemente o consumidor, pois, com certeza, os preços se nivelarão nos patamares dos custos. A capacidade de absorver este patamar de preços do milho e da soja é impossível sem o repasse (para o consumidor)”.

Sidiclei Risso, presidente da Associação de Produtores de Leite (Aproleite), comenta que “a cadeia do leite, especialmente, está muito preocupada, porque a soja e o milho são a base da alimentação dos animais, então, para transformar isso em proteína animal, que é o leite, a carne ou ovos, a gente necessita diretamente dessas fontes de alimentação dessa matéria-prima para alimentação dos animais”.
Valdomiro Leite, gerente regional da Lacto e diretor do Sindicato das Indústrias Lácteas do Paraná (Sindileite-PR), concorda que os preços do milho e soja nos patamares atuais afeta os custo de produção. “Esse preço do milho ali está empatando no custo de produção do litro de leite para o produtor, sem dúvida nenhuma, principalmente, para os produtores mais tecnificados que têm o uso maior de volume de ração. Está impactando os custos realmente da ração, porque o milho é um ingrediente dos principais que vai dentro da ração e nesse valor de preço, ele impacta significativamente no custo das rações”.

Rubival Ochi, que atua no setor de suinocultura na região com a Coperdia, comenta que “o mercado tá numa corda bamba pro setor do agronegócio. Os preços pra nós (da suinocultura) estão bons, mas ao mesmo tempo, os preços que estão os insumos, o milho, soja, trigo, de repente acontece uma coisa lá na China ou não”. Na opinião dele, as cotações para o suíno e bovino estão boas, somente para o frango que está difícil porque o sistema é diferente”. Ele acredita que, se valores da soja e do milho atuais permanecerem assim por muito tempo poderão provocar impacto para algumas empresas.

Orlando Lorenzetti, gerente para a cadeia de suínos da Coperdia, que atua no Paraná e Santa Catarina, “o impacto é grande em relação ao custo, porque mais de 70% do custo, principalmente na terminação, é em relação ao milho e soja. O preço da proteína tem que continuar nestes patamares e puxando preço pra que o produtor não tenha grandes perdas no campo e pra que a indústria consiga também continuar exportando e agregando valor”.

Preços ainda devem se manter em alta

Orlando Lorenzetti, da Copérdia, diz que a curto prazo os preços dos grãos tendem a se manter em alta. “O geral de tudo isso é que as exportações de milho continuam firmes, tem programados embarques nos portos brasileiros com volumes acima de 4,3 a 4,4 milhões de toneladas de milho em novembro, e desse total dá pra se dizer que 700 mil toneladas já foram embarcadas. Dezembro a mesma coisa: tá programado 21 mil toneladas. De fevereiro a dezembro de 2020 vai dar umas 27 a 28 milhões de toneladas [de milho]. Então isso, por enquanto, não vai parar até que o dólar que está nesse patamar, talvez agora, se der uma valorizada no real, dê uma segurada”.

Orlando também analisou as as consequências das eleições nos EUA. “Existe um movimento na China em relação ao [Joe] Biden, se ele ganhar as eleições no Estados Unidos, como está se mostrando, apesar de que esse desenrolar vai alguns dias. Tão falando que tá tendo problema. Mas digamos que o Biden ganhe, o dólar vai dar uma baixada, já tá baixando. Ele [Biden] vai abrir as portas com a China, com certeza vai tirar as taxações e a China, com certeza, vai comprar mais dos Estados Unidos e menos do Brasil. Então, começa a ter uma oferta no nosso mercado e começa a segurar o preço”.

Orlando acrescenta:“Fora isso o impacto está sendo grande no custo de produção. Vai continuar esse custo alto até a entrada da próxima safra e tudo vai depender do que acontecer na Bolsa de Chicago e fora do País, porque é ali que se definem os preços internos. Até que continuar acelerada a exportação, o preço não vai baixar. Assim como o soja nos próximos dois anos nós vamos ver soja barato por aqui”.

Em relação à suinocultura: “O impacto é grande em relação ao custo, porque mais de 70% do custo principalmente na terminação é em relação ao milho e soja. O preço da proteína tem que continuar nestes patamares e puxando preço pra que o produtor não tenha grandes perdas no campo e pra que a indústria consiga também continuar exportando e agregando valor”.

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