Medida pretende aliviar situação de pecuaristas, mas associação de produtores reclama da falta de informações nas agências sobre os procedimentos.

Por Leandro Czerniaski
Termina em 29 de março o prazo para que produtores rurais possam renegociar dívidas junto ao Banco do Brasil. A medida contempla aqueles pecuaristas – especialmente da área leiteira – que captaram recursos para custeio e investimento nas propriedades e na produção e agora estão em débito com a instituição.
“Estão aptos a vir buscar a renegociação os produtores que têm parcelas vencidas até dezembro de 2017”, explica a gerente geral do Banco do Brasil de Francisco Beltrão, Juliane Pivatto.
Na agência do município, a procura pela modalidade ainda é baixa e, segundo Juliane, cada renegociação será analisada caso a caso: “a recomendação é que primeiro sejam procuradas as assistências técnicas, que vão fazer os projetos e formalizar conosco a proposta para parcelar os débitos”.
Poucos produtores também têm buscado a agência em Marmeleiro, onde cerca de R$ 12 milhões estão emprestados ao setor leiteiro, segundo o gerente geral, Gilmar Capellari. “Um dos motivos para essa baixa procura talvez seja o fato de a maioria dos produtores não estar inadimplente com o banco e conseguindo pagar em dia as parcelas, apesar das dificuldades deste segmento”, diz o gerente.
Preço do leite em queda
A renegociação das dívidas atende um pedido feito pela Abraleite (Associação Brasileira de Produtores de Leite) ao Ministério da Agricultura. A principal alegação da entidade é de que o preço pago ao produtor está baixo e em muitos casos causando prejuízos às propriedades e comprometendo o pagamento de financiamentos e do próprio custeio da produção.
Em setembro de 2016, por exemplo, o litro do produto era negociado a R$ 1,52 no Paraná, mas no mês passado chegou a R$ 1,07, segundo o Cepea/Isalq. No entanto, há produtores da região recebendo menos de um real por litro, bem abaixo do custo de produção do leite, estimado em R$ 1,12 pela Comissão de Agricultura da Amsop.
Produtores desistem da atividade

produtores a abandonar a atividade.
O produtor Maciel Comunello diz que a queda do preço está forçando agricultores a deixar a atividade e que alguns comercializam o litro do leite a cerca de R$ 0,80. “Há muitos meses o preço está baixo: quem tinha um pouco de capital de giro já gastou tudo, pegou financiamentos e agora não há mais de onde tirar dinheiro; estão vendendo equipamentos, o gado e saindo da atividade para não piorar a situação financeira”, conta.
Comunello também integra a equipe técnica da Rural Leite e afirma que produtores não estão conseguindo renegociar as dívidas devido à falta de orientação das equipes do banco. “Chegaram casos até nós de unidades que não aceitaram a renegociação, mesmo havendo interesse e condições dos agricultores em fazer isso. Possivelmente o que acontece é que o governo anuncia, mas não repassa os procedimentos para as agências e aí quem fica sem solução é o produtor”, relata.