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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Propriedade leiteira “exporta genética” para outras regiões do Brasil

A melhoria genética do rebanho de leite da região Sudoeste do Paraná acompanha de perto o que há de melhor em termos de tecnologia de produção. Além de oferecer um produto de qualidade elevada, atendendo as necessidades do mercado consumidor, as propriedades leiteiras estão se tornando referência em genética de ponta.

Desde que começou na atividade, o produtor Marcos Bortolini, que reside na comunidade de Menino Jesus, Francisco Beltrão, está investindo no melhoramento de seu rebanho. Fez cursos de inseminação, buscou animais de qualidade (só raça holandesa) na região de Castro, sempre trabalhando com sêmen importado do Canadá. Hoje, sua propriedade tem animais premiados e revende novilhas e embriões para várias regiões do País. É esse diferencial que ajudou a garantir sustentabilidade financeira em tempos de crise na atividade leiteira.

Edivânia, Marcos e o filho Germano, com os pais dele: Zolaine e Bruno. Foto: Arquivo pessoal


A propriedade é administrada por ele e sua esposa, Edivânia, junto com seus pais, Bruno e Zolaine. Além disso, há um casal, Valdemir e Cris, trabalhando na granja. “Os pais a vida inteira tiraram leite, mas era só pra consumo e vender para pagar as continhas da casa. O nosso forte era o porco, mas quando a suinocultura entrou em crise a gente teve que decidir: ou vendia a propriedade ou se profissionalizava na produção de leite pra dar dinheiro”, comenta Marcos.

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O salário mínimo na época era R$ 300 e o produtor recebia de R$ 0,20 a R$ 0,30 centavos por litro. “Quando a gente fazia R$ 12 mil, R$ 13 mil de leite era um baita de um negócio.”

A família reside na mesma propriedade, de 40 hectares, desde o início da década de 1950. Foi o avô, Olímpio Bortolini, quando veio de Novo Tiradentes (RS), quem comprou as terras. Uma parte (30 hectares) é mecanizada, com produção de soja e milho, que vai para a silagem (alimentação do gado).


Marcos recorda que na época que começou na produção de leite ainda era uma atividade lucrativa. Então juntou dinheiro e foi até Castro (município referência em produção de leite no Paraná) comprar as primeiras vacas, todas 100% PO (Puro de Origem), a partir disso foi melhorando seu plantel. No começo, com apoio do Programa de Inseminação Artificial, da Prefeitura de Beltrão, e depois com recursos próprios.


Atualmente, o sêmen vem de uma empresa de Blumenau (SC), que importa do Canadá. A propriedade já teve duas vacas campeãs, nas duas últimas edições da Expobel, mas que infelizmente morreram. As duas avaliadas em cerca de R$ 50 mil cada. A campeã da última Expobel produzia 50 litros de leite por dia. Mas ele já teve animais, como a vaca Lorena que, em 2020, por dois meses seguidos, manteve uma produção entre 78 e 81 litros/ leite/ dia.

Melhoria genética exige investimentos


As vacas eram criadas soltas no pasto com um custo muito menor. Mas, conforme o rebanho foi melhorando geneticamente, novos investimentos se fizeram necessários para acomodar os animais. As vacas se tornaram muito mais produtivas, mas também ficam mais sensíveis às intempéries climáticas (chuvas, sol muito quente), por exemplo. Todos estes fatores influenciavam na produtividade.

Então, Marcos passou a adotar o sistema de produção em confinamento, como compost barn. “Em 2017, a gente teve que decidir novamente, ou parava ou confinava os animais. Porque elas sofriam muito com a umidade da chuva, dificuldade de locomoção no barro, muita mastite, doença no meio do casco.

Então vendemos dez vacas e, com o dinheiro, construímos o barracão para o confinamento.” Em 2005, quando começou, a produtividade por animal era de 16 litros/ vaca/ dia. Agora, a média é de 38,2 litros/vaca/ dia. São cerca de 50 animais em lactação, mais 15 que foram comprados no último mês. A meta é chegar a 100 animais produzindo até o primeiro semestre de 2023. O barracão que tem 1.300 m² será ampliado para 1.900 m².

Custo cada vez mais alto


O custo para alimentar um animal disparou nos últimos meses com o aumento da cotação das commodities. Para tratar uma única vaca por dia, são gastos R$ 15 em silagem, R$ 23 em ração, R$ 4 em feno e R$ 1,50 em minerais. Total de R$ 43,50. É praticamente 50% do custo de produção.

O produtor ainda tem outras despesas como energia elétrica, mão de obra, equipamentos, infraestrutura, entre outros. A ampliação do barracão onde os animais ficam confinados está custando R$ 250 mil.

Vende novilhas e compra vacas


A meta dele é atingir um rebanho de 100 animais em lactação até o primeiro trimestre de 2023. Com a margem cada vez mais apertada, a família está vislumbrando que, para se manter na atividade, será necessário aumentar a produção para ganhar na quantidade.

A granja dos Bortolini investiu pesado em genética nos últimos 17 anos e se tornou referência em qualidade do rebanho [todas vacas holandesas 100% PO (Puro de Origem)], com animais premiados, despertando o interesse de outras regiões do Brasil. A propriedade tem o que há de melhor em produção leiteira no mundo. “Tem muita gente do Nordeste que vem comprar nossas novilhas, conhecem nosso trabalho pelas redes sociais e vêm buscar os animais.”


Marcos vende as novilhas recém-desmamadas e compra vacas já produzindo. A vaca está apta ao primeiro parto com idade de 22 a 23 meses. Depois disso, é possível fazer um parto a cada 12 meses com o limite de quatro partos, depois disso o animal é vendido. No intervalo de cada gestação, a vaca fica produzindo leite entre 10 a 11 meses.

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