Agricultura
ANÁLISE
Problemas na China com os EUA, bom pro Brasil
O setor agropecuário brasileiro viveu um ano atípico. A guerra comercial travada entre Estados Unidos e China no setor de comércio de mercadorias favoreceu o Brasil. Além desta guerra de sobretaxas de produtos exportados da China para os Estados Unidos, países asiáticos, entre eles a própria China, tiveram de abater milhões de cabeças de suínos contaminadas pela peste suína.
Azar de uns – dos asiáticos –, sorte do Brasil que viu suas exportações de carnes de aves, suínos e bovinos crescerem exponencialmente sobretudo de outubro a dezembro. No mercado interno, o preço principalmente das carnes suína e bovina aumentaram para os produtores e consumidores. Foi um dos finais de ano dos mais salgados dos últimos anos. Além disso, 24 laticínios foram autorizados a exportar seus produtos.
Maio
Um ano de discussões na atividade leiteira
O ano foi complicado para os produtores de leite. Dia 30 de maio entraram em vigor as instruções normativas 76 e 77, do Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa). As novas regras para produção e padrão de qualidade do leite cru refrigerado, do pasteurizado, entre outros. A IN 76 trata das características e da qualidade do produto na indústria. Na IN 77, foram estabelecidos critérios para obtenção de leite de qualidade e seguro ao consumidor. As regras abrangem desde a organização da propriedade rural, suas instalações e equipamentos, até a formação e capacitação dos responsáveis pelas tarefas cotidianas, o controle sistemático de mastites, da brucelose e da tuberculose.
Estas INs tiveram reflexos em todo o setor de pecuária leiteira brasileira. Houve muitas discussões no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa do Paraná. Teve até parlamentar que pediu que estas medidas fossem adiadas ou suspensas. Havia o receio de que muitos produtores deixassem a atividade e o nível de produção caísse. Mas o Ministério da Agricultura manteve as INs.
JUNHO
Via Tecnológica teve palestras para mulheres
Entre os dias 13 e 16 de junho, no Centro de Eventos do Parque de Exposições de Francisco Beltrão, aconteceu 8ª Via Tecnológica do Leite. Bom público nas palestras, pessoas visitando os estandes para buscar informações sobre produtos e serviços e linhas de crédito, visitas à exposição de bovinos das raças Jersey e Holandesa e bom público à noite para os eventos da cultura e gastronomia gaúcha. Esta foi a tônica da Via Tecnológica. Na edição de 2019 teve palestras também para as mulheres do campo, algo que chamou a atenção e trouxe bom público feminino para a feira.
JULHO
24 laticínios aptos a exportar para a China
Mapa e JdeB – Em julho, o governo chinês autorizou 24 laticínios brasileiros a exportar produtos lácteos para o país asiático. Algumas indústrias do Paraná também foram autorizadas a exportar seus produtos. A certificação estava acordada com a China desde 2007.
Na viagem que a ministra Teresa Cristina (Agricultura) fez ao País em maio, o assunto foi uma das prioridades. “O Brasil é um grande produtor e a China é o maior importador do mundo. O Brasil produz 600 milhões de ton. de leite, mas a China importa 800 milhões de toneladas, 200 milhões de toneladas a mais do que produzimos”, disse Teresa.
AGOSTO
Avicultores trabalharam no vermelho, constata Faep
Por Antonio C. Senckovski – Faep/Senar
Os avicultores do Paraná estão com as contas no vermelho. É o que aponta o levantamento dos custos de produção da avicultura, realizado pelo Sistema Faep/Senar-PR, entre os meses de maio e agosto, nas quatro principais regiões produtoras do Estado: Campos Gerais, Norte, Oeste e Sudoeste. O prejuízo é constatado em quase todos os locais, tanto no tipo pesado quanto no griller, quando considerados na conta os custos variáveis, operacionais e a remuneração sobre o capital.
Instruções normativas para o leite foram mantidas
No Sudoeste do Paraná, as INs 76 e 77 foram debatidas num seminário regional realizado em agosto, em Francisco Beltrão, num esforço conjunto da Amsop, Associação dos Secretários Municipais de Agricultura, Ministério da Agricultura, Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), Organização das Cooperativas (Ocepar) e Sistema Faep.
Depois deste seminário, foram promovidos encontros de esclarecimentos nos 42 municípios da região pelas mesmas entidades e órgãos públicos. A intenção foi levar informações e estimular os produtores a se manter na atividade.
Ao longo do ano, os preços se mantiveram baixos para os produtores e consumidores devido ao excesso de oferta e das importações do produto.
SETEMBRO
Coasul autorizada a exportar frango pra China
Em setembro, mais quatro indústrias de carnes de aves do Paraná foram habilitadas para exportar seus produtos para a China. Um dos frigoríficos autorizados foi o da Coasul, em São João.
A expectativa do Sindicato das Indústrias Avícolas do Paraná (Sindiavipar) é que a avicultura paranaense cresça em torno de 4% a 5% em 2019 tanto em produção quanto em exportação, aquecidos pelas novas habilitações.
PR assume vice-liderança na produção de leite
Do Sistema Faep – Dados de 2018 e divulgados em 2019 mostraram que o Paraná alcançou o 2º lugar na produção de leite no Brasil, com a produção de 4,3 bilhões de litros, atrás de Minas Gerais com 8,93 bilhões de litros, e à frente do Rio Grande do Sul, que produziu 4,24 bilhões de litros.
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura (Seab), a atividade representou 7% do Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária do Estado em 2018, e respondeu por R$ 5,88 bilhões. Os números foram divulgados em setembro, pelo Sistema Faep.
OUTUBRO
Produtores adiaram o plantio por falta de chuvas
A estiagem que se prolongou de agosto a outubro na região Sudoeste do Paraná atrasou o plantio de soja e milho. Muitos produtores que plantavam soja no começo de setembro adiaram o plantio porque as temperaturas estavam altas em pleno inverno e também o solo estava seco.
As chuvas boas só voltaram a cair na região em outubro. Por isso, muita gente plantou em outubro e torceu pela chegada das chuvas para que as sementes conseguissem germinar.
Foram plantados cerca de 550 mil hectares de soja e a produção deve chegar a dois milhões de toneladas, se as condições de tempo forem boas.

NOVEMBRO
Soja da safrinha volta a ser autorizado no Paraná
Em novembro, durante a interiorização do Governo do Estado em Pato Branco, na Feira de Inovação e Tecnologia (Inventum), foi anunciada a prorrogação do prazo para a semeadura de soja.
A decisão foi tomada pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e teve grande repercussão na região Sudoeste.
Durante os dois dias em que o governo transferiu sua sede administrativa para Pato Branco, os integrantes do Executivo ouviram de produtores rurais muitos elogios pela iniciativa.
O chefe da Casa Civil, Guto Silva, estima que a liberação do plantio sem-data limite deve injetar mais de R$ 250 milhões somente na região Sudoeste.
Para dar tempo da colheita antes do vazio sanitário, o plantio terá de ser feito até 10 de janeiro de 2020.
“Produtor deve deixar de ser um tirador de leite”
Produtores de leite, técnicos da Emater, da Secretaria de Estado da Agricultura (Seab) e de outras instituições da região Sudoeste participaram dia 22 de novembro na Agência de Desenvolvimento Regional, em Francisco Beltrão, de reunião técnica com o tema “Nutrição de vacas leiteiras e qualidade do leite”.
Uma das palestrantes enfatizou que o produtor tem que deixar de ser um tirador de leite.
A zootecnista Milena Peres, da Emater de Francisco Beltrão, disse que a intenção foi expor assuntos importantes para os produtores de leite.
“As novas instruções [normativas 76 e 77, do Ministério da Agricultura e Pecuária] estão aí, o produtor tem que deixar de ser um tirador de leite e virar um profissional da pecuária leiteira, um empresário”, disse em entrevista ao JdeB.
DEZEMBRO
Ano encerra com boa notícia na cadeia leiteira
A chefe do núcleo regional da Seab, Denise Adamchuck, e diretores dos laticínios Latco (Realeza e Beltrão) e União (Salto do Lontra) deram uma boa notícia publicada pelo JdeB. Após o início da vigência das INs 76 e 77, o padrão de qualidade do leite produzido na região melhorou. E o número de famílias que deixaram a atividade foi menor do que se imaginava. Havia o receito de que muitos produtores não abandonassem a atividade por não aceitar as readequações impostos pelas INs.