Produção de leite a pasto teve queda. Haverá problema até com a quantidade de silagem para alimentar o gado.

Seu Izaias Banfe, 58 anos, e um irmão se dedicam à produção de leite, milho e soja na comunidade de Seção São Miguel, em Francisco Beltrão. Os irmãos Banfe produzem leite a pasto e viram a produção das vacas cair devido à falta de desenvolvimento das pastagens. Foram plantados em março um alqueire de milheto e aveia de inverno. As plantas deveriam estar com 60 a 70 centímetros.
Mas sem umidade no solo praticamente não se desenvolveram. O desenvolvimento das plantas não foi uniforme e a altura máxima das folhas, no momento, dá cerca de 15 centímetros. “Não sai do chão [sem chuva]. Sábado passado choveu oito a dez milímetros, mas no outro dia já tava seco.” Se o milheto e a aveia tivessem crescido, eles iam fazer piquetes com 40 dias e daria para alimentar o gado por pelo menos dois meses. Os irmãos têm plantel de 35 vacas, 12 delas estão em lactação. A produção de leite caiu drasticamente. “A gente entregava 400 a 500 litros a cada dois dias, pra hoje ta lá com 180 a 200 litros, por causa da seca, não tem mais nada verde.”
O gado leiteiro está recebendo ração e silagem. Os irmãos vão se obrigar a usar ração para não cair ainda mais a quantidade de leite. Só que seu Izaias reclama que o preço pago pelos laticínios também caiu. A estiagem, segundo o agricultor, está afetando a produção de leite de outros moradores de Seção São Miguel, que mantém o sistema de leite a pasto.
Na comunidade
A lavoura de milho, plantada acima da área de milheto e aveia, também não se desenvolveu como devia. As plantas deveriam estar com 1,80 a dois metros de altura. O plantio ocorreu em fevereiro. “As plantas tão com meio metro de altura, pendoando, embonecando. Tão bem desuniforme”, diz o produtor, que foi fotografado pela reportagem para demonstrar a situação desoladora. “Isso aí vai ter massa, porque proteína não vai ter. O principal é o grão e o grão não vai dar”, diz, ao falar sobre o tamanho das espigas e grãos.
Esta área de milho foi plantada com a finalidade de fazer silagem. “Vai ter que passar com a máquina pelo meio e esperar até encher, e andar meio-dia pra encher a carreta”, acredita.
Preço não reage
O produtor rural reclama que o preço do leite também não está reagindo. “Mas não sei o que que tá acontecendo e a ração aumenta. Tu vai na veterinária, esse mês é um preço, no outro é outro.” Na comunidade de Nova Seção, dona Jandira Pagno tem três vacas produzindo leite. Embora seja pequena a produção, ela entrega para um laticínio de Beltrão. Dona Jandira tem uma área de 2,5 hectares, mas a pastagem também não está se desenvolvendo por falta de chuva.
Em frente da residência há uma pequena área de pasto que está bem ralo. Ontem foi cortado tronco de elefante (tipo de pastagem) pra alimentar as vacas e os terneiros. Com pouco pasto disponível, a produção das vacas caiu. A entrega da produção ocorre a cada dois dias. “Tá feio o negócio, a grama não cresce”, lamenta dona Jandira. Pelo menos a safra de soja dos irmãos foi boa, o que compensa um pouco as perdas com a pecuária leiteira.