Agricultura

Produtores da região estão investindo no nivelamento de áreas, abertura de novos espaços cultiváveis e transformando pastagens em lavouras. É o que apontam dados do Deral da Seab sobre a safra 2021. O órgão identificou mais áreas destinadas à produção de soja na última safra em diversos municípios, registrando um crescimento geral de 10 mil hectares no Sudoeste.
A valorização do grão atraiu o interesse dos produtores, segundo o técnico Antoninho Fontanella, do escritório regional da Seab em Beltrão. “Muitos agricultores que tinham áreas de pastagens e criavam gado transformaram em lavouras, outros abriram novos espaços em locais de capoeira, porque o preço da soja nunca esteve tão bom”, diz. Somente na região de Beltrão, foram cerca de 14 mil hectares a mais plantados na última safra. Já na região de Pato Branco, foram quatro mil a menos. Fontanella calcula que, se houver interesse dos produtores, cerca de 50 a 70 mil hectares podem ser facilmente convertidos em lavouras já para a próxima safra.
Cautela
Muitos produtores calculam bem a expansão porque, apesar da boa remuneração, os custos do plantio aumentaram e nem sempre dá para contar com o tempo para garantir uma boa colheita. Em 2020, ano em que a estiagem foi mais severa, “teve poucas chuvas, mas nos momentos certos para dar sustento ao desenvolvimento das lavouras”, avalia Ivano Carniel, do Deral da Regional de Pato Branco.
No ano passado, muitos agricultores apostaram e plantaram no solo seco: a chuva foi suficiente para uma boa safra, mas prejudicou quem plantou mais tarde e o desenvolvimento das plantas. Em algumas áreas tardias, foi colhido apenas 15% do previsto. “Essa irregularidade da condição climática afetou a produtividade, pois a fase mais crítica da estiagem ocorreu na fase de desenvolvimento das plantas. O resultado foi um rendimento de 300 quilos a menos por hectare do que na safra anterior, algo em torno de 7 a 8 por cento”, detalha Carniel, referindo-se aos resultados da microrregião de Pato Branco, que congrega 14 municípios.
Já na regional de Beltrão, a queda de produtividade entre as safras foi menor: cerca de 100 kg/ha. O produtor Dalírio Furlan sentiu o impacto da estiagem na hora da colheita. Ele e o irmão plantam em cerca de 70 alqueires no interior de Beltrão e viram a produção de soja cair cerca de 25%. “Tinha área que colhia perto de dois mil sacos e deu só mil e quatrocentos. Assim foi em quase todas as lavouras que a gente trabalha”, comenta.
Já que os produtores não têm controle sobre o tempo, para aproveitar a alta do grão e garantir melhores resultados Dalírio optou por investir em tecnologia e comprou novas máquinas para trabalhar outras culturas nas lavouras. Expansão da produçãoMesmo com a retração, Fontanella acredita que essa tenha sido uma boa safra devido aos agricultores estarem utilizando técnicas avançadas, insumos de qualidade e tecnologia. Ele cita que cerca de 40% da produção regional foi vendida antecipadamente, abaixo dos R$ 100 a saca, mas, como o preço se mantém atrativo, novas lavouras devem surgir. “O que está faltando é alinhar o tempo, se isso ocorrer, teremos muitos produtores colhendo entre 80 e 100 sacas por hectare”, pontua.