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Francisco Beltrão
sábado, 07 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

Hoje é o Dia do Chimarrão; conheça como a erva é produzida

O JdeB foi conhecer o processo de beneficiamento da planta em duas ervateiras.

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Guilherme Barbosa tem ervateira em Marmeleiro e detalha como é a produção de erva-mate na região. Foto: Leandro Czerniaski/ JdeB.

A modernização da indústria garantiu mais produtividade com menos gente envolvida: Três pessoas conseguem garantir a produção que pode chegar a 220 toneladas/mês.

“As plantas são transferidas do caminhão para o alimentador com a máquina, onde uma pessoa coloca os ramos para dar início ao processo de queima e secagem. Depois disso, ninguém mais precisa pôr a mão na erva, vai tudo de forma automatizada até estar pronta para a trituração e embalagem”, comenta o proprietário, Idalino Balbinotti, há 35 anos no ramo.

Em outras fases da produção, a mão de obra continua essencial, como a colheita no mato, o transporte até a indústria e depois aos supermercados, o “foguista” – responsável por manter a chama do sapeco e do secador – e o controle de qualidade.

Leandro Czerniaski – Nem de longe o modo de beneficiar a erva-mate, hoje, lembra as antigas ervateiras da região. O barbaquá foi susbtituido por um grande cilindro aquecido; das folhas à embalagem, o produto “passeia” por dutos de sucção e o soque é elétrico, maior e mais eficiente que os rústicos monjolos tocados à água. Assim é o processo de produção na Ervateira Sudoeste, a única de Francisco Beltrão ainda em atividade.

Idalino Balbinotti, da Ervateira Sudoeste: Processo automatizado e com menos pessoas tornou o beneficiamento mais eficiente e ágil. Foto: Leandro Czerniaski/JdeB.

Nas ervateiras, as plantas basicamente passam por um processo de queima, secagem e trituração em que perdem cerca de 60% do peso. O empresário Guilherme Barbosa, de Marmeleiro, lida a vida toda com erva – herdou o ofício do avô e do pai – e lembra que o beneficiamento era bem mais demorado nas ervateiras rudimentares. “No tempo do barbaquá, a secagem demorava de dois a três dias… e era um serviço complicado. Precisava subir no carijo, afastar tudo e colocar mais galhos. Depois, canchava as folhas num facão de madeira pra moagem.” Hoje, em sua ervateira, com poucos funcionários, consegue beneficiar até três toneladas de erva em meio dia.

Atualmente, leva questão de um dia pro outro para a erva estar pronta para o consumo.

A parte mais demorada é o tempo necessário para que o produto esfrie, depois que sai do secador e fique pronto para venda.

Quem toma chimarrão não escolhe dia, mas seleciona a erva

JdeB – Apesar de o beneficiamento ser semelhante em quase todas as ervateiras, cada empresa trabalha com características próprias de seu produto. Barbosa, por exemplo, atua com erva nativa (aquela colhida no mato) e a chamada erva plantada. Tudo é comprado de produtores da região, mas boa parte vem das proximidades de Guarapuava, onde a qualidade é melhor. Dependendo do tipo da planta e da moagem, saem diferentes padrões de produtos. “Temos uma marca para a região de Guarapuava, que é a 277, uma erva mais grossa. No Rio Grande do Sul trabalhamos com a São Cristóvão, que é mais finininha, quase um pó. E aqui na região é a Caseira, uma erva que é o meio termo, mais puxando pra fina. São os gostos de cada região”, comenta. Barbosa tem clientes até em Rondônia. Na Ervateira Sudoeste, só há um tipo e o trabalho é intenso para manter o mesmo padrão. As plantas são trazidas de Pinhão e, após a industrialização, os fardos de erva fresca vão para toda a região. Balbinotti toma o cuidado de manter a qualidade, já que o tomador de chimarrão é muito fiel à marca, e acredita que o costume ainda vai se manter por muito tempo, apesar dos desafios de quem produz.

“A gente consegue ter uma venda bem estável o ano todo, porque quem toma chimarrão não escolhe o dia, se tá quente ou frio, por isso essa tradição ainda vai permanecer por muito tempo. Consumo sempre vai ter, a questão é conseguir se manter, porque os custos de produção estão cada vez maiores, e ter bons ervais, que estão escasseando.”

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