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Francisco Beltrão
terça-feira, 27 de maio de 2025

Edição 8.212

27/05/2025

Uma análise preocupante sobre as culturas da safrinha e a estiagem

Agricultura

Sem chuva, plantas de milho da safrinha já enfrentam o estresse hídrico e o crescimento está desuniforme.

*Antoninho Fontanella
Estamos vivendo um período de severa estiagem na nossa região. Tivemos, no mês de fevereiro, março e abril, um deficit muito grande de chuva na nossa região. Pra se ter ideia, nesses três meses, até agora, devia ter chovido 400 milímetros na nossa região, mas tivemos nas estações meteorológicas uma média bem baixa.

No mês de fevereiro ficou em torno de 20 a 46 mm; março, em torno de 70 a 80 mm; agora, no mês de abril, eu diria que praticamente não foi registrado precipitações em lugar nenhum ou na nossa região. Algumas comunidades foram presenteadas com precipitações, muito variado também. Nas estações meteorológicas, pra se ter uma ideia, foi registrado só na estação de Planalto, 8mm nos primeiros 15 dias. Agora, os demais praticamente não registraram precipitações na nossa região.

É uma preocupação muito grande, temos atividades ligadas à safrinha, principalmente o feijão e o milho safrinha que foram plantados em 2021 e deveriam estar em fase reprodutiva ou estão, que seria a fase de floração e frutificação, sem praticamente receber aqueles volumes de chuva necessários para um bom desenvolvimento. Acredito que devemos ter um registro de quedas nessas duas culturas e devemos fazer uma avaliação nos próximos dias para tentar quantificar.

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Vamos esperar e ver até onde vai a estiagem, porque as previsões dos diversos institutos meteorológicos não são muito boas para precipitações na nossa região.

Temos em torno 100 mil hectares de milho safrinha plantados para grão; essa área só não foi maior em função do atraso das colheitas de verão e com isso, os produtores deixaram de plantar ou perderam a época de plantio. Atrasou em torno de 20 a 25 a colheita da soja e do milho da safra normal. Isso atrasou o plantio do milho e feijão safrinha.

Temos em torno de 37/38 mil hectares de feijão, que estariam em fase de floração e frutificação, período muito necessário para que tivéssemos precipitações dentro da normalidade e para que obtivéssemos um bom desenvolvimento da cultura, uma boa produtividade.

Tínhamos estimado em torno de dois mil quilos de feijão por hectares e daria, praticamente, 80 sacos por alqueire. Também no milho safrinha em torno 5.500/6.000 quilos por hectare, o que nos daria uma boa produtividade na nossa região. Vamos avaliar mais nos próximos dias para quantificar.

Temos uma preocupação muito grande em relação à falta de água, à redução das vazões nas nascentes dos riachos e, com isso, muitas propriedades já estão sentindo falta de água, dá pra sentir os produtores da região que estão com dificuldade muito grande em relação a isso.

Outra grande questão que nos preocupa também é o desenvolvimento das pastagens para a cadeia produtiva do leite, muitos produtores dependem da parte da pecuária com um bom desenvolvimento das pastagens. Com isso e o déficit hídrico que está sendo registrado, essas lavouras/culturas estão com baixo o desenvolvimento também. Muitos produtores deveriam já estar com as lavouras de inverno plantadas, no caso da aveia e outras culturas que se beneficiariam com a cadeia produtiva do leite e não fizeram ainda, em função da falta de umidade no solo ou, se fizeram, estão com um problema sério de germinação e não fizeram desenvolvimento.

Vamos ver até onde vai essa estiagem, até porque queremos iniciar o plantio de trigo e essa falta de umidade, o produtor deve aguardar um pouco pra fazer o plantio das culturas de trigo na nossa região. Tem uma estimativa de 90 mil hectares serem plantados nos 27 municípios da nossa região.

Outra preocupação é com a possibilidade de ocorrência de geadas na segunda quinzena de maio.
*Antoninho Fontanella
Departamento de Economia Rural
Núcleo regional da Seab de Francisco Beltrão

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