JdeB – A Associação das Câmaras Municipais do Sudoeste do Paraná (Acamsop) havia solicitado que o novo prédio do Fórum de Francisco Beltrão recebesse o nome de Egídio Zanatta, homenageando um pioneiro da cidade e da justiça local e recordista no cargo de oficial de justiça. Mas dia 18 deste mês o Tribunal de Justiça indeferiu o pedido, através de ofício assinado por sua presidente, desembargadora Lídia Maejima.
Segundo o documento, “a Secretaria de Infraestrutura do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná informou que o Fórum de Francisco Beltrão atualmente é nominado “Fórum Desembargador Manoel Bernardino Vieira Cavalcanti Filho” (…), ele “chegou no Paraná no ano de 1895 e assumiu o cargo de Juiz de Direito da comarca de Cerro Azul, sendo nomeado desembargador no dia 2 de agosto de 1910 e presidente do Tribunal de Justiça em duas gestões, 1921 e 1925”. E o “novo edifício do Fórum da Comarca de Francisco Beltrão irá abrigar todas as instalações da Comarca, substituindo o edifício atual”.
Ainda segundo o documento deste 18 de fevereiro, “a Consultoria Jurídica do Departamento da Magistratura opinou pelo indeferimento do pedido, ressaltando “que não se vislumbra a possibilidade de retirar ou alterar a honraria concedida, haja vista que foi aprovada pelo Conselho da Magistratura e pelo Colendo Órgão Especial desta Egrégia Corte de Justiça, conforme precedentes firmados em acórdãos dos referidos colegiados proferidos no Protocolo nº 82.962/1999”.
O ofício da presidente do TJ conclui que, “tendo em vista que a denominação do Fórum da Comarca de Francisco Beltrão homenageia desembargador falecido deste Egrégio Tribunal de Justiça e foi aprovada em decisão plenária pelo Conselho da Magistratura e pelo Colendo Órgão Especial, bem como a primazia pela preservação da honraria concedida e o fato de o novo edifício substituir a instalação atual, indefiro o pleito e determino o arquivamento do presente expediente”.
Egidio Zanatta, o recordista como oficial de justiça, viveu 95 anos

Por Ivo Pegoraro – Egídio Zanatta nasceu dia 16 de março de 1926, mas pelo documento ele era dez dias mais novo: 26-3-1926. Faleceu com 95 anos, neste dia 11 de abril. A foto é de quando ele foi homenageado pelo Jornal de Beltrão/Acefb e CDL entre os Destaques de 2005. Em 11 de junho de 2006, Egídio recebeu o título de Cidadão Honorário de Francisco Beltrão.
Quando foi instalada a Comarca de Francisco Beltrão, em abril de 1954, Egídio Zanatta assumiu como oficial de justiça. Foi nomeado “interinamente” pela portaria nº 1. Quando chegou o tempo de se aposentar, ele passou a ficar em casa, mas se sentiu depressivo.
Chamaram-no de volta e ele continuou trabalhando até que teve forças. Nos últimos anos não saía de casa, principalmente depois que começou a pandemia. Semana passada ele estava em sua rotina normal, no sábado à tarde foi caminhando, do seu jeito, devagar, para o banho.
Domingo de manhã estava bem, mas quando alguém foi vê-lo, depois das nove horas, ele já não respirava. Morreu dormindo. O sepultamento ocorreu às 18 horas de domingo no Cemitério Municipal, no jazigo de seus pais Teodoro e Angelina Zanatta, também pioneiros de Francisco Beltrão.
Durante o velório a família foi supreendida por várias pessoas que se manifestaram. Seu Egídio tinha fama de “mão-fechada”, “pão-duro”, mas seus feitos, que nem os parentes sabiam, era de ajudar as pessoas. Ajudou muita gente a pagar os estudos.
Ao saber deste lado de seu tio, a sobrinha Syrlei Zapelini lembrou de uma velha frase: “Os homens são como as árvores, só se mede quando tombam”. Egidio deixou viúva dona Maria Norma Rambo Zanatta, que ontem, 12 de abril, completou 90 anos, e um casal de filhos, o médico Celso Zanatta e a fisioterapeuta Míriam Zanatta. (Jornal de Beltrão, 13 de abril de 2021)