O nascimento de um filho nem sempre segue o roteiro. Imprevistos acontecem e abalam pais de primeira, segunda ou décima viagem. O jornalista Adolfo Pegoraro é um desses pais que foi surpreendido pela vida e teve de encontrar uma forma de permanecer em pé diante do inesperado. Em 2019, seu filho Marlon nasceu prematuro e passou 63 dias na UTI neonatal. Em um bate-papo emocionante com os anfitriões do podcast Cuca com Salame, ele compartilha suas experiências.

“O Marlon nasceu durante o carnaval. Na sexta-feira de carnaval a minha esposa começou a sentir dores nas costas. Já eram contrações, mas ele não tinha nem 28 semanas de gestação, você nunca vai imaginar que é prematuridade. Como de madrugada ela não conseguia dormir, de amanhã cedo fomos pro hospital. Chegamos lá, eram contrações. Cronometrei, eram a cada sete minutos. Eram contrações de parto prematuro — isso o médico falou, eu nem sabia o que era prematuridade”, assim começa o relato do Adolfo.
Na sequência da conversa com Luciano Trevisan e Érico Péres, ele relembra as surpresas e aprendizados que, por força do destino, precisou assimilar no período de hospitalização. “A primeira vitória foi conseguir manter o Marlon na barriga da mãe mais dois dias. O médico só falava: cada dia dentro da barriga é uma vitória. Tanto que a gente conseguiu prolongar dois dias o nascimento e isso salvou a vida dele. Porque, sem as duas doses de corticoide, meu filho não teria sobrevivido. Tem casos que vi lá dentro que não teve tempo pra corticoide, daí a chance de sobrevida reduz muito”.
63 dias de anotações devem virar livro
Além de descrever experiências de valor para pais que, por ventura, venham a passar por situação semelhante, Adolfo revela no Cuca com Salame a sua estratégia para suportar as horas intermináveis no hospital: um diário. Em cada um dos 63 dias em que acompanhou o filho internado, ele escreveu um relatório sobre os procedimentos realizados e informações repassadas pelos profissionais de saúde do Hospital Regional do Sudoeste. Além de manter a mente ocupada, o texto servia para informar os familiares, de uma só vez, sobre o que se passava com o pequeno Marlon.
Em um comovente trecho do episódio, ele lê o relatório de um destes dias de internamento. E anuncia a disposição para transformar o diário em livro e deixar no Hospital Regional do Sudoeste, para que outros pais se beneficiem das suas experiências e vejam que há luz no fim do túnel e que, apesar dos sustos, o final feliz é possível.