Eles produzem pães, bolachas e outros produtos para os programas institucionais do poder público.
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Na comunidade de Menino Jesus reside o casal Bacelide e Altair Celuppi numa propriedade de oito alqueires. O casal teve os filhos Daniela (ex-vereadora pelo PT), Paulo (professor de Educação Física) e Ricardo (motorista). Altair é filho de Maria e Elias Celuppi, pioneiros da comunidade Pinheirinho — hoje Bairro Pinheirinho. Durante anos, o casal trabalhou com a produção de leite, Altair chegou a ser diretor da cooperativa de leite. Mas eles se desfizeram do rebanho leiteiro e passaram a se dedicar à fabricação de panificados.
Na cozinha industrial, em anexo à casa, eles produzem pães, cucas, macarrão, bolachas caseira, de polvilho e bolo de laranja. No pomar de aproximadamente 500 árvores eles têm pés de laranja valência, morgote, bergamota montenegrina, lima da Pérsia, 20 pés de maçã, entre outras. Os panificados e as frutas são destinadas ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A venda para os programas oficiais é feita por meio da Cooperativa de Produção e Comercialização da Agricultura Familiar (Coopafi), à qual os Celuppi são sócios. No ano passado, o casal também vendeu frutas para o Superpão.
Propriedade orgânica
Bacelide e Altair dizem, com orgulho, que a propriedade rural não usa produtos químicos. Neste ano, inclusive, o sítio dos Celuppi vai receber a certificação como propriedade orgânica. A previsão é para receber o certificado em agosto. Os técnicos Angélica e Valdemar, da Coopafi, prestam assistência técnica à família. Eles lembram que, por lei estadual, a partir de 2030 o Paraná irá comprar somente produtos orgânicos para a merenda escolar.
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Pomar com várias espécies
No sítio há bastante matéria orgânica que é usada na adubação do solo. O pomar foi implantado no sistema de agrofloresta, com outras espécies de árvores. Altair diz que se sente bem trabalhando na propriedade. Ele conseguiu controlar as formigas cortadeiras, que podem atacar as variedades frutíferas. Mas diz que é preciso acompanhar o pomar uma ou duas vezes por semana para ver se as formigas estão atacando ou não. “Tem que tá sempre ligado, caminhar por tudo, olhar por tudo.” Ele joga fruta ou casca e, se tiver formigas, elas vêm pra se alimentar e aí tem que fazer o controle. Outra forma de acompanhar a presença de formiga é quando caem frutas no chão: se elas vierem se alimentar, é sinal que estão por perto.
A família implantou o pomar há cerca de oito anos, num projeto da Assesoar. Foram plantadas 480 mudas. Depois, a família foi plantando mais variedades. “De brincadeira traz um bom salário”, diz a esposa Bacelide. Para o casal, o trabalho com as frutas não é tão intenso. Na panificação, sim, é preciso mais empenho porque a quantidade de produtos é maior e há o compromisso em seguir as receitas repassadas pelo setor de alimentação escolar da Secretaria de Educação e receber as técnicas da Vigilância Sanitária para as vistorias na cozinha industrial.
Bacelide e Altair estão aposentados, mas na entrega dos produtos para os programas oficiais eles emitem a Nota do Produtor Rural e, assim, continuam contribuindo para a Previdência Social e para a arrecadação de impostos do município. Altair diz que não quer deixar de trabalhar, mesmo já tendo passado dos 70 anos. E os dois gostam do local onde residem. “Aqui tem fartura, aqui o freezer tá cheio”, diz o agricultor.
Na cozinha industrial, produzem até 400 kg por semana
Hoje a produção de panificados é grande para atender aos programas governamentais. O começo de tudo foi na feirinha semanal no Bairro Cristo Rei, que depois passou a ser realizada no Bairro da Cango. Bacelide Celuppi vendia ovos e outros produtos para os clientes da cidade. Depois, Altair decidiu vender as 20 vacas de leite e passou a trabalhar com a esposa na fabricação dos panificados.
Ficaram só com alguns boizinhos para engordar e carnear para consumo da família. Altair Celuppi diz que a produção de panificados dá mais que o leite. “No leite você nunca sabe quanto vai ganhar”, ressalta. Apesar que com a renda do leite, durante 27 anos, o casal conseguiu criar e dar educação para os filhos.
Inflação em 2021
Neste ano, apesar da renda garantida dos panificados, os produtores estão enfrentando um problema que no passado causava muitos aborrecimentos para as famílias: a inflação. Nos programas oficiais, no entanto, os valores de entrega são definidos no começo do ano e servem de referência para todo o ano. Apesar da alta nos preços da farinha de trigo, Altair diz que são feitas pesquisas de preços em vários mercados para depois fazer a compra. “Com a pesquisa a gente ganha o dia”, destaca.
Na cozinha industrial trabalham o casal Bacelide e Altair. Os produtos são entregues na Coopafi ou nas escolas da Cidade Norte por Altair. Jéssica, nora do casal, também ajudava nas atividades um tempo atrás. Agora, como está com criança pequena, tem se dedicado mais à sua casa e família. Segundo Bacelide, a nora vai voltar a ajudar na sequência. A ideia do casal é trabalhar mais uns dois ou três anos e repassar o trabalho para Jéssica.
Bem estruturada
A cozinha industrial é bem montada. Os equipamentos foram comprados com financiamento obtido na Cresol. “Não são máquinas grandes, mas dá pra gente trabalhar”, diz Altair. Nos fins de semana eles chegam a fazer 400 quilos de panificados. Tudo o que é produzido vai para as entregas, o casal não trabalha com estoques. E para atender às exigências, eles participam de cursos. Se o produto ficar fora do padrão exigido, já vem orientação. Bacelide ressalta que nunca teve problemas com os seus panificados e há também a preocupação com a validade dos produtos.
Porém, fabricar pães e bolachas requer cuidados. “Tem que ter cuidado com a farinha, tem que ser farinha de qualidade. A gente sempre procura comprar produtos [farinha] de qualidade”, frisa Bacelide. Outros cuidados são no tempo de assar e com as embalagens.