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Francisco Beltrão
quinta-feira, 26 de junho de 2025

Edição 8.233

26/06/2025

Antes de mudar para o Rio, comandante Carrion elogia a hospitalidade do povo beltronense

Antes de mudar para o Rio, comandante Carrion elogia a hospitalidade do povo beltronense

O capitão Coutinho, que assume terça-feira, e o major Carrion, que está sendo promovido para o Rio de Janeiro, ontem, no 16º Esquadrão.

Após dois anos no comando do 16º Esquadrão de Cavalaria Mezanizado, o major Alexandre Carrion elogia, mais uma vez, o povo de Francisco Beltrão e região, pela hospitalidade, pela maneira que acolhe quem vem de fora.

Já está na cidade o seu substituto, o capitão Coutinho Nascimento, que assume terça-feira, dia 20.

Ontem, o major Alexandre Lückemeyer Machado Carrion concedeu a seguinte entrevista ao Jornal de Beltrão.

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JdeB – O senhor tem elogiado Francisco Beltrão e seu povo e não é porque saiu de casa pela primeira vez.

Major Carrion – Não. Eu já tenho uma vivência nacional, já passei por vários locais, porque a nossa carreira impõe isso. Com 17 anos a gente saiu de casa, de Passo Fundo (RS), fomos pra Campinas (SP). Foi um ano na escola preparatória de Campinas, mais quatro anos na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ), e com 22 anos fui declarado oficial. Em 96, segui o destino pra Paraíba, na cidade de Bayeux. Aí morei três anos em João Pessoa, servindo 16 regimentos de cavalaria, aqui é o 16º esquadrão, eu comecei minha vida no 16º, a unidade que está aqui hoje era sediada lá. Depois a gente foi pra Bela Vista (MS), um povo diferente, outra cultura. Fomos pro Rio, na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, depois fomos pra Santa Rosa (RS), depois fui pra missão na Etiópia durante um ano, da ONU. Voltei, fomos para Minas Gerais, na Escola de Sargentos. Aí sim surgiu, em 2009, o processo seletivo pra comando de unidade, e a gente colocou Beltrão como uma boa opção pra comandar. Primeiro, por ser uma unidade de cavalaria tradicional, o 16º, que pra mim continuava em Passo Fundo, em Francisco Beltrão eu já tinha passado em 2000, quando eu servi em Bela Vista e estava indo pro Rio Grande do Sul, inclusive encontrei a Estrada do Colono aberta, achei muito bonita e me economizou bons quilômetros.

 

JdeB – Aí veio Francisco Beltrão.

Major Carrion – É, a partir daí, a gente passou a ter um contato com o povo daqui que é diferente. O que eu digo é que o povo do Rio Grande do Sul se expandiu pra essa região Centro-Oeste do Brasil e Oeste, passando pela região aqui de Santa Catarina, Paraná, indo pra Mato Grosso e seguindo destino até Rondônia. É um povo diferenciado, porque sabe o que é não ser da região, ou sabe o que é chegar e precisar de acolhimento. A nossa família, a cada dois ou três anos, cinco anos no máximo, está sendo transferida e a gente tem sempre aquela quebra, como está ocorrendo hoje, a quebra de amizade, quebra de contato físico pra um recomeço, tanto pra gente como militar quanto pra gente como pessoa, principalmente pra minha esposa, meus filhos que estão saindo daqui chorando por deixar amizades, ou por ficar longe de amizades. Então é esse paradigma nosso, mas a gente chegou aqui com as amizades cortadas de Minas Gerais, sem ter conhecimento de quem a gente iria encontrar ou de amizades que a gente ia ter, tanto amigos militares, que seriam amigos a partir do nosso trabalho, quanto civis. Aí a gente viu que o povo, não pelo fato de estar na função, mas pelo fato de ser de fora, a gente foi acolhido diferente, muito parecido com a do Mato Grosso do Sul, mas quem sabe mais arraigada a hospitalidade. A gente foi muito bem acolhido, esses dois anos que a gente passou à frente do esquadrão, nós tivemos uma interação muito grande com a cidade, que é um dos objetivos do Exército, além de cumprir sua missão constitucional que todo mundo já sabe, colaborar com a região, com o crescimento da região, interagir com a sociedade da qual a gente faz parte, e essa sociedade está todo ano aqui dentro, representada por 110 recrutas. No ano de 2010, 2011, uma parcela grande dos 900 jovens da região de Francisco Beltrão que completam todo ano 18 anos, todos esses passam, têm um contato com o Exército no seu alistamento e 110 servem ao Exército, servem ao Brasil. O contato que a gente tem com essas pessoas é como soldado e como cidadão, esse contato é estendido não para o soldado, mas com essas relações que a gente tem junto com a sociedade.

 

JdeB – Que tipo de relações do Exército com a comunidade local?

Major Carrion – Algumas que podemos falar é a Expobel, as nossas atividades junto à Defesa Civil, com as enchentes de 2010, 2011 a gente participou ativamente junto com a coordenação de Defesa Civil da cidade, ajudando a população que foi atingida. O ano passado a gente teve um incêndio no Padre Ulrico que destruiu duas casas, uma de um soldado nosso, outra da vizinha dele, e numa ação em conjunto do Esquadrão com a sociedade, com o objetivo de ajudar, a gente conseguiu doações e coisas diferenciadas, porque muitos empresários participaram da doação, a mão de obra da construção foi do Esquadrão com mais um pedreiro da prefeitura. Então, foi uma parceria que não foi firmada em contrato e que não precisaria ser, foi uma ação da sociedade em prol da causa, e é o que a gente vê aqui no Sudoeste.

 

JdeB – O senhor falava da organização da cidade.

Major Carrion – Francisco Beltrão é uma cidade organizada. Sempre eu falo que a sociedade organizada, como a gente conhece a palavra, a gente pode visualizar isso aqui em Beltrão, é um povo hospitaleiro, participativo e que faz parte de uma sociedade. A gente vê nas notícias da televisão, não criticando outras regiões, mas sociedades não muito organizadas, e aqui a gente vê a participação do povo. Nós temos 11 clubes de Rotary, associações de colaboração, igrejas participando da comunidade e um povo que participa. Tanto que você vê o pessoal de Curitiba ou de outras cidades paranaenses, quando vem pra cá, conversando com amigos, eles dizem: “Pai, quando você vier de Curitiba pra cá, respeite a faixa de pedestre, porque aqui funciona. Você vai ser multado se não parar na faixa de pedestre“. Aqui você vê isso, o respeito com a lei. Isso é um diferencial que a gente visualiza e não vê em outros locais do Brasil.

 

JdeB – E aquela ideia de um regimento para Beltrão?

Major Carrion – A gente trabalhou aí com certas lideranças até pra quem sabe ser ampliado o quartel, é uma demanda, a nova brigada de infantaria mecanizada  já foi criada, Cascavel vai deixar de ser infantaria motorizada pra virar infantaria mecanizada, e o estudo do Exército Brasileiro tem a demanda de um regimento. Logicamente que gerências precisam ocorrer, verbas precisam ser aportadas nessas cidades, mas uma visão que eu, como comandante, como pessoa e como militar vou defender é que o Esquadrão vire um regimento, que essa frente aqui do Esquadrão, 28 municípios do Sudoeste, toda essa faixa de fronteira com a Argentina, toda essa região importante que começou com a chegada do Exército em 57 e na Revolta dos Posseiros naquela ocasião, ela necessita, ela merece um regimento do Exército e a gente vai trabalhar em torno disso.

Novo comandante é carioca

O novo comandante do 16º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, capitão Coutinho Nascimento, é carioca e torcedor do Vasco da Gama. Já está em Francisco Beltrão com a família: esposa Larissa e filha Yasmin, de três anos.

Sobre o clima, ele diz que não preocupa, porque ele vem do Rio, lugar de muito calor, e também já residiu nos Estados Unidos, em 2010, com a família. Ele conta,, inclusive, que sua filha gosta do frio.

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