
casa dela, onde a água chegou a cerca de um metro de altura.
Francisco Beltrão sofreu com duas enchentes em menos de 60 dias, o que provocou estragos por todo o município e centenas de famílias tiveram prejuízos. Na Cidade Norte, moradores de 19 residências do Conjunto Habitacional Adolfina Scheid, viabilizado pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, da Caixa Econômica Federal, já contabilizam três enchentes em dois anos. O medo de permanecer no local é constante, além de que as famílias sofrem com a umidade e o mofo que é resultado da água que invadiu o local. Devido a isso, muitas famílias não retornaram para suas casas.
As 19 casas ficam à margem do Rio Santa Rosa, no bairro Pinheirão, e os moradores querem ser realocados. Para Anildo Krug, diretor de Habitação da Secretaria Municipal de Assistência Social, as residências não têm condições de serem habitadas. “A prefeitura já disponibilizou 19 lotes, ao lado do campo de futebol, que fica junto ao conjunto habitacional, onde deveriam ter sido construídas essas casas. A prefeitura não tem como oferecer um aluguel social, mas a Caixa tem um seguro e esperamos que o processo seja rápido para viabilizar novas moradias para essas famílias”, disse Anildo.
Enquanto isso, os moradores aguardam uma decisão do banco, mas precisam continuar com suas vidas.
Marta da Cunha deixou a casa dela durante a enchente, mas precisou voltar, pois não tem condições de pagar aluguel. “Quando aconteceu a primeira enchente, eu fui atrás da Caixa pra me darem o meu contrato, na época o gerente disse que não poderia fornecer porque era restrito, eu fui com um advogado e na sequência me entregaram o documento. Na segunda-feira (dia 7), a Caixa liberou os contratos para aqueles que ainda não tinham”, revela Marta.
Moradores dizem que, a partir de agora, eles vão “brigar” para resolver a situação. “O dinheiro que eu tinha, eu investi na minha casa e a água levou tudo, o que eu tenho é de doações”, comenta Marta, que tem três filhos.
Danos nas residências

para proteger suas coisas da água.
O cheiro de mofo incomoda os moradores e eles não veem solução para isso. Por mais que limpem, as paredes estão sempre úmidas, além de portas apodrecendo e os móveis perdidos. Marta reclama que toda vez que compra um guarda-roupa, a água leva. “Tive que comprar quase tudo duas vezes. Tenho um vizinho que saiu de casa, porque o nenê ficou doente e, para não prejudicar mais a saúde, eles não voltaram”, diz a moradora.
Na casa de Marli Pereira a situação é semelhante, suas coisas mofaram, muita coisa foi perdida, inclusive o cão acabou morrendo por ingerir água da enchente. “Meus filhos ficaram traumatizados de ver a situação e de tirar as coisas de casa”, conta Marli, que também reparou a ausência dos vizinhos.
O marido de Marli, Marcos dos Santos, improvisou no teto da casa um local para guardar as coisas da família, para que fique alto o suficiente para não molhar. O casal trabalha no turno da noite da BRFoods, o que os deixa com mais medo de não estar em casa quando a água começar a subir. “As duas vezes tivemos sorte de estar em casa, porque quando um vizinho repara que o rio está no limite, a gente já começa a tirar as coisas”, lembra Marcos.
Sarah Pereira da Silva é outra moradora que está entristecida com a situação da sua casa. Segundo ela, a residência tem muito cheiro de mofo e as paredes não secam. “Duas vezes que perco quase tudo, aí você volta limpar num dia, dá três dias e o mofo reaparece. Eu tive que sair de casa com as crianças. Minha companheira sente muita dor no peito e nas costas, por causa da umidade e do frio”, relata Sarah.