Responsabilidade com a vida mais preciosa para os pais é a essência do trabalho dos motoristas de ônibus.

Este ano, a Associação dos Transportadores de Alunos de Francisco Beltrão (Atambel) passou por uma nova mudança de diretoria. O presidente Cleomar Frigeri, conhecido como Neguinho, e o tesoureiro Flávio Welter conversaram com o Jornal de Beltrão sobre os desafios enfrentados por aproximadamente 40 motoristas de ônibus escolares que transportam mais de 2.800 crianças diariamente. Este trabalho envolve grande responsabilidade, pois a segurança de crianças e adolescentes está nas mãos desses motoristas.
A principal demanda dos motoristas associados é conseguir combustível, pneus e peças para os ônibus a preços mais acessíveis. A diretoria da Atambel busca parcerias para reduzir os custos de operação e fortalecer a associação. Compras coletivas de itens como lubrificantes permitem negociar melhores preços.
Flávio explica que o objetivo é criar um fundo forte para a entidade, possibilitando, por exemplo, uma compra grande de pneus que os associados poderiam adquirir de forma facilitada. “Por exemplo, o combustível. Quando você orça mil litros, isso muda o preço. Também buscamos melhorias para os associados junto à administração pública, como melhorias nas estradas,” comenta o tesoureiro.
Recentemente, a Atambel se reuniu com o prefeito Cleber Fontana para solicitar um novo valor de repasse para os motoristas. Cleomar mencionou que, devido ao aumento do combustível, foi necessário pedir um reajuste dos valores, conforme previsto em contrato, com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

“Sabemos que há muita estrada para a prefeitura e pouco maquinário disponível. Mas, estamos sempre em cima, e mesmo com meses chuvosos que atrasam o trabalho, em pontos críticos, a prefeitura sempre resolve. Estamos sempre em contato, pois os alunos precisam chegar à escola, “detalha Neguinho sobre as dificuldades nas estradas rurais.
O presidente da Atambel ainda destaca que o conserto dos veículos é um fator que encarece o serviço, aumentando os custos para os motoristas. A associação também mantém contato constante com os associados, orientando-os a evitar atrasos nas linhas e, quando inevitável, a informar os pais e as escolas.
Os motoristas preocupam-se em entregar os alunos em segurança de volta para os pais. “Levamos as crianças desde o primeiro ano escolar, então é um trabalho de grande responsabilidade,” diz Flávio, complementado por Neguinho: “Acabamos sendo como um pai, pois precisamos conversar e confortar as crianças que choram. É um trabalho prazeroso. As crianças menores se apegam a nós e correm para nos abraçar quando nos encontram na rua”.
Ambos lembram que, na Expobel, as crianças frequentemente corriam para cumprimentá-los. Como o principal ativo do setor são vidas, a associação exige muito da conduta dos motoristas, garantindo que a frota esteja sempre em dia e passando por duas vistorias anuais pelo Detran.
Neguinho, que faz a mesma linha há mais de 20 anos, comenta: “Criamos um laço e uma amizade com os pais. Não me vejo fazendo outra coisa, pois é muito gratificante. As mães confiam no nosso trabalho, sabendo que cuidamos das crianças desde que está escuro até certificarmos que elas entram na escola. Decoramos todos os alunos, pois temos que levá-los de volta,” relatando sobre seu dia a dia como motorista.