Investimentos sociais e projetos comunitários são apontados como soluções para combater a criminalidade e impulsionar a transformação do bairro.

Por Niomar Pereira – O Bairro Padre Ulrico, localizado em Francisco Beltrão, tem enfrentado um aumento alarmante nos casos de homicídio doloso (com intenção de matar) e tentativa de homicídio nos últimos anos. Os dados levantados pela reportagem, através do Centro de Análise, Planejamento e Estatística (Cape/Sesp) e da Polícia Militar, revelam um cenário preocupante de violência.
No período de 2016 a 2023, ocorreram 24 assassinatos no Bairro Padre Ulrico. Esses números aumentaram ao longo dos anos. Infelizmente, mesmo no curto período de janeiro a abril de 2023, já foram registrados três casos de homicídio doloso. Um deles em frente a uma escola municipal, tendo como vítima um pai que foi buscar sua filha. 2016, 2020 e 2022 foram os anos mais violentos no bairro, com quatro assassinatos em cada um deles.
Se considerar todo o território de Francisco Beltrão, de 2016 a 2022 ocorreram 80 crimes fatais contra a vida, portanto, os casos do bairro responderam por 30% das ocorrências no período analisado. O segundo lugar onde ocorreram mais mortes do tipo é o interior (somando todas as comunidades) com 11 episódios (13,75%), em seguida os bairros Pinheirinho e São Miguel com sete casos (8,75%).

Além disso, no Padre Ulrico aconteceram sete tentativas de homicídio doloso no mesmo período. Espalhadas por diversas localidades do bairro, como Rua Otacílio Brito, Avenida Tucano, Rua Natalino Faust, Rua Avestruz, Rua Siriri, Rua das Pombas e Travessa Tiziu. No caso dos homicídios, só na Rua Beija Flor, por exemplo, foram cinco mortes; na Rua Marília, outras três; e na Otacílio Brito, mais duas. Portanto, se somar as mortes consumadas e tentadas, são mais de 30 ocorrências, evidenciando um aumento da violência.
As autoridades locais estão empenhadas em garantir a segurança da comunidade, intensificando o policiamento ostensivo, conduzindo o pensamento mais aprofundado e promovendo parcerias com a população.
O capitão Anderson Frossard, comandante da Polícia Militar em Francisco Beltrão, expressou sua preocupação com a crescente incidência de homicídios no Bairro Padre Ulrico. Ele ressalta que o bairro é certamente o mais bem patrulhado pela corporação na cidade, com as equipes policiais chegando ao local de qualquer ocorrência em questão de minutos, bem como a permanência intensiva de viaturas no local.

Segundo o capitão Anderson, os casos de homicídios estão diretamente ligados à explosão populacional que ocorreu naquela comunidade nos últimos anos. A adição de 4 mil a 5 mil novos moradores com o loteamento Terra Nossa (antiga área de invasão) contribuiu para se chegar a uma população estimada de 15 mil a 20 mil habitantes no bairro. Ao analisar as estatísticas de homicídios, o capitão ressalta, portanto, que também é preciso considerar o aumento populacional.
Ademais, no entendimento do oficial da PM, o bairro enfrenta problemas sociais que precisam ser considerados. O crescimento desordenado resultou em muitas áreas invadidas e uma grande vulnerabilidade social. Ele relata que ainda há suspeita de comércio ilegal de terrenos invadidos no local, o que agrava a situação.
A maioria dos homicídios, de acordo com o capitão Frossard, está relacionada a bebedeiras, brigas e acertos de contas do tráfico de drogas. Ele ressalta a importância de uma política social efetiva para alcançar essas pessoas, afirmando: “Se a política social não chegar até elas, a criminalidade chega, e então ela adota a família inteira.” A Polícia Militar adota o policiamento comunitário para dialogar e estar mais próxima da população, o que tem trazido bons resultados.
A Polícia Militar está trabalhando para combater esses crimes e garantir a segurança da comunidade. No entanto, é necessário um esforço conjunto da sociedade e das autoridades para abordar os problemas sociais subjacentes e criar um ambiente seguro e pacífico para todos os moradores do bairro Padre Ulrico.