Baleeiro comenta “Diários de Motocicleta” de Che Guevara (e duvida de travessia a nado…)
A verdadeira pregação que o estudioso Jorge Baleeiro de Lacerda (autor de “Os Dez Brasis”, sucesso nacional que o levou ao “Programa do Jô” cinco vezes 98, 99, 2000, 2001 e 2003) tem um de seus pontos altos na insistência com que fala da necessidade de o jovem estudar sobre o Brasil, procurar viajar pelos “Brasis”, como ele diz. Não apenas fisicamente, mas através dos livros, do cinema, da televisão. Tudo que ajude a ampliar a Brasilidade merece a atenção de Baleeiro que vê no recente filme de Walter Moreira Salles Jr. “Diários de Motocicleta” sobre o Che Guevara uma lição para os jovens. Cheguevara deixou a comodidade de sua casa para conhecer a América Latina, grande parte de motocicleta. “Que o jovem brasileiro faça isso em relação ao Brasil.” (Baleeiro).
Disse Baleeiro ao Jornal de Beltrão que, em julho de 1979, quando navegava de Tefé para Fonte Boa, no barco “Triângulo”, do então senador Evandro Carreira (PMDB-AM), em que viajou 45 dias, encontrou dois argentinos, mecânicos, descendo rio Solimões numa “jangada” (balsa). Já estavam há dias. O Senador Carreira e eu descemos. Navegamos uma hora de baixa (descendo o rio). Conversamos com eles. Não tinham quase cultura, pouco ou nada sabiam sobre o Brasil. O que valia era o espírito de aventura. Não me recordo bem, mas eram do interior da Argentina, não de Buenos Aires. Na balsa havia um pano com a inscrição “Argentina Los Náufragos”, que aparece bem na foto que Paulo Lucena, figura conhecida no Alto Solimões, bateu. Lembrei muito dessa grande aventura ao assistir o filme baeado nos “Diários” do jovem estudante de Medicina, que em 1952 resolveu andar pela Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Venezuela. Guevara e seu colega Alberto Granado desceram de Iquitos, Peru, até, pelo que deduzi do filme, à região de Loreto, na Colômbia, onde esse país faz uma cunha de uns 200 km de extensão por 100 de largura, que fica encravada entre o Brasil e o Peru. Não diz o filme nem os livros sobre Guevara quantas milhas náuticas Che Guevara e Granado teriam feito na balsa “Mambo-Tango”. Também não ficou claro que rio Che Guevara atravessou a nado. O rio Amazonas, por certo não foi. É preciso ser extraordinário nadador para enfrentar o rio Amazonas! Creio que ele tenha atravessado um pequeno afluente. Ainda mais à noite… Jamais o Rio Amazonas.”
Gastando um pouco seu espanhol, Baleeiro disse: “Me gustaria muchisimo saber en que sítio viven, ahora, aquellos aventureros argentinos que yo y el senador Carreira conocemos em el rio Solimões (Amazonas) em julio de 79. Ojalá alguno periódico porteño reproduzca esta notícia, allá, creo que después del viaje tengan leeído sobre el Brasil”, concluiu Baleeiro.