Ela era a moradora mais antiga da cidade.

Aos 92 anos, faleceu Elsa Comunello, a moradora mais antiga de Francisco Beltrão (desde 1946).
O prefeito Cleber Fontana decretou luto oficial no município.
Foto: Ivo Pegoraro/JdeB
Ao participar do velório de Elsa Comunello, domingo à noite, na Capela Cristo Ressuscitado, o prefeito Cleber Fontana (PSDB) decidiu decretar luto oficial em Francisco Beltrão, afinal, quem falecera naquele dia era a moradora mais antiga da cidade, entre as pessoas ainda vivas. E é a recordista, até hoje, a viver tanto tempo no perímetro urbano do município.
Junto com o marido, Francisco Comunello (17-8-1914 a 24-6-1985), e dois de seus sete filhos, Elsa se estabeleceu num rancho próximo ao local onde hoje está o Estádio Anilado, em 15 de agosto de 1946, quase 72 anos atrás.
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“Dona Elsa sempre será um símbolo da nossa colonização e a nossa população está enlutada pelo seu falecimento. A sua história é um exemplo a ser seguido por todos nós”, disse o prefeito Cleber, ao lamentar a perda da pioneira.
Elsa de Nardi Comunello teve morte natural. Dia 3 de janeiro deste ano, ao receber amigos em sua casa, na Água Branca, para comemorar os 92 anos, ela estava lúcida, mas já com dificuldade para reconhecer as pessoas. Nas últimas semanas, foi hospitalizada, os médicos fizeram todos os exames necessários e concluíram que não havia o que fazer. Acabou sendo levada para casa, onde contou, nos últimos dias, com a assistência dos filhos, vizinhos e amigos.
Nestes 72 anos de Francisco Beltrão, ela e sua família fizeram muitos amigos. Pôde-se ver isso no velório, capela lotada, e no sepultamento, ontem de manhã, no Cemitério Municipal, após missa celebrada pelo padre Valdecir Bressani.
Cada um tinha uma história para contar sobre a pioneira. Começando pelo padre Bressani, que revelou no momento que fazia a encomendação de sua alma: “No tempo de seminarista, dona Elsa me acolheu em sua casa; eu tinha outro compromisso pra hoje de manhã, por isso pedi aos filhos pra antecipar a celebração, porque fiz questão de estar aqui na sua despedida”. Dona Elsa foi ministra da Eucaristia da Concatedral Nossa Senhora da Glória por muitos anos.
Outros, como Antonio Da Caz, lembravam histórias de tempos idos. “Quando eu tinha nove meses, a dona Elsa foi visitar minha mãe, Zélide, e viu que eu estava com uma bola aqui no pescoço, aí ela falou pra mãe que tinha um médico novo na cidade, era o dr. Walter Pécoits, a mãe me levou lá, ele cortou, está aqui a cicatriz, e eu fique bom, fui o primeiro paciente do doutor Walter, por indicação da dona Elsa.”
João Carlos Penso lembrou da época de Colégio La Salle em que ele estudou com Adir Antônio, filho mais velho de dona Elsa. “O Adir era candidato a presidente do grêmio estudantil e a gente dizia ‘nem foice e nem martelo, queremos o Comunello’.” Adir faleceu há quatro anos (27-1-45 a 7-4-14), em Guaíra (PR), onde residia. Quem esteve presente é a viúva, Terezinha Dalla Vechia.
Dos oito filhos de Francisco e Elsa Comunello, quatro estavam no sepultamento: Renir Alexandre (o Chico), Jair Pedro e Nedir Ana, que residem em Francisco Beltrão, e Nilva Maria, que reside em Curitiba. A filha Lecir Lúcia reside na Áustria e não chegaria a tempo. Outra filha, Ledi Terezinha, faleceu ainda criança, foi uma das primeiras a serem sepultadas na Vila Marrecas, mesmo local onde hoje está o jazigo da família Comunello. O filho Olir faleceu ainda no Rio Grande do Sul.
Na edição do próximo sábado, o Jornal de Beltrão vai reproduzir entrevistas com a pioneira Elsa Comunello.

Elsa de Nardi Comunello (3-1-1916 a 3-6-2018) tinha em sua casa uma coleção de fotos da cidade de Francisco Beltrão e dos tempos da Vila Marrecas.
Foto de IvoPegoraro/2012